CARATINGA – Odiel de Souza tem 54 anos. É casado com Rosilene Aparecida Moreira Condé de Souza e tem uma filha de 27 anos. Está na política desde 1982; integrante do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), já trabalhou com vários prefeitos e possui grande experiência na vida pública.
Depois de apoiar o prefeito Marco Antônio Ferraz Junqueira e ser o vice e secretário de Agricultura, por pouco mais de um ano, se afastou para assumir o cargo de subsecretário de Agronegócios do estado de Minas Gerais. Agora Odiel anuncia que deixará o cargo de subsecretário e declara oficialmente ser pré-candidato a prefeito de Caratinga.
O senhor começou na política em que ano? Qual foi seu primeiro cargo?
Comecei em 1982, quando primeira vez que fui candidato a vereador. Tive mais de 900 votos, mas não fui eleito. Trabalhei com Fabinho (prefeito de Caratinga entre 1983 e 1988) e atuei em vários cargos, almoxarifado, compras, promoções, mexia com carnaval, fazia festas e fogueiras de São João.
Fale um pouco de sua trajetória política.
Quando veio a convenção, em 1988, Fabinho apoiou o senhor Dário Grossi, que perdeu a convenção para o Ferreirinha. Eu o apoiei porque ele era do PMDB. Fiquei fora da política. Nas eleições, realizadas em novembro de 1988, doutor Eduardo ganhou do Ferreirinha para prefeito. Em 1992 veio senhor Dário, o apoiei, fui vereador por quase dois anos. Ele me tirou da Câmara para ser secretário de Agricultura; fundei esta pasta, fiz vários trabalhos bons e programas como o do pintinho, calcário, aração, semente, milho e outros. Quando estava na secretaria de Agricultura, Salatiel tirou férias, assumi a de Obras por 30 dias, fiz várias coisas como muro do Santa Cruz e outras obras. Depois veio a época do Zé de Assis (1997 a 2000). Fui presidente da Câmara, fiz aquele prédio e me afastei da política, não fui candidato, coloquei meu irmão, o Salati, (Salatiel Antônio de Souza). Ele ganhou e fiquei na coordenação da campanha do Ernani e por motivos mais fortes tive que sair do PMDB. Formei o PTB, que apoiou Ernani e ganhamos a eleição. Por dois anos fui chefe de gabinete do Ernani. O gabinete estava apenas no esqueleto e com 60 dias concluí aquela obra, depois o Centro de Estudantes, que era uma vergonha. Fiz a obra onde hoje funciona a biblioteca. Depois me afastei por 14 anos da política e agora voltei como vice-prefeito. Fiquei um ano e pouco na secretaria de Agricultura, afastei-me para trabalhar na campanha da presidente Dilma, do governador Pimentel, do Mauro e do Adalclever.
Há quanto tempo está no PMDB?
Na verdade fui um dos fundadores do PMDB em Caratinga. Era do PP, que fez a fusão e em 1982 fizemos a grande virada com a vitória do Fabinho.
O senhor já apoiou vários prefeitos e depois desistiu. Eles te decepcionaram?
Na verdade a política é o seguinte, às vezes a gente está junto com o grupo, antes de ganhar é uma coisa, mas depois que ganha é totalmente diferente. E meu estilo é realizar e fazer e às vezes sou muito afoito e então resolvo me afastar para não criar problemas. Graças a Deus não tenho problemas nenhum com políticos, me dou bem com todos os lados. Mas também sei recuar na hora certa. Em política a gente briga apenas nas ideias e é dessa forma que sempre levo.
O senhor é pré-candidato a prefeito pelo PMDB. Não existe resistência no partido?
A gente está fazendo um trabalho de base no partido. Conversei com os dois deputados (Mauro e Adalclever), disse que faria esse trabalho, vou sair da secretaria do estado agora em outubro, venho para Caratinga. Em primeiro lugar me reuni com o prefeito, porque o PMDB tem um compromisso com ele até o final deste mandato e disse que estou colocando meu nome à disposição do partido, como ele é uma pessoa que entende das coisas, é político também, compreendeu o meu lado e disse que estou certo. Agora vou me reunir com a executiva do PMDB e com o diretório. Depois estarei me reunindo com as comunidades, meu objetivo é fazer um trabalho do partido, um programa de governo do PMDB. A gente não pode apenas fazer política por 45 dias, a gente faz o ano todo, o tempo todo e o partido tem que ter mais firmeza. Tem que ter um programa do PMDB, onde a comunidade seja ouvida, saber dos anseios do povo. Hoje no PMDB temos um diretório que representa o partido, temos vários empresários, um líder comunitário, líderes religiosos e políticos. Realmente representamos todas as classes. Sempre venho conversando com os empresários, Caratinga está precisando de um Conselho de Desenvolvimento e queremos criar esse conselho para ver para onde Caratinga vai partir para se desenvolver. Prendemos fazer outros conselhos comunitários, cada distrito, bairro, comunidade, indicaria duas pessoas para ter um compromisso com esse com conselho que ainda não decidimos o nome. E a cada 90 dias se reunir com esse conselho. Os representantes vêm para Caratinga se reunir, queremos passar o projeto na Câmara, daremos ajuda de custo com alimentação, passagem e a prefeitura custear as despesas e aí nesse dia todos ficarão sabendo a situação da cidade, ouvir as reivindicações das comunidades. Queremos fazer uma coisa legal e acredito que para errar menos temos que ouvir o povo e dessa forma que queremos trabalhar para o PMDB.
O PMDB atualmente apoia o Marco Antônio. E se ele for candidato, como fica o partido?
O PMDB tem compromisso com ele até o final do mandato. E na verdade ele também é um possível candidato e o PMDB vai lançar seu candidato. Na política tudo pode acontecer. Se o Marco Antônio fizer um bom trabalho e o povo o quiser, o PMDB não irá contra. Mas estamos preparados para lançar a candidatura e quem sabe receber até o apoio do prefeito.
Hoje os municípios estão passando por momentos difíceis. O senhor acredita que seja má gestão ou são os recursos que caíram muito?
Todas as prefeituras estão passando por um péssimo momento e é preciso trabalhar com mais cabeça, ser mais firme e aí que vem a habilidade. Os recursos também caíram, é um problema. Mas trabalhar com a comunidade fica muito mais fácil; se eu precisar tomar uma atitude, terei um respaldo legal da comunidade. O que precisa mesmo é o político ouvir mais. Então você pode até errar, mas todos ficam sabendo que você errou com vontade de acertar.
Na sua atual função de subsecretário de Agronegócios, o que almeja para Caratinga?
Muita coisa. Posso até dizer o seguinte: fui bem sucedido em todos os cargos que passei. Sou um cara abençoado e realizado, sempre fiz algo de importante. Na época da Câmara fiz a Acalem (Associação Câmaras Vereadores), consegui o trecho da estrada de Piedade até São João, construí o prédio da Câmara e assim vai. Hoje estou na secretaria de Agronegócios e pretendo trazer para a cidade a Epamig (Empresa de Pesquisa agropecuária de Minas Gerais) e também a regional do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) para que nossa cidade volte a ser polo. E dentro do meu setor, estou tentando fazer Caratinga se desenvolver, pois temos perdido muito e temos que unir as forças dos políticos para recuperar. A cidade vota muito em pessoas de fora que depois não voltam e ficamos sofrendo. Temos que unir em prol da região. O que é bom para as cidades vizinhas, é também para Caratinga. Há anos Caratinga não ganha nada, temos que pensar o que está acontecendo e unir as forças em prol da nossa região.
Estamos vivendo tempos complicados em Caratinga. O senhor consegue ver alguma solução?
Se a gente falar que não vê a solução é complicado, temos que ter esperança. Caratinga tem que trabalhar com pulso firme, ter austeridade e o prefeito tem prometido isso, mas se deixar a corda bamba, tudo piora. Esperamos que melhore.
Qual sua análise da corrupção e a crise que assola o Brasil?
Triste. A gente nem aguenta mais ligar a televisão. Infelizmente está acontecendo isso. Hoje estamos passando por esta crise violenta, os municípios apertados. Porém há um lado positivo, os municípios estão aprendendo a trabalhar, assim e quando folgar será bem melhor e diferente, pois as máquinas estarão enxutas. Então os administradores que entrarem terão condições de fazer coisas melhores.
Na sua visão, quem foi o melhor prefeito nos últimos 25 anos?
Fabinho. Trabalhei com vários, senhor Dário foi muito bom, Ernani também. Mas falo do Fabinho porque foi muito dinâmico, não tinha telefone nos distritos, calçamento, postos de saúde, Ipaba era uma favela e ele preparou para ser cidade, assim como demais distritos que foram emancipados. Além disso, uma obra grande que ele deixou é a Funcime (Fundação Cidade dos Meninos), além de escolas, calçamentos e outras. Falam que ele gostava de pintar muito, passava um cal e inaugurava, mas das mais de 200 obras que fez, tinha muita coisa boa.
Nessa sua pré-candidatura, o senhor tem apoio dos deputados Adalclever e Mauro Lopes?
O apoio deles dependerá da dinâmica do meu trabalho. Farei minha pré-campanha, se eu não decolar, não me apoiarão. Tenho que fazer com que o povo me aceite, abrace minha ideia e assim não vejo porque o PMDB não me lançar como candidato. PMDB quer lançar candidato em todos os municípios e acreditamos que Caratinga não ficará sem lançar candidatos, o que não quer dizer que dentro do partido não surja outro nome, mas que faça o trabalho que farei de ouvir a comunidade, fazer reuniões e pretendo a partir de novembro visitar todos os distritos e bairros fazendo reuniões.
O senhor tem alguma mágoa na política ou na política não existe sentimento?
Gosto muito de política, mas a fase melhor da minha vida com minha família e financeiramente, foi quando me afastei, cuidei da minha empresa, fiquei 14 anos fora. Mas gosto da política e não tenho mágoa. Temos que fazer a política e falar bem. O que atrapalha é a forma que a imprensa ou até mesmo judiciário interpreta a política, a população vê o político como ladrão, mas existem pessoas boas na política. Tinha o projeto Câmara Estudantil e não continuaram meu trabalho porque meu nome sempre apareceria e isso não pode acontecer. As crianças perguntavam se político era ladrão e eu explicava que é como se fosse uma igreja ou uma comunidade, tem pessoas boas, mas ruins também. Isso é em qualquer lugar. Temos que escolher os melhores. Antes de votar, pesquisar melhor para não errar tanto. Ver o passado da pessoa e o que realmente ela é capaz de fazer.