Garoto de seis anos de idade deseja ter um quarto. Mas, sonho tem mais um obstáculo além do financeiro: família está prestes a ser despejada
Guylherme Henrique Araújo de Assis tem apenas seis anos. Pouca idade, mas muita atitude. O semblante de um garoto que sofreu na vida, mas o olhar que brilha a esperança de dias melhores. A história do pequenino morador do Córrego das Palmeiras, zona rural de Imbé de Minas, ganhou publicidade após um vídeo publicado na internet, em que ele pede “um quartinho”.
O vídeo já teve 21 mil visualizações nas redes sociais. No entanto, apesar da maioria de comentários positivos, algumas pessoas levantaram dúvidas em relação à veracidade da história. Na tarde de segunda-feira (18), o DIÁRIO DE CARATINGA esteve na casa da família e conversou com Guylherme e sua mãe, Lenice Araújo.
O percurso é dificultado por uma estrada, que não é asfaltada. No caminho, lá estava o garoto, com sua mãe e sua irmã. Eles nos levaram até a simples moradia, que ficava próximo dali. Quando viram a Reportagem, mãe e filho se olharam com otimismo.
Ainda no início da entrevista, Lenice se emocionou. Ela conta que, com pouco mais de um ano, Guylherme foi diagnosticado com leucemia linfocítica aguda. Hoje, ele já fez a retirada do cateter de longa permanência e tem retorno previsto ao Hospital da Baleia, onde faz acompanhamento, para junho deste ano. “Quando foi constatado o problema, eu morava em São Sebastião do Anta. Ele ficou internado, no isolamento, o normal era 10.000 leucócitos, ele chegou a 250.000. Mandaram ele para Belo Horizonte, para o Hospital da Baleia, onde ficou 35 dias, sendo 20 no CTI e 15 em coma. Ele continuou o tratamento, a gente teve que ir pra lá e ficar por muito tempo, pois não podia ficar longe. Se ele desse febre, tinha risco de hemorragia precisava ser tudo às pressas”.
O garoto passou por toda a fase difícil e dolorida do tratamento, como por exemplo, a perda dos cabelos. “Ele perdeu o cabelo. Várias vezes (lágrimas). Caía, quando começava a crescer, tomava remédio, caía de novo. Mas, graças a Deus agora ele está bem, continua ainda indo lá, mas está bem. Fez uma cirurgia no pé, agora a gente também vai ter que tirar um dente dele, porque apodreceu devido aos medicamentos”.
Segundo Lenice, o vídeo foi postado no dia do aniversário de Guylherme e já ganhou uma repercussão que surpreendeu a família. Ela se coloca a disposição das pessoas que queiram confirmar a veracidade das informações relatadas e ainda mostrou o laudo médico, que comprova a doença da criança. “Ele me pediu um bolo. Falei com ele que ao invés disso, a gente pedisse a Deus e colocasse esse vídeo. A Rádio Clube Inhapim publicou e até hoje Deus tem só abençoado, as pessoas estão compartilhando. O que dói na gente é mesmo tendo tudo que prova que meu filho está em tratamento, coisa que não desejo a ninguém, é uma doença terrível, quem conhece a família sabe o que nós passamos e ainda há quem duvide. Todo mundo que conviveu com a gente conhece a história dele, sabe que o Guylherme foi mais que um guerreiro. Se for da vontade de Deus, que ele consiga e que toque no coração das pessoas, para que elas venham conhecer de perto a nossa história, o que a gente realmente precisa”.
Mas, e quando descobrimos que o menino que queria um quarto, não tem nem mesmo uma casa, o sonho de Guylherme ganhou mais um obstáculo. Lenice afirma que recentemente, o proprietário da casa pediu o imóvel, mas a família ainda não sabe para onde vai. “A gente não tem condições, não temos casa, temos uma semana para sair daqui. Tenho duas crianças e não sabemos para onde vamos ainda. O sonho dele é ter um quartinho. Dói tanto na gente (lágrimas), ter vontade de ter um quarto e não tem, no aniversário tive vontade de dar um bolinho pra ele e não dei, a gente não tem condição. Meu marido agora está trabalhando na roça, mas não tem serviço todo dia. A gente mora aqui de favor, não tem casa. Mas, como a gente vai dar um quarto pra ele, se não temos nem casa?”.
Além de todas as dificuldades, sem renda fixa, fica ainda mais difícil conduzir as despesas da casa. A mãe faz um apelo emocionado, em busca de pessoas que se sensibilizem com sua história. “A gente depende do carro da saúde para poder ajudar a trazer a cesta do Guylherme também. É coisa que a gente passa um pouco também de aperto, às vezes deixo de comer alguma coisa para ter pra eles o que comer, porque biscoito e leite, eles gostam muito. E o Núcleo do Câncer nos ajuda demais também. A gente precisa de qualquer lugar. Pode ser na roça, a gente não escolhe. É tanta luta, às vezes meus filhos me pedem uma coisa, como você fala para um filho que não tem?”.
Em um bate-papo com a reportagem, Guylherme disse que gosta das músicas de Padre Léo, Cristiano Araújo e Gusttavo Lima. Ele também falou sobre suas preferências no futebol: o jogador Neymar e o time do Cruzeiro.
O garoto é bastante modesto e traz consigo um pedido inocente. Ele não pede luxo, nada dos clichês de uma sociedade consumista. “Quero um quarto, com cama, guarda-roupa e coberta”.
Quem quiser conversar com Lenice para conhecer a história da família, pode entrar em contato pelos telefones: 033-9-9910-9127 e 033-9-9927-2425.