Ildecir A. Lessa
Advogado
Foi noticiado no DIÁRIO DE CARATINGA de 16/09, a respeito do primeiro debate das Eleições 2016 em Caratinga. Foi promovido pela Unec TV e TV Leste. Foi ao ar na mesma data. Os candidatos teceram suas considerações sobre o debate. O tema central foi a proposta e o pensamento de cada candidato a prefeito. Mas o que pode gerar um debate de candidatos na cabeça do eleitor? Deve ser feita a análise. A eleição é um evento que mexe com as emoções, com as expectativas e as aspirações de muitas pessoas. E sob essa perspectiva, as atitudes dos eleitores são determinantes das suas escolhas, considerando também a condição social de cada indivíduo.
Análises de especialistas apontam o “personalismo” como uma característica fundamental das escolhas da grande maioria do eleitorado. É na dimensão do imaginário que se define o voto, ou seja, o eleitor vai votar em quem ele imagina que mais corresponderá as suas expectativas, ou que menos o decepcionará. Tem também, o elemento central e causador decisivo do voto, que é a identificação partidária, traduzida como compromisso forte e que influencia a maneira de os eleitores olharem o mundo político. Existe, por outro lado, figura dos candidatos que não está tão ligada, a partidarismo. Na visão da psicologia social, a imagem do candidato é fundamental na escolha do eleitor porque passa a pertencer à dimensão imaginária da estrutura psíquica. Por isso é que, em períodos eleitorais os políticos apelam para o mais simples, mas ao mesmo tempo, mais complexo fator humano, que é o interesse de cada um dos indivíduos que faz parte do eleitorado.
Dentro dessa lógica, é razoável que durante as eleições a psique humana funcione seguindo o raciocínio de que as pessoas são motivadas mais pelo medo de que algo ruim aconteça do que pela oportunidade de algo bom. Votar é o último ato religioso em uma era secular pelas suas características. A psicologia social aponta no sentido de que, grande parcela do eleitorado brasileiro, tem formação precária e não acompanha o dia-a-dia da política, quando o voto não surte efeito surge um sentimento de fracasso nele, porque depositou esperanças em um determinado candidato que nada fez de consistente. E a mídia, de forma geral, ajuda a difundir esse pensamento. Com o tempo, o sentimento se transforma em vergonha e reduz a autoestima do eleitorado. As pessoas chegam a ficar angustiadas e com medo na hora de votar pelo tamanho da responsabilidade que é depositada sob suas costas. Nisso, pode-se encontrar as razões que levam os eleitores a escolher ou rejeitar candidatos, tendo como referência o estado geral da sociedade.
As campanhas dialogam com o eleitor com o objetivo de persuadi-lo a votar em determinado candidato e a rejeitar seus adversários. A explicação de um resultado eleitoral passa, necessariamente, pela análise do debate que as campanhas travam entre si. O objetivo maior dos partidos é ganhar o poder político. Entretanto, na democracia eleitoral, esse percurso é longo e passa pelo voto popular. Na disputa eleitoral por cargos majoritários ganha aquele que obtiver o maior número de votos, isto é, ganha quem conseguir persuadir a maioria. No debate eleitoral, os candidatos empregam uma retórica cuja argumentação é de natureza ficcional. Visando convencer os eleitores, todos constroem um mundo atual possível, igual ou um pouco diferente do mundo atual real, e com base nele projetam um novo e bom mundo possível. Duas vertentes: “o mundo atual está ruim, mas ficará bom” ou “o mundo atual está bom e ficará ainda melhor”. A primeira vertente é típica da argumentação da oposição e a segunda da situação. É uma argumentação de natureza ficcional. No debate eleitoral, a ideia de persuasão é bem mais complexo, pois os candidatos transitam, o tempo todo, entre mundos possíveis, atuais e futuros.
Analisar campanhas eleitorais é analisar retóricas em competição pelo voto. Nesse confronto, passam os fatos pela observação da teoria racional do voto. Os eleitores são racionais e auto-interessados. Podem tomar decisões quando se deparam com um espectro de alternativas. Eles podem hierarquizar preferências, sendo essa hierarquização transitiva, além do que, entre as alternativas disponíveis, escolhem a que têm maior preferência. Dentro desse contexto de análises, os eleitores caratinguenses podem tirar suas conclusões do Primeiro Grande Debate dos candidatos à Prefeitura de Caratinga.