A pós-modernidade trouxe consigo possibilidades e também incontáveis desafios. A pouco mais de uma década um pequeno aparelho portátil sem conexão de fios, realizar chamadas de vídeo entre pessoas em diferentes continentes, fazia parte apenas do roteiro de filmes de ficção. Hoje isso é uma realidade comum e quase indispensável. As novas descobertas estão presentes em todas as esferas e isso se dá à velocidade da luz. O ruim é que nada disso resolveu a complexidade da existência humana. Temos cada vez mais dificuldades nas relações interpessoais, menos respostas que satisfazem as questões emocionais, empobrecemos moralmente e etc. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman disse que vivemos a “modernidade líquida”. Nada foi feito para durar. O que ele chama de modernidade líquida seria “um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível”. Fato!
É exatamente nesse mundo de paradoxos que exercemos o ministério pastoral. Se em todas as esferas da vida acontecem mudanças, para o ofício do pastoreio não é diferente. Visto que é importante a consciência da vocação, também constitui-se indispensável se manter atualizado para o exercício dela.
Antes a função pastoral se resumia basicamente em estudar para o sermão e para a Escola Bíblica Dominical, visitar os membros, evangelizar de porta em porta e alguns aconselhamentos. O que já não era uma tarefa fácil.
Nos dias atuais o conhecimento que um pastor precisa ter é imenso. Os temas são cada vez mais desafiadores e as respostas não são fáceis. A sociedade carrega as suas complexidades que em duas ou três décadas passadas eram coisas inimagináveis. Surgem tanto nas conversas de gabinete como nos sermões a necessidade de discorrer sobre ideologia de gênero, aborto, tratamento com células tronco embrionárias ou adultas, homossexualidade e outros não menos polêmicos. Isso sem perder o senso do discernimento bíblico espiritual.
Daí a necessidade do pastor se reciclar para exercer bem a sua função. É praticamente impossível pastorear a atual geração com os mesmos métodos e formas de vinte ou trinta anos atrás. O evangelho é o mesmo, mas os métodos de abordagem precisam mudar. Na própria Bíblia vemos isso. É notável a diferença entre as técnicas de Moisés e Paulo por exemplo. O teólogo inglês John Stott diz que o sermão do pastor deve ser uma ponte entre o mundo antigo do texto e o contemporâneo do ouvinte.
Imagine as novas leis que surgem todos os anos e as muitas descobertas para a medicina que o advogado e o médico precisam se atualizarem. Do contrário perderão espaço. Para o pastor não é diferente. Ler bons livros, participar de seminários, dividir experiências com outros pastores, revisar conteúdos teológicos estudados, reavaliar os métodos. Fazer isso e o que mais possa ser acrescentado para o aperfeiçoamento, sem deixar de lado a vida devocional diária, com certeza, mesmo em dias trabalhosos o ministério pastoral será sólido e frutífero.
Adilson Cunha, casado com Bianca, Pai de Mical e Sofia, pastor auxiliar AD Sede Caratinga, pregador, escritor e aluno do 4º período do curso de Bacharel em teologia do SEBEMGE – Seminário Batista do Estado de Minas Gerais.