A religiosidade é uma das características mais marcantes de qualquer sociedade, desde os tempos mais primitivos. Acreditar em algo, com poderes sobrenaturais, faz parte da essência cultural da humanidade.
Nesse sentido, surgem os ritos, rituais, os líderes espirituais, as crenças, orações, formas de rezar/orar e templos. Mas, tudo numa mesma direção: servir como forma de adorar e manifestar a fé na respectiva divindade.
Os templos passaram a servir, portanto, como um local apropriado para a realização das atividades de culto à divindade daquele povo. Assim, surgem as capelas, mesquitas, sinagogas, santuários, salões de culto, catedrais, zigurates, entre outros formatos.
Vale ressaltar que, as crenças que dominaram e conquistaram mais adeptos nos últimos séculos e tonaram-se as principais manifestações religiosas nos países acidentais são as religiões: Judaica, Cristã e Islâmica. Assim, observa-se nos diversos países ocidentais, uma influência mais contundente de uma dessas religiões. No Brasil, destaca-se a Religião Cristã, que se manifesta pelos denominados católicos e evangélicos.
Dentro do contexto histórico brasileiro, nos primeiros séculos de colonização, a Igreja Católica, teve um papel muito significativo, não só pela sua efetiva presença e realizações, mas principalmente pelo fato das pessoas que desbravaram, as mais variadas partes do Brasil, serem católicos e levarem consigo as manifestações de suas crenças. Sendo que uma delas, seria justamente, a construção de templos católicos por onde se fixavam.
O fato, que oficialmente é considerado o marco do início da História de Caratinga, é a chegada da família de João Caetano do Nascimento, no dia 24 de junho de 1848, dia dedicado pela tradição da Igreja Católica ao santo São João Batista, consolidando assim, na percepção dos novos ocupantes, o promissor processo de ocupação da região de Caratinga. Neste mesmo ano, foi erguido o primeiro templo religioso da região de Caratinga, uma Capela dedicada a São João Batista, tornando-se, segundo as tradições da Igreja Católica o padroeiro do povoado que se iniciava, bem como, a base de criação daquela que seria a primeira paróquia.
Esta primeira capela não existe mais, devido sua construção ter sido precária, o que acarretou em um uso temporário. Mas, em seu lugar fora erguida outra. E esta nova capela, que tivera sua construção iniciada em 1867 é considerada, oficialmente, a primeira igreja do município. Sua edificação acorreu em terras doadas pelos “primeiros” moradores (posseiros) da cidade. A obra é atribuída ao padre Maximiniano João da Cruz, 1º pároco de Caratinga, sob a responsabilidade do Capitão David Ferreira da Costa, Antônio Caetano do Nascimento e Joaquim José Ribeiro.
A capela existe até dos dias atuais, e é um dos raros exemplares da arquitetura do século XIX, na região de Caratinga. Sua simplicidade remete, aos visitantes, a um passado de dificuldades, que provavelmente passaram e vivenciaram os primeiros colonizadores de Caratinga. Seu interior, é caracterizado por apenas uma nave, as paredes são desprovidas de qualquer ornamento e no fundo, o altar-mor em madeira, abriga a imagem primitiva de São João Batista, padroeiro da cidade. Os traços da mineiridade podem ser observados na singeleza do imóvel.
A Igrejinha de São João, carinhosamente assim chamada, foi tombada pela Prefeitura Municipal de Caratinga, tornando-se patrimônio histórico e de sua importância para memória do município.
Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor