Guilherme Pereira fala dos desafios impostos à educação diante da era digital
BOM JESUS DO GALHO – Diante de tanta informação, diante da era digital, o professor precisa cada vez mais estar atualizado. Afinal, as novas tecnologias são uma grande aliada da educação, elas têm o poder de dinamizar o processo de ensino-aprendizagem. Se for colocada em prática de forma responsável e criativa, a tecnologia promove diversos benefícios para os alunos e até mesmo para os professores, como nos explica Guilherme Pereira, professor de Tecnologia e Inovação, mas também leciona Ciências e Biologia na Escola Estadual Padre Dionísio Homem de Faria, em Bom Jesus do Galho.
Guilherme Pereira sabe dialogar com seus alunos, afinal ele tem conhecimento de que com a popularização da tecnologia, é comum que as novas gerações tenham esses equipamentos inseridos em seu dia a dia, e a escola não deve estar de fora dessas influências. Ele ressalta que a tecnologia não substitui o papel dos professores na educação, sendo fundamental que os educadores saibam conduzir a utilização dessas novas mídias e softwares.
E essa conexão entre professor e alunos tem conseguido resultados expressivos, como foi a participação de seus alunos na Feira Brasileira de Ciências e Tecnologia (FEBRAT), ocorrida em outubro na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Esse grupo também representou a Superintendência Regional de Ensino de Caratinga.
O professor ensina que as tecnologias surgiram como um recurso pedagógico valioso. “No entanto, é fundamental destacar que não devem ser encaradas como o único caminho ou a única abordagem correta no processo educativo”.
O senhor teve uma formação, mas tecnologia muda mais rapidamente do que os professores podem absorvê-la?
Realizei uma pós-graduação em Mídias na Educação na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), experiência que se revelou fundamental para o avanço da tecnologia em sala de aula. Contudo, é inegável que as transformações tecnológicas ocorrem de maneira veloz, deixando os professores com pouco tempo e disponibilidade para se manterem atualizados e, consequentemente, aplicarem essas inovações em suas práticas pedagógicas.
Destaco, portanto, a urgente necessidade de implementar um processo de alfabetização tecnológica nas escolas. Essa iniciativa visa formar alunos capacitados e preparados para ingressar em um mercado de trabalho que demanda habilidades tecnológicas cada vez mais aprimoradas. Dessa forma, é possível garantir que a educação esteja alinhada com as exigências contemporâneas, proporcionando aos estudantes as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios do mundo profissional moderno.
Temos acompanhado o aumento de recursos tecnológicos destinados à educação, especialmente nas escolas. De que modo as novas tecnologias podem transformar a educação? Como senhor avalia o uso de tecnologias na produção de aulas?
As tecnologias surgiram como um recurso pedagógico valioso. No entanto, é fundamental destacar que não devem ser encaradas como o único caminho ou a única abordagem correta no processo educativo. Apesar disso, é perceptível que as mudanças significativas na educação têm sua origem, em grande parte, na incorporação da tecnologia na sala de aula. Seja para a pesquisa de termos, ampliando o acesso à informação, ou até mesmo por meio da utilização de inteligências artificiais, essas ferramentas têm desempenhado um papel crucial no aprimoramento do ensino e na preparação dos estudantes para os desafios contemporâneos. Portanto, ao integrar as tecnologias de forma equilibrada e consciente, é possível potencializar o processo educacional, promovendo uma aprendizagem mais dinâmica e alinhada com as exigências do mundo atual.
A pandemia impactou de modo muito contundente a educação, no mundo inteiro, levando milhões de estudantes para o ensino remoto, a distância. Poderia nos conta como o senhor usou a tecnologia neste período para o aprendizado de seus alunos?
A pandemia promoveu uma mudança gigantesca na educação, principalmente nas escolas públicas, que não estavam preparadas para a imersão no ensino remoto e no uso de tecnologias aplicadas à educação.
Durante o ensino remoto, eu procurei atender as necessidades dos meus alunos utilizando ferramentas como: vídeo conferências, aplicativos colaborativos e o classroom, que era nossa sala de aula virtual. Nesta sala de aula virtual, eram disponibilizados atividades, textos e leituras para aprofundamento da matéria. Foi muito difícil e exigiu muito da escola esse processo de adaptação.
O senhor leciona Tecnologia e Inovação, mas também leciona Ciências e Biologia, como essas plataformas digitais são usadas para ensino e aprendizagem nestas outras disciplinas?
Nas minhas aulas tenho buscado utilizar ferramentas tecnológicas para a promoção da aprendizagem. Um bom exemplo foram trabalhos desenvolvidos como por exemplo: 1. Construindo interpretações sobre a dinâmica do sistema digestório entre alunos do ensino médio, através do uso de gifs animados como ferramenta didático-pedagógica. In: 1º Congresso Internacional Multidisciplinar Educação: Brasil, 200 anos depois!, 2023. Anais Eletrônicos, 2023.
2. Tour virtual como ferramenta didático ensino de biologia: Conhecendo o Parque do Rio Doce. In: Congresso On-line Internacional de Educação – CONIEDU, 2023. Anais do Congresso On-line Internacional de Educação – CONIEDU, 2023.
3. O uso de aparelhos tecnológicos e o desenvolvimento visual na primeira infância. In: 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas – 7ª FEBRAT, 2019, Belo Horizonte. Anais a 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas – 7ª FEBRAT, 2019.
Os trabalhos listados foram publicados em feiras científicas e contou com participação ativa dos alunos.
No seu caso, o mundo digital acaba influenciando o conteúdo e a própria metodologia? Quais seriam as vantagens, desvantagens e desafios?
Como professor do Ensino Fundamental e Ensino Médio, é fascinante observar como o mundo digital permeia nossa abordagem pedagógica e o conteúdo que compartilhamos com os alunos. Esta revolução tecnológica trouxe consigo vantagens notáveis para o ensino, ao mesmo tempo em que apresenta desafios que exigem nossa atenção.
No lado positivo, a digitalização nos proporciona acesso a uma abundância de informações, impulsionando pesquisas inovadoras. As simulações digitais e modelagens tornaram-se ferramentas valiosas, permitindo que os alunos visualizem processos complexos de maneira mais tangível. Além disso, a colaboração científica online se tornou uma realidade, possibilitando que cientistas e estudantes compartilhem descobertas e métodos de pesquisa em tempo real, independentemente de sua localização geográfica.
No entanto, é essencial reconhecer as desvantagens associadas a essa revolução digital. A desconexão dos estudantes com a natureza, resultante do excesso de tempo gasto em ambientes digitais, pode prejudicar a compreensão prática de conceitos. A segurança de dados biológicos sensíveis torna-se uma preocupação crescente, demandando precauções rigorosas para garantir a integridade e a privacidade das informações. Além disso, a abundância de informações online exige um esforço extra na identificação de fontes confiáveis, evitando equívocos e desinformação. Enfrentamos desafios importantes, como a necessidade de desenvolver a alfabetização científica digital entre os alunos. Isso implica garantir que possuam habilidades para analisar criticamente as informações encontradas online. A integração responsável da tecnologia é um desafio adicional, exigindo que equilibremos o uso de recursos digitais sem substituir completamente as experiências práticas e observacionais tão essenciais no estudo. Além disso, questões éticas, geram debates importantes que devem ser incorporados à discussão em sala de aula.
Como foi a participação de seus alunos na 11° Febrat da UFMG, realizada em Belo Horizonte?
Para essa questão trago dois relatos:
O primeiro é do aluno Luiz Miguel Santos de Faria. “Ir para FEBRAT para mim foi uma sensação incrível! A energia de conhecer novos projetos, visitar outras ideias e observar como as pessoas podem raciocinar de maneira igual, semelhante e diferente, mas sempre na base que é a sustentabilidade. É uma experiência única conhecer a UFMG, alunos que estudam por lá e visitam nossos projetos, fazer amizades com eles e com os amigos de estande. Ansioso pela próxima”.
O segundo é da aluna Estéfani Fernanda da Silva Guimarães. “Foi uma experiência transformadora ao participar da 11ª Febrat (Feira Brasileira de Ciências e Tecnologia) na UFMG, em Belo Horizonte. Apresentei um projeto que desenvolvi, com meus colegas, ao longo do ano letivo, envolvendo conceitos avançados de Biologia e Tecnologia. Ao chegar à Febrat, fiquei impressionada com o ambiente vibrante e repleto de estudantes entusiasmados compartilhando suas pesquisas e descobertas. Montamos nosso estande com cuidado, expondo o protótipo da composteira e explicando detalhadamente a proposta do projeto para os visitantes e avaliadores. Durante a exposição, teve a oportunidade de interagir com outros participantes, trocar conhecimentos e receber feedback valioso. A diversidade de projetos expostos, desde experimentos simples até pesquisas avançadas, foi inspirador e ampliou minha sua visão sobre as possibilidades da ciência e tecnologia. No momento da avaliação, senti uma mistura de nervosismo e empolgação. Os avaliadores elogiaram a abordagem inovadora do seu projeto, destacando a combinação única de biologia e tecnologia. A interação com os demais participantes e a troca de ideias enriqueceram ainda mais sua experiência. Ao final da Febrat, recebemos uma menção honrosa pelo nosso trabalho, mas também levou consigo um aprendizado profundo sobre o mundo da pesquisa científica e a importância de conectar teoria e prática. A experiência na Febrat não apenas fortaleceu sua paixão por ciência e tecnologia, mas também a motivou a buscar novos desafios e explorar ainda mais os horizontes fascinantes desse campo interdisciplinar”.
Os alunos Rayca, Adrielly, Marlon