Ildecir A.Lessa
Advogado
Na história repensada, o registro das primeiras cidades, surgiram em função da Revolução Agrícola, que ocorreu, por volta de 3.000 a.C., no Crescente Fértil, região compreendida entre a Mesopotâmia e o Egito. Nesse período, as sociedades da área, adquiriram condições de alimentar os agricultores, passaram a ter capacidade de abastecer os habitantes das cidades. Iniciaram assim, as atividades propriamente urbanas: comércio e artesanato. As elites dirigentes se fixaram nas cidades que se tornaram sedes do poder.
As cidades surgiram também na Mesopotâmia (região entre os rios Eufrates e Tigre), destacando-se Ur e Babilônia, verdadeiras metrópoles. Com o passar do tempo, outras cidades surgiram, sempre próximas aos rios, já que estes fertilizavam a terra, o que favoreciam o abastecimento das cidades. Na Europa, duas civilizações, a grega e a romana, tiveram nas cidades seus centros de poder. Na Grécia clássica, a mais sofisticada forma política foi a polis (cidade). Todo o esplendor cultural grego brilhou nas ruas de Atenas. Na Península Itálica, surgiu e evoluiu a mais importante cidade da Antiguidade: Roma. No século XV, quando Roma caiu em função das invasões germânicas, as cidades sofreram um grande abalo, pois a Europa se “ruralizou”, ao longo do período feudal. Por essa razão, as cidades perderam sua importância, limitavam-se a ser sedes de bispados e reinados, num período no qual os reis praticamente não tinham poder político.
Durante o período medieval, não surgiram novas cidades e as antigas se esvaziaram. As cidades medievais foram, na prática, simplesmente fortificações para proteger igrejas, uma pequena população e alguns castelos. Elas não tinham qualquer função urbana. Além disso, eram sujas, fétidas. O capitalismo mercantil, período da acumulação primitiva de capital, o comerciante se tornou o grande “herói” da história europeia. E o comerciante morava na cidade. À medida que o comércio foi se desenvolvendo, as cidades foram se espalhando por toda a Europa. O renascimento urbano, fruto do renascimento comercial, foram sinais de que estava nascendo um novo regime de produção: o capitalismo.
O desenvolvimento das cidades, que passou a ser o motor do progresso, acelerou o êxodo rural: todo mundo queria morar nas cidades para se libertar da dominação feudal. Pouco a pouco, as cidades ficaram superpovoadas. Dentro desse contexto universal, do surgimento das cidades, registra-se que, um homem chamado João Caetano do Nascimento, organizou uma expedição em busca da localidade, que veio a chamar Caratinga. Tomou posse das terras e dedicou-as ao padroeiro São João, oficializando sua instalação em 24 de junho de 1848. Emancipação em 1890, desmembrando-se de Manhuaçu. Chegou a Estrada de Ferro Leopoldina e da BR-116 (Rodovia Rio–Bahia) entre as décadas de 1930 e 40. A cultura do café foi impulsionada na década de 50, tornando o município um polo da cafeicultura. O cultivo do café, ao lado do comércio, configura-se como principal fonte de renda do município. A indústria apresentou ascensão a partir da década de 80.
Caratinga abriga importantes unidades de conservação ambiental, dentre as quais a RPPN Feliciano Miguel Abdala, que constitui um dos principais remanescentes de Mata Atlântica de Minas Gerais e abriga o muriqui-do-norte, conhecido por ser um dos maiores primatas das Américas. Também se destacam marcos como a Pedra Itaúna, fazendas centenárias, cachoeiras e lagoas na zona rural e o complexo paisagístico da Praça Cesário Alvim, que inclui a Catedral São João Batista, construída em 1930. Tradições culturais estão presentes. Na estrutura geográfica, Caratinga aparece como um município brasileiro no interior do Estado de Minas Gerais, região Sudeste do país. Vincula-se o município no Vale do Aço e se localiza a leste da capital do estado, com distância de 310 km. Ocupa uma área de 1 258,660 km², sendo que 9,2 km² estão em perímetro urbano, e sua população em 2017 era de 91 841 habitantes. Assim Caratinga surgiu no meio da história das cidades e, agora, completa 170 anos. Parabéns Caratinga.