Filhas buscam pistas do paradeiro de morador do Bairro Aparecida. Homem deixou casa aberta com som ligado e pertences
CARATINGA- A casa ficou aberta e a música tocou sem parar por mais de 24 horas. No interior da residência, os pertences, mas, nenhuma pista sobre o paradeiro de João Batista Ribeiro, 62 anos, conhecido como “Tiririca Pintor”, morador da Rua José Carlos Pereira, Bairro Nossa Senhora Aparecida.
João Batista foi visto pela última vez na noite do dia 17 de novembro. Conforme vizinhos, ele estava dançando na varanda de sua casa. Esta foi a última aparição noticiada à família. Ele desapareceu.
A reportagem conversou com as filhas Josimar Ribeiro e Rosária Souza. Elas relataram a angústia diante da falta de informações sobre ele, que conforme laudo apresentado por elas, tem esquizofrenia paranoide, doença em que predominam os delírios.
Josimar reside no Espírito Santo e viajou para Caratinga em virtude do desaparecimento. Ela disse que na sexta-feira (19) recebeu a ligação de uma amiga, que deu por falta de João Batista e observou algo suspeito. “Ela perguntou se poderia arrombar o portão, porque já tinha uma música rodando aqui há mais de 24 horas e ninguém estava vendo meu pai. Eles estavam preocupados que tivesse acontecido alguma coisa com ele. Ao arrombarem o portão, a casa estava aberta e ele não estava dentro da residência”.
Foi Rosária quem entrou na residência, logo após o arrombamento e descreve o cenário. “Quando cheguei os pertences dele estavam todos aqui. Quero frisar, meu pai é fumante, cigarro caro, estava ali em cima, isqueiro, bebidas, comidas. As roupas dele todinhas estavam no varal. O chinelo, o sapato. A televisão dele estava ligada, não encontramos o controle. Não temos certeza se tinha mais alguém aqui com ele, mas, não descartamos a hipótese. Meu pai mora sozinho em casa, não tem menos de mês que ele comprou um gás, gás dele dá para quatro meses. Tem nota ali, o gás do meu pai está cheio. Ele foi roubado também, roubaram o gás dele novamente, que não é a primeira vez”.
Mas, um fato que chamou atenção das filhas foi uma marca de pé na parede da residência. Para elas, um indicativo de que outra pessoa poderia ter passado pelo imóvel. “Inclusive essa marca de pé, uma vez que ele fez duas cirurgias, de próstata, temos os documentos e de bexiga, ele não tem condição de levantar o pé dessa altura. Se fosse um caso de fúria ou surto não seria só uma marca, seria várias e é uma só”, afirma Rosária.
Em relação ao quadro de esquizofrenia de João Batista, atestado em laudo apresentado à reportagem de 29 de junho de 2019, em consulta no CAPS II, Rosária enfatiza que enfrentava dificuldades para o tratamento do pai. “Acompanhamento não tinha devido a uso de drogas, não tem como esconder isso. Mas, fui atrás do Ridley (psicólogo do CAPS), que disse que ele não é do CAPS AD, mas, daquele lá perto do Colégio Caratinga. Tive lá, conversei e é joga pra lá e pra cá. Nada resolveu. Não vieram e não deram assistência, falaram comigo que eu teria que levar meu pai lá e como eu ia fazer isso? Eu tinha que chamar bombeiro, polícia e meu pai estava recém-operado. Ele tem esquizofrenia e tem laudo”.
No caso cercado de mistérios, as irmãs vão procurando pistas que possam traçar o possível trajeto realizado ou que contribuam com as buscas. Segundo Josimar, João Batista retirou dinheiro de sua conta bancária antes de desaparecer. “O gerente falou que ele sacou uma quantia de aproximadamente R$ 2.000, mas, ele não deu certeza de nada, até porque nós sabemos que existe o sigilo das contas bancárias. Nós vamos ao banco de novo, dependendo para um advogado e o juiz”.
Sem respostas, elas seguem fazendo um apelo para moradores de Caratinga e região que possam contribuir com informações. A única certeza que elas têm é que o pai desapareceu, mas, as circunstâncias ainda deixam a família intrigada. “Ninguém sabe onde ele está, procuramos o Caratinga todo, perguntamos para várias pessoas. Interessantes que todos que viam ele, viam sempre com esse chapeuzinho. E o chapéu está aqui. Inclusive na quarta-feira ele foi visto no centro de Caratinga com esse chapéu. Temos a câmera de segurança aqui em frente e a vizinha o viu na quarta-feira à noite. Foi visto dançando aqui na varanda. Ele sumiu foi nessa madrugada. Não tivemos mais notícias. E todos falam que toda vez que ele saía ele trancava a casa toda, porque ele tinha muito medo, pessoas que são esquizofrênicas sempre pensam que tem alguém perseguindo. E estranhamos a casa aberta, uma vez que ele não deixa”, finaliza Josimar.
Informações que possam levar ao paradeiro de João Batista podem fazer contato pelos números (27) 99693-3201 (Josimar) ou (33) 9 9917-3962 (Rosária).