Anestesia geral, aquela que apaga a pessoa. Ver o outro sofrendo, já não é tão interessante ou surpreendente assim. O José, que morreu na fila do SUS? Todo dia um novo José. A Maria, estuprada ontem? Devia estar merecendo. O João, vítima de homicídio? Já nem merece a manchete do jornal. Afinal, há tantos homicídios, todos os dias… E assim, nós vamos nos acostumando com a criminalidade, com a falta de zelo do governo, com a falta de amor ao próximo, e o coração, vai sendo usado para nada além de bombear sangue.
Estamos todos intactos, sentados, como em uma sala de cinema, assistindo a um filme de horrores, incapaz de nos despertar um mínimo de revolta. A questão é que, não é um filme, é a realidade nua, exposta, clamando por socorro. E nós, de olhos, ouvidos e bocas tapados, afinal “cada um com seus problemas”.
Pois se você tem em mente esse pensamento, de não de importar com o outro, porque não é da sua conta, considere-se também culpado pela dor em excesso que grande parte da população vem sofrendo e que poderia ser sim evitada.
É importante ressaltar, que quando se fala em direitos humanos, grande parte da população é CONSIDERADA animal, já que não tem tais direitos nem minimamente garantidos durante toda sua existência. Mas não somos animais, somos todos humanos, todos merecedores dos mesmos direitos. É necessário, portanto, haver sempre, respeito e dignidade, e quando esses faltarem, não devemos nem podemos ficar calados, caso contrário, seremos cúmplices desse holocausto diário, que destrói corpos, que destrói almas.
Pois levantemos dessa poltrona confortável de cinema, e vamos todos para dentro das telas, lutar a favor de quem mais precisa. Seja com campanhas, projetos, manifestações ou por meio do próprio voto. Porque o calo só dói, quando está no nosso pé. Mas não há como saber, quando será a nossa vez, de sermos vítimas, das calosidades da injustiça.
Isadora Sofia
Aluna da Escola Professor Jairo Grossi