* Eugênio Maria Gomes
Não obstante o carnaval ter sua origem lá no período colonial, quando os escravos colocavam em prática o estrudo – uma manifestação portuguesa onde as pessoas pintavam seus rostos e saiam pelas ruas jogando farinha e água de cheiro nas pessoas; ter passado pelos bailes da aristocracia carioca e pela criação dos cordões e das marchinhas no século XIX, foi no século XX que esta bonita festa popular ganharia importância e tomaria o caminho que a transformou em uma das maiores manifestações do gênero do planeta.
E foi a partir desse ganho em importância, principalmente após a criação das escolas de samba e dos trios elétricos, transformando-a, também, em uma relevante atividade comercial, que esta festa popular passou a fazer parte, oficialmente, do calendário e a interferir no efetivo início do ano, no Brasil.
O mês de Janeiro termina e todo mundo sabe que o ano novo começa, de fato, depois do carnaval, ou seja, já quase perto do fim do segundo mês do novo ano. Um acontecimento aqui, outro ali, sempre ocorrem, mas todo mundo sempre fica na expectativa de que as coisas mais importantes aconteçam, de fato, depois da quarta-feira de cinzas.
Acontece que, desta vez, a coisa não ficou assim tão “redondinha”. Fora o efetivo início das aulas – sempre marcado no calendário para uma data feita, ao que tudo indica, para que o aluno não a cumpra -, muita coisa andou acontecendo neste período. Parece, porém, que a população brasileira só se dará conta de seus efeitos após a grande festa popular.
A presidente Dilma tomou posse, mais uma vez, da principal sala do Palácio do Planalto e do destino de nossa Pátria. Até ai, tudo bem, não fosse a pompa infinitamente maior que a ocorrida em seu primeiro mandato, quando a situação do país que herdava era, também, infinitamente melhor que a recebida, de si própria, neste momento. No discurso de posse, muitos pontos em comum com os discursos de campanha: um Brasil bonito, solidário, progressista, caminhando a passos rápidos para o patamar de país desenvolvido.
No dia seguinte, informações e medidas governamentais: a Petrobrás usurpada pelos corruptos; a Índia assumindo o lugar do Brasil no ranking da economia mundial; os gastos com as Olimpíadas – assim como ocorreu com a Copa do Mundo -, serão mantidos; alteração no custo, para o consumidor, de alguns serviços essenciais – água, gás e energia -; alterações em alguns benefícios sociais – seguro desemprego, abono salarial, seguro-defeso, pensão por morte, auxílio-doença e Prouni -, firmemente defendidos pela presidenta durante a campanha, que inclusive acusou o seu principal adversário de planejar a aplicação das medidas determinadas agora por ela; sem falar na informação de que a tabela de impostos deverá ser corrigida como forma de ajudar no “ajuste” das contas governamentais…
Não vamos, aqui, aproveitar essas ocorrências para lembrar aos eleitores da D. Dilma de que estão colhendo o que plantaram nas últimas eleições. Até porque, quem dera que apenas eles sofressem as consequências das atitudes desse (des) governo.
Mas, não posso deixar de registrar que, 2015, está apenas começando… Muita coisa há de acontecer ainda e, pelo andar da carruagem, provavelmente não serão coisas muito boas…
E eu estou de volta, animado como sempre para enfrentar mais um ano. Otimista, como precisamos ser, sempre. Talvez, apenas, um pouco mais ácido… Deve ser o resultado destes primeiros meses do ano novo…
Tomara que melhore. Quem sabe, após o Carnaval!
Eugênio Maria Gomes é professor e escritor.