Ildecir A.Lessa
Advogado
O artigo de domingo passado, abordou o tema, que vivemos a Era do Desassossego, devido as turbulências dos acontecimentos de todos os dias, mormente no mundo político. Os políticos brasileiros encaram a política para benefícios pessoais, sem querer servir a nação. O que se vê é um verdadeiro saque aos recursos públicos. Os casos de corrupção parecem que não chega ao fim. As delações premiadas são em série e trazem revelações escabrosas, com um número sem igual de políticos envolvidos. Faz política, com financiamentos privados ilegais.
O modus operandi da política brasileira veio a lume, atravessando um momento crítico. O envolvimento do presidente Michel Temer, julgado pelo TSE e já sujeito a processo criminal é gritante. O problema é que, os políticos continuam fazendo a mesma coisa, mesmo investigados. É um verdadeiro instinto de fazer política. Um comportamento arraigado, difícil de mudar. Morreu a consciência cívica no Brasil. É bem verdade que, a corrupção não é particularidade do Brasil, mas é sistemática e escandalosa no país.
O Brasil é um país grande, rico, com muitos recursos naturais e que por muito tempo foi alvo de exploração fácil. Criou-se um estado comportamental oriundo de raiz histórica. Os maus servidores da nação comprometeram o crescimento econômico do Brasil e o desenvolvimento futuro. Dificultaram com a roubalheira, o crescimento econômico do Brasil nos últimos 30 ou 40 anos. Houve mesmo foi uma verdadeira pilhagem sistemática do dinheiro público. Esse estado de pilhagem dá repulsa, revolta. Isso dá vertigem. Os políticos brasileiros não conhecem a história do Brasil. Esse quadro dantesco no país hoje resvala em clima de golpe de Estado. Longe do tempo de golpes militares, há pouquíssimas chances de que isso ocorra. Mas há todos os elementos para que um militar queira virar a situação. O vácuo político agasalha o deputado Jair Bolsonaro como outsider que pode se beneficiar com o vazio de líderes causado por crise política. Isso tudo devido a eliminação de uma classe política, como ocorre atualmente com os escândalos de corrupção, resulte em um outsider que queira colocar ordem e seja autoritário. Uma personalidade forte, que não hesitará em agir com dureza. É um cenário catastrófico para o Brasil que não pode ser descartado. Os brasileiros estão muito descontentes. É uma situação inédita que torna possível o surgimento de um outsider linha-dura ou de pessoas que nunca tenham atuado na política.
O deputado Bolsonaro é preocupante e já se beneficia de certo apoio, segundo pesquisas. Vai sair dessa crise política um grande partido abertamente de direita, que defenderá as classes mais altas. Elas hoje não sentem representadas. Não houve, após a volta da democracia no Brasil, com um grande número de pequenos partidos atualmente, um grande partido de direita clássica, dura. Há um vazio sendo preenchido. É impressionante no caso de Temer é que ele um presidente impopular e, ao mesmo tempo, lança reformas radicais. É paradoxal. Os brasileiros estão descontentes e querem que Temer renuncie. A confusão é geral e, até mesmo, a questão de Eleições indiretas representa nessa altura, um problema de legitimidade. O ideal é a cassação de Temer, impedimento dos Presidentes do Senado e da Câmara de assumirem a presidência e, colocar Cármen Lúcia, como uma presidente de transição até as eleições de 2018. É séria, de personalidade moderada, com um discurso de austeridade e firmeza, dada a reconciliação e paciência, no sentido de respeitar o calendário eleitoral, poderá dar certo. Nessa transição, com a decepção gerada na opinião pública brasileira, deve-se preparar para enormes surpresas. É possível que o próximo presidente do Brasil possa até ser um artista. É possível que os candidatos que disputarão o segundo turno presidencial em 2018 não sejam hoje pessoas conhecidas, devido a este grande vácuo na política brasileira.