CARATINGA- Há que se recomeçar! A idade centenária, a qual poucas pessoas conseguem chegar, sem dúvida, marcam uma trajetória. Para Domingos Martins de Oliveira, que completou 100 anos no dia 5 de dezembro, esse recomeço já dava sinais ainda em 2016, quando ele se casou com Maria Ester Teixeira.
Com sete filhos e 29 netos, para Domingos, a vida é a arte de recomeçar todos os dias. “Graças a Deus, tudo na paz de Cristo”.
E quando se fala em recomeçar, também se associa a aprendizado. Mudanças. Em todos os setores da vida. Transformação e tempo caminham juntos. A exemplo disso, ele se recorda de como antigamente tudo era mais difícil. “Hoje é tudo mudado, até as ferramentas mudaram. No tempo que fui criado, derrubei mata para plantar café a machado, aparado de gurpião, serrado com serra manual. Hoje em dia ninguém usa isso mais, é motosserra, roçadeira, panhadeira de café. Hoje tem uma facilidade enorme e o povo ainda não acha que está bom”.
Mas, o que Domingos acredita mesmo é na importância da boa convivência. “Meu coração é aberto para todo mundo. Nunca tive inimizade com ninguém. Fui casado a primeira vez 63 anos, nunca briguei com a família, meus filhos me obedecem e tudo em paz”.
Relembrando o casamento, que aconteceu aos 94 anos, a mesma sintonia e amor são marcantes para Domingos e Ester. “Esta nova etapa está ótima. Não casei com uma esposa, não, foi com uma mãe. Parece que o espírito da minha mãe encarnou nela”.
Mas, para se chegar a um amor de verdade, Domingos aconselha: “Sempre falo que a moça que deixa pai e mãe para acompanhar quem não conhece, grande castigo merece. E o rapaz que não pensa em casar, depois que casar não pode arrepender. O casamento é uma coisa fina, feita por Deus. Hoje em dia eles casam hoje e largam amanhã. Hoje não existe casamento. Os pais entregam as filhas para o rapaz. O que se espera disso? No meu tempo não usava isso não. Minha filha namorou e casou aqui, durante o tempo que ela estava namorando na sala eu estava sentado perto deles, hoje em dia os pais entregam as filhas para os rapazes, praticamente empurrando elas”.
O estilo de vida também é um fator que ele faz questão de destacar. “Gordura de porco, toucinho assado, não me faz mal nenhum. Não sinto nada, estou com essa idade, nunca senti dor nenhuma, graças a Deus. Deus tem me livrado da morte e eu tenho seguido os caminhos certos. Trabalho até hoje, graças a Deus, o terreiro está arrumado, roça tá capinada”.