Marcos Alves Barbosa Neto
“Memento mori” é uma expressão em latim que, numa tradução livre seria: lembre-se de que você é mortal.
Diz a história que quando um general romano voltava pra cidade depois de vencer uma batalha em outro lugar ele sempre era recebido com uma suntuosa festa pública para homenageá-lo.
Por outro lado, narra a lenda que enquanto o feito do general era celebrado com entusiasmo pelo povo, sempre tinha um subordinado junto com o general em sua carruagem sussurrando a seguinte mensagem em seus ouvidos: “Respice post te. Hominem te esse memento. Memento mori”, o que também numa livre tradução seria: Olhe a seu redor. Não se esqueça de que você é apenas um homem. Lembre-se que um dia você vai morrer.
Esse conceito, por mais estranho ou até mesmo sinistro, é a realidade da qual ninguém nunca fugirá, sendo a única certeza que o homem possui, razão pela qual algumas religiões, como o budismo, e também doutrinas filosóficas, adotam tal conceito como base de seus ensinamentos.
Em seu livro “Da Brevidade da Vida”, Sêneca abordou quatro aspectos muito interessantes acerca da natureza humana.
O PRIMEIRO: O ser humano está sempre queixando que o tempo passa rápido.
Com efeito, sempre falamos ou vemos alguém dizer “que o tempo voa”, “que faltam horas aos nossos dias”, “que o final do ano já chegou”, “que antigamente a vida era menos corrida e o tempo passava de forma mais lenta”.
Na verdade o tempo sempre passou da mesma forma, nem rápido demais e nem muito lento, tendo em vista que o tempo jamais se alterou, estando dentro do seu tempo desde sempre.
O que está alterando na humanidade é a percepção da velocidade do tempo, pois devido à correria do dia a dia, sempre achamos que não temos tempo para nada, sempre sobrando pouco tempo para viver a vida, ou seja, sempre temos pouco tempo para nós, nossos familiares e nossos amigos.
O SEGUNDO: Querer viver apenas quando a probabilidade de morrer já é maior.
Segundo vários estudos realizados, com o aumento da perspectiva de vida, o ser humano percebe que o tempo já passou, afirmando que passou muito rápido, e aí ele quer voltar no tempo, recuperar o que perdeu ou o que deixou de aproveitar, realizar o que sempre quis, chegando à conclusão de que muito tempo perdeu com futilidades e que a vida poderia ter sido mais bem aproveitada.
O TERCEIRO: Ganhar tempo é dedicar-se às coisas boas e construtivas da vida.
Diz o filósofo que o tempo pode ser seu melhor amigo se você souber aproveitá-lo para si, pois quando você dedica seu tempo a atividades construtivas você jamais perdeu seu tempo.
O segredo é ter o discernimento acerca do que é construtivo e do que é perda de tempo, devendo cada um emitir o seu juízo de valor e investir mais nas atividades que irão ajudá-lo a evoluir e aproveitar a vida, alcançando suas metas, pois não existe receita pronta, tendo em vista que o que pode aparentar ser uma perda de tempo para um, pode não ser para outro.
O QUARTO: Não importa se o tempo livre é pouco ou muito, o que importa é saber utilizá-lo.
Diante de tal afirmação, entendo que o segredo é selecionar o tempo, adequando-o às nossas necessidades, pois quem souber equacionar tempo e necessidade certamente ganhará não só o tempo, mas também qualidade de vida, não importando se é jovem ou ancião, cabendo aqui lembrar de que a moderação tem espaço em tudo em nossas vidas, seja na alimentação, nas atividades físicas e também no nosso comportamento diante do tempo, ou da falta dele.
Na obra “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, existem valiosos ensinamentos para quem quer aproveitar melhor o seu tempo e a vida, dentre os quais destaco:
1 – “A vitória está reservada àqueles que estão dispostos a pagar o preço”, então se esforce e utilize melhor o seu tempo na busca de seus objetivos;
2 – “A informação é crucial. Nunca vá para a batalha sem saber o que pode estar contra você”, tenha em mente, portanto, que conhecimento nunca é demais, utilize seu tempo, pois, para estudar;
3 – “As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas”, portanto saia da zona de conforto e aproveite melhor seu tempo correndo atrás das oportunidades que a vida lhe oferecer e não as deixe escapar, pois uma oportunidade perdida pode não mais retornar;
4 – “A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de genialidade”, portanto evolua e adapte-se a todo tipo de situação, por mais desfavorável que seja, sempre usando o tempo a seu favor;
5 – “No meio do caos há sempre uma oportunidade”, portanto quando um problema aparecer e tudo parecer acabado, acalme-se, respire fundo e analise a situação friamente, pois assim você utilizará melhor seu tempo e certamente sairá mais forte do que antes do caos.
E que possamos, dia após dia, saber equacionar o nosso tempo, lembrando sempre que “enquanto não estivermos dispostos a entender o caminho, a chegada não vale nada”.
Memento mori!
(*) MARCOS ALVES BARBOSA NETO é Advogado, membro ativo da Loja Maçônica Obreiros de Caratinga e Vice Presidente da Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas – AMLM