Ildecir A.Lessa
Advogado
No noticiário global, teve divulgação de um alto funcionário do escalão iraniano, no dia 5/1 que o país pode atacar Israel e “reduzir Tel Aviv e Haifa a pó” se os Estados Unidos concretizarem as ameaças mais recentes do presidente Donald Trump, que afirmou ter 52 alvos iranianos na mira. A tensão entre Teerã e Washington aumentou após o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani, durante um bombardeio americano em Bagdá.
Na linha do tempo, observa-se que, os conflitos nas relações entre Estados Unidos e Irã são históricos. Em 1953, um golpe militar apoiado pela CIA derrubou o governo democraticamente eleito que havia nacionalizado o petróleo. A ditadura durou até 1979, quando foi derrubada pela Revolução Islâmica em 1979. Desde então, sucessivos governos norte-americanos tentaram acabar com o regime xiita e extinguir a influência iraniana na região. Essa estratégia levou os Estados Unidos a financiarem a guerra entre Irã e Iraque, iniciada em 1980 e que durou quase dez anos, causando a destruição dos dois países, com mais de um milhão de mortes.
Atualmente o governo estadunidense aplica sanções que bloqueiam a venda de petróleo por parte do país persa e impede o desenvolvimento da região. O Irã é uma potência regional, é o maior país do Oriente Médio. Tem recursos naturais, tem indústria, é uma sociedade relativamente desenvolvida, tem força militar. Principal aliado dos Estados Unidos na região, Israel elogiou diretamente o ataque ao Irã. O primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ressaltou que: “Da mesma forma que Israel tem o direito de autodefesa, os EUA têm exatamente o mesmo direito”. As hostilidades entre Israel e Irã também aumentaram após a Revolução Islâmica e as duas nações cortaram relações diplomáticas. Já de tempo, que se apregoa que a guerra de Israel contra o Irã “acabará por chegar“, como na declaração em 2012, do general Mohamad Ali Jafari, comandante em chefe da Guarda Revolucionária (Pasdaran), que disse ainda que o país está preparado e destruirá o Estado hebreu.
Na mesma data, foi dito também: “Este tumor canceroso que é Israel busca lançar uma guerra contra nós. Mas não sabemos quando acontecerá. [Os israelenses] consideram agora a guerra como o único meio de nos enfrentar, mas são tão estúpidos que seus amos [Estados Unidos] deveriam impedi-los“, completou o general Jafari. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, recentemente também afirmou que Israel poderá desaparecer em 25 anos, caso palestinos e muçulmanos se unam para lutar contra os sionistas. A origem da rivalidade entre Irã e Israel, centram basicamente em três entre os dois países: as relações com os Estados Unidos, a religião e a geopolítica regional. Israel é um tradicional aliado dos EUA desde a sua criação, em 1948. O Irã, entre o final da segunda guerra mundial e a revolução iraniana de 1979, também era — inclusive foram os americanos que apoiaram o programa nuclear do Irã durante os anos 1950 para fins pacíficos. Entretanto as relações entre Irã e EUA mudaram com a revolução iraniana, que teve um caráter antiamericano e instaurou no país um governo teocrático. A religião também tem um grande peso nessa rivalidade. Desde que foi criado, Israel, um estado judaico, é visto como um outsider em uma região dominada pelos muçulmanos. Os países de maioria muçulmana não aceitaram a criação de Israel, dando origem à Guerra dos Seis Dias — um conflito entre Israel e Síria, Egito, Jordânia e Iraque — em 1967. Israel saiu vencedor, com o apoio dos EUA.
Por fim, a disputa pelo poder na região também antagoniza os dois países. Atualmente Israel e Irã são considerados os grandes players da região. Israel é muito poderoso, dono de um aparato militar moderno, e o Irã está fazendo investimentos pesados em segurança, além de possuir um numeroso exército. Com tudo isso, existe chance de uma guerra entre os dois países? Nas palavras dos especialistas em relações internacionais, a chance existe sim. Contudo, pode ser evitada, pois seria uma guerra muito difícil para o mundo todo, devido ao grande potencial militar dos dois países.
Portanto, eles [Irã e Israel] e os países da região vão tentar evitar uma guerra, mas se Israel calcular que o Irã é uma ameaça ao seu Estado, eles vão atacar, e o Irã vai reagir. Tem muita coisa para acontecer ainda, mas a tensão está chegando a um nível que não é visto na região há bastante tempo, agora com o ataque dos EUA ao general iraniano morto. O grande conflito entre Israel e Irã está em aberto!