Mais situações de busca do Pai Celeste.
Hoje desejo trazer mais dois momentos na vida de Jesus que nos inspiram a orar:
(1) Para receber o Espírito e o brilho de Deus.
Houve duas ocasiões na vida de Cristo quando sinais visíveis mostraram Sua plena posse do Espírito Divino e o brilho de Sua natureza gloriosa:
– em Seu batismo, o Espírito de Deus desceu visivelmente e pousou em Jesus;
– e em Sua transfiguração, Seu rosto brilhava como a luz e Suas vestes ficaram radiantes como a neve iluminada pelo sol.
Em ambas as ocasiões, Lucas nos diz que foi enquanto Cristo orava que o sinal foi dado:
– ‘Jesus sendo batizado, e orando, o céu foi aberto, e o Espírito Santo desceu ‘(Lc 3.21-22).
– ‘Enquanto Ele orava, a forma de Seu semblante foi alterada e Sua vestimenta ficou branca e brilhante’ (Lc 9.29).
Em ambas havia uma verdadeira comunicação do Pai com o homem Jesus. O evangelista pretendia enfatizar o ato anterior – de oração – como a condição humana de tal comunicação.
Portanto, se quisermos que os céus sejam abertos sobre nossas cabeças, e a pomba de Deus desça batendo suas asas brancas e pairando sobre o caos de nossos corações até que a ordem e a luz cheguem lá, devemos fazer o que o Filho do Homem fez – orar.
E se quisermos que o aspecto de nosso semblante seja alterado, as rugas do cuidado eliminadas, os vestígios de lágrimas secados, as manchas de uma vida impura curadas e todas as marcas de mundanismo e do mal trocadas pelo nome de Deus escrito em nossa testa, e a glória refletida irradiando nossos rostos, devemos fazer como Cristo fez – orar.
Então, e somente assim, o Espírito de Deus encherá nossos corações, o brilho de Deus brilhará em nossos rostos e as vestes do céu cobrirão nossa nudez.
(2) Cristo orou preparando-se para seu sofrimento.
Neste caso, todos os três evangelistas nos contam a mesma doce e solene história. Não devemos penetrar mais longe do que eles nos levam à santidade do Getsêmani.
Jesus, embora ansioso por companhia naquela hora terrível, não leva ninguém com Ele; e ainda diz: ‘Ficai aqui, enquanto vou um pouco adiante e oro lá.’
Mas, logo, na curta distância, ouve-se a voz de súplica quebrando o silêncio da noite, e as palavras solenes nos remetem à confiança de um Filho, mas lembram, também, da profunda dificuldade e dor de um ser humano, e, certamente, da submissão de um Salvador.
O próprio espírito de toda oração está nessas palavras alquebradas. Essa foi realmente a “Oração do Senhor”, que Ele derramou sob as azeitonas ao luar.
Contudo, sendo ouvido, nova força veio dos Céus, que Ele usou para ‘orar mais fervorosamente’ ainda.
Assim como, também, sendo ouvido, toda a agonia passou e todo o conflito terminou em vitória: Ele voltou-se com aquela estranha calma e dignidade, para Se entregar primeiro para Seus captores e depois para Seus algozes – em resgate de muitos.
Ao contemplarmos essa agonia e essas orações inundadas de emoções profundas, não olhemos apenas com gratidão, mas com o desejo que aquele Salvador ajoelhado nos ensine que somente na oração é que podemos estar armados contra as mais sutis tristezas.
Ficamos cientes que aquela força para suportar tudo flui para um coração que se abre em súplicas; e que uma tristeza que somos capazes de suportar é vencida de forma mais verdadeira do que aquela que tentamos esconder.
Todos temos uma cruz para carregar e uma coroa de espinhos para usar. Se quisermos estar aptos para o nosso Calvário (será que podemos usar esse nome solene?) – devemos ir primeiro ao nosso Getsêmani.
Portanto, o Cristo que passou Sua vida na terra com muita oração nos ensina a orar; e o Cristo que intercede no céu nos ajuda a orar e apresenta nossos pobres gritos, aceitáveis por meio de Seu sacrifício, e perfumados com o incenso de Seu próprio incensário de ouro.
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum [email protected]