* Rachel Prado Rodrigues Veloso
Todos nós já vimos alguma definição linda da maternidade. Poetas, cronistas, compositores… Todos têm uma chance na vida de tentar acertar o que há por trás desses seres chamados mães.
Permitam-me usar a minha vez agora.
Quando eu era bem pequena, talvez por volta dos 4 ou 5 anos, perguntaram-me o que eu queria ser quando crescesse, e eu respondi: quero ser mãe. Cresci com isso em minha cabeça e alimentava esse sonho observando as mães ao meu redor. Tentava absorver delas cada gesto, cada olhar, cada sentimento.
Casei-me e fazia planos para o momento em que meu sonho se tornaria real. Porém, ainda no primeiro ano de casamento, descobri uma doença que, segundo vários médicos, me impediria de ser mãe. Perdi o chão.
Foi nesse instante, quando vi meus sonhos se desfazendo, que percebi que mãe é algo muito além do que eu imaginava.
Em meio a muitas lágrimas, cirurgias e uma dor sentimental muito maior do que as dores físicas, vi muitas vezes minha mãe me segurar no colo mesmo de longe. Eu a vi deixando todo seu mundo, seus compromissos e sua vida, por mim. Eu já era uma adulta e ainda assim ela me deu banho, trocou minhas roupas e me deu comida várias vezes. Ela dormiu no frio de um hospital, sem nenhum conforto, rezou com uma fé inacreditável, e me mostrou o que eu não sabia.
Descobri que ser mãe é acreditar. Ser mãe é, acima de tudo, colocar-se de pé, de prontidão. Ser mãe é esquecer-se de si mesma e se doar.
Após quatro anos de luta veio Beatriz. E chegou confirmando o que minha mãe já havia silenciosamente me ensinado durante minha luta. Beatriz chegou antes, foi sedada, entubada, e cheguei a ouvir dos médicos que apenas um milagre a salvaria. E, pela primeira vez na vida, descobri que milagres são frequentes na vida de uma mãe. Um simples respirar já é milagre! Sorrisos são milagres! Mães se alimentam de pequenos milagres todos os dias. Mães sonham fazem milagres dormindo ou acordadas.
Quantas mães desabaram junto com o prédio em São Paulo? Quantas mães se perdem procurando seus filhos? Quantas, silenciosamente, rezam e sofrem ao ver os rostos daqueles que ensinaram tantas coisas estampados nos jornais seja por roubos, assassinatos ou corrupção?
Esta semana, falando com meus alunos sobre maternidade, falei que não é necessário gerar para ser mãe. Para ser mãe é necessário ser amor. Infelizmente sabemos que há mulheres que geram e não são mães, mas para cada uma dessas há milhares de mães que transbordam amor por aí! São Christianes, Agripinas, Zélias, Maíras, Camilas, Karinas, Cecílias, Lélias, Marias, Lívias, Vanessas, Simones, Samanthas, Lilians, Elisabeths, Ludimilas, Renatas, Priscilas, Gicelienes, Alines, Paulas, Patrícias, Elizas, Verônicas dentre tantas outras que todos os dias acordam ou nem dormem em favor de seus filhos. São mulheres que se doam, se entregam, se rasgam, se anulam, para que seus filhos sejam felizes. Mulheres que sofrem caladas, cansadas, que não param, que se culpam e que convivem com dedos apontados as julgando. Mas, e daí?
São, sobretudo, mulheres completas, que descobriram que a vida é muito mais feliz depois que nos tornamos mães.
O que é ser mãe?
Sem sombra de dúvidas, ser mãe é ser FELIZ!
* Rachel Prado Rodrigues Veloso, formada em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora, pós-graduada em Administração e Supervisão Escolar e Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora na linha de pesquisa em Desenvolvimento Humano e Processos Socioeducativos. É professora de Inglês no Centro Universitário de Caratinga/UNEC e professora de Literatura e Produção de Texto na Escola Professor Jairo Grossi.