“Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”, Dilma Rousseff
Acredito que em nossos dias, e em nosso contexto social, a palavra “meta” seja uma velha conhecida da maioria das pessoas. Todos nós temos metas, todos temos alvos a serem alcançados, metas estabelecidas por nós mesmos, ou por outros, as quais imaginamos que, ao alcançá-las, teremos nos transformado em pessoas melhores, ou estaremos em situação melhor ou mais desejável do que a que estávamos antes.
Nosso conceito de meta nos remete a ideia de progresso, evolução, de melhorias, nos remete a ideia de crescimento, padrão, lugar, status ou posição almejáveis, que se deseja alcançar. Relacionadas ao progresso, as metas podem ser vistas como degraus que nos elevam a uma posição cada vez mais alta, e melhor. Quanto mais metas alcançadas, temos a ideia de estarmos mais perto do sucesso.
Não ter metas e alvos mais altos, faz com que continuemos sempre os mesmos, nos torna conformados com nossa triste realidade, nos torna facilmente ultrapassados e atrasados diante daqueles que têm alvos maiores e, como uma de suas consequências, não termos metas traçadas nos faz conformados com qualquer tipo de resultado, mesmo muito abaixo do normal, e é a isso que nos remete a frase dita pela ex-presidente Dilma Rousseff; a total falta de compromisso com o desenvolvimento de toda uma nação que, sem metas estabelecidas, deve se contentar com resultados e soluções medíocres.
Triste ver que em nosso país essa é a realidade dominante. O que vemos diariamente é o verdadeiro descaso e despreparo por parte de nossos líderes em não se esmerarem na tentativa de alcançar as metas que realmente valem a pena e nos darão o progresso e a iluminação que tanto precisamos. Mas, infelizmente, podemos ver que muito esforço, tempo, e dinheiro são gastos para que metas que somente prejudicam a nação brasileira sejam alçadas, as que beneficiam a nação serão sempre inalcançáveis. Se tornou comum ouvirmos que nosso país, ou algum dos sistemas que o rege, não alcançou as metas esperadas, seja na educação, saúde, economia, até mesmo nos esportes já estamos ficando abaixo do padrão.
O Ministro da Educação, Mendonça Filho, deu o seguinte depoimento em entrevista ao Brasil Paralelo:“A educação brasileira hoje está na UTI! O IDEB pro Ensino Médio desde de 2011 não é atingido a meta fixada, e os anos finais do Fundamental também não, o que mostra que falta qualidade.”
O economista, e deputado federal, Rogério Simonetti Marinho, também diz o seguinte: “A Avaliação Nacional de Alfabetização, (ANA), identificou que, 56% das crianças brasileiras no Terceiro ano do Ensino Fundamental que, de acordo com a própria legislação, e o PNE – Plano Nacional de Educação – deviam estar plenamente alfabetizadas, seriam crianças de 8 anos de idade, essas crianças são analfabetas ou analfabetas funcionais. Num estágio de 1 à 5, elas estão no estágio 1 e 2″.
O diplomata, e escritor, Paulo Roberto de Almeida, diz que “estamos fazendo tudo errado em educação”, segundo ele, se os rumos da educação brasileira mudarem e “fizer tudo certo”, a nossa educação começaria a dar resultados melhores daqui a 15 anos.
O Brasil investia 6,6% de seu PIB em educação, em 2015. Não é por falta de dinheiro que a educação está ruim, o dinheiro destinado à ela que é mal empregado. Segundo Mendonça Filho, os recursos destinados a nossa educação são “robustos”, e “consideráveis”, comparados à outros países do mundo, como Estados Unidos e Suíça, por exemplo. Isso mostra que nosso problema talvez seja a ineficiência no ensino, e gastos irresponsáveis. Falta qualidade, sinceridade, e objetividade no ensino, falta profissionais capacitados, etc, falta também o desejo pela boa educação por parte da própria população que, em sua maioria, vê as instituições de ensino somente como um mal necessário o qual somos obrigados a engolir. Como nação, precisamos mudar essa mentalidade.
Nos últimos anos, nosso país não tem alcançado as metas que realmente nos beneficiam como nação. Nem meta de vacinação temos conseguido alcançar. Claro que cada um de nós temos responsabilidades diante disso, muitas vezes falhamos em alcançarmos e estabelecermos metas que beneficiam não só a nós mesmos mas todo o povo e sistemas dos quais fazemos parte. Enquanto não enxergarmos a realidade e não rompermos com nosso comodismo continuaremos nesse progresso à là Dilma Rousseff, sem a menor condição de sabermos onde iremos chegar.
Wanderson Reinaldo Monteiro
– Vencedor do Prêmio “Marilene Godinho” de Literatura, nas categorias Conto (2016) e Crônica (2017)
(São Sebastião do Anta – MG)