Arquiteto e Urbanista Adriano de José destaca importância de planejamento ambiental urbana
CARATINGA- Você já parou para pensar no futuro da cidade? Com uma população de 87.360 pessoas, conforme Censo do IBGE, o município tem uma área territorial de 1.258,479 km². A densidade é de 69,42 hab/km², que corresponde a uma média entre a área e o total de habitantes que nela se encontram”.
Até mesmo cidades com Belo Horizonte, que foram planejadas, sofrem com o crescimento desordenado. Atualmente, se fala bastante em mobilidade urbana nos desafios do ir e vir dos moradores, questões ambientais, mas, a grande preocupação está em torno de um local melhor para se viver.
Como tornar um espaço que está em expansão, agradável, sustentável e com olhar voltado para o ser humano? O arquiteto e urbanista Adriano de José aponta alguns caminhos, nessa entrevista ao DIÁRIO.
Tradicionalmente, o Brasil não tem um histórico de planejamento urbano. Como a arquitetura pode ajudar a trazer qualidade de vida para as os espaços urbanos?
Arquitetura e urbanismo trabalham juntas, porém, têm atuações separadas. Enquanto o arquiteto projeta edificações em vários níveis como casas, clínicas, hotéis, hospitais, o urbanista estuda e trabalha o espaço urbano que é a cidade. O arquiteto pode trazer qualidade de vida para a cidade respeitando as legislações existentes de uso e ocupação urbana. Dentro dessas leis consideram-se diversos fatores como necessidade, funcionalidade, estética, dimensionamento e conforto ambiental desses projetos. O urbanista estuda e pesquisa o comportamento humano na cidade para entender e identificar estratégias de aprimoramento desses espaços urbanos.
Carros, bicicletas, motos… Uma frota imensa e os veículos acabam sendo uma grande preocupação das cidades. Precisamos pensar em um espaço mais agradável com foco nas pessoas também?
Espaços urbanos bem planejados proporcionam qualidade de vida para seus usuários. O principal foco de desenvolvimento de uma cidade é o ser humano. Antes de pensarmos na organização de edificações e veículos nos espaços urbanos temos que pensar nas pessoas. Tudo isso alinhado com o meio ambiente. Planejar o espaço territorial da cidade e organizar a mobilidade urbana é fundamental para o funcionamento econômico e social das cidades.
Quando se fala em desenvolvimento urbano, muitos relacionam a infraestrutura, no sentido físico, de construções e obras. O desenvolvimento urbano engloba outras questões como, por exemplo, sociais?
Temos que pensar o desenvolvimento urbano destacando- se a interação entre a vida e a forma para estimular uma relação saudável entre as pessoas e a cidade. Pensar a estruturação física de um espaço é analisar a necessidade e função desse espaço em si e assim atender o desejo específico desta área. Não existe fórmula pronta. Temos que fazer avaliações pré-ocupações para podermos ter uma boa ocupação desses espaços. A análise do aspecto social no contexto urbano é uma premissa muito importante para o desenvolvimento de espaços coletivos conscientes.
Muitas cidades têm prédios abandonados. Quais são os impactos na arquitetura e urbanismo do local?
As edificações precisam cumprir uma função social. O abandono de uma propriedade favorece a degradação progressiva desses espaços culminando também na precarização do entorno. O que é a função social? É fazer com que esses espaços sejam utilizados para moradias ou atividades econômicas, sociais e culturais. Está previsto na Constituição Federal.
Arquitetura e natureza andam juntas? As cidades verdes são estratégias importantes?
As cidades verdes ou cidades sustentáveis se caracterizam pelo desenvolvimento equilibrado com o meio ambiente em que estão inseridas. Saneamento básico, acessibilidade, energias alternativas, priorização do transporte público, ciclovias, reciclagem de lixo, arborização das ruas e praças públicas, proteção de mananciais e criação de parques ambientais entre muitas outras situações promovem a eficiência da cidade e, consequentemente, melhoram a qualidade de vida das pessoas.
Qual sua visão de futuro sobre as cidades e habitações?
A minha visão específica de futuro é que poderíamos ter cidades incríveis e urbanisticamente sustentáveis. Temos muitas ferramentas para isso. Principalmente se alinhadas com as novas tecnologias que não param de evoluir. No entanto estamos em uma encruzilhada. O planeta está numa encruzilhada ambiental. A vontade política atual do Brasil não favorece o que se gostaria de ter. Vemos notícias de desmatamentos e queimadas todos os dias. Leis urbanas não cumpridas favorecendo as ocupações desordenadas que são as favelas. Não se vê um trabalho efetivo de conscientização ecológica da população para enfrentamento da crise. Muito pouca coisa sendo feita nesse sentido. Desenvolver uma política de planejamento ambiental urbana é essencial para o desenvolvimento sustentável das cidades. Um futuro próspero exigirá conservação ambiental em uma escala maior do que se vê. A educação tem papel fundamental nessa jornada. A presença de um Urbanista dentro das prefeituras das cidades é essencial para promover políticas públicas nesse sentido.
- Arquiteto e urbanista Adriano de José