José do Carmo Veiga de Oliveira[1]
Ao que tudo indica, felizmente, o incêndio que, a princípio teria atingido a sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, não produziu danos que fossem avassaladores diante das muitas matérias que foram publicadas em vários noticiosos do nosso País. O fato, no entanto, não nos proporciona qualquer tipo de alívio, ante o tipo de incêndio que pode ser a causa de grandes prejuízos na área da pesquisa científica, onde também me encontro em virtude de ter meus dados como pesquisador e própria pesquisa, registrados na Plataforma Lattes.
É inconteste que estamos vivemos dias muito difíceis e a cada momento mais notícias que se nos conduzem a momentos inquietantes, máxime no que pertine à inevitável continuidade das medidas contra o estado pandêmico que se instalou mundo afora e, naturalmente, o Brasil não foi excluído dessa realidade, de modo que continuamos nos debatendo contra uma série infinita de situações que continuarão a nos acompanhar por alguns anos, possivelmente, em consequência das constantes variantes que estão surgindo e se espalhando Planeta afora.
Com todos esses acontecimentos e considerando, ainda, a realização de uma Olimpíada com atraso de um ano, por força da própria pandemia, vemos, na verdade, situações que não podem ser desconsideradas diante do contexto social em que nos encontramos, não fossem suficientes os milhares de moradores de rua que nos abordam a todo momento, em busca de algum tipo de ajuda para que possam continuar vivendo, a despeito da falta de sua condição financeira e de saúde para o prosseguimento de seus dias sofridos.
Espera-se, no entanto, que com o passar do tempo, está se cumprindo, verdadeiramente, a Palavra de Deus quando se refere ao fato de que, nos últimos tempos, os dias serão encurtados e os moradores da Terra não estão se apercebendo dessa realidade. Quando nos deitamos buscando o nosso descanso, temos a sensação, ao acordar, que tínhamos acabo de nos recolher ao repouso e, de repente, estamos chegando para o almoço e, algum tempo depois, estamos nos redirecionando aos nossos lares para mais uma noite e o retomar do ciclo diário novamente.
Mas, o que isso tem a ver com a proposta deste texto? Tem tudo a ver. A partir do momento em que vemos tantos eventos simultâneos no entorno do planeta Terra, é como se estivéssemos, sem ser sensacionalista, é claro, compreendendo que tudo está indo tão rápido que, de repente, a nossa realidade está sendo abreviada pelo decurso do tempo e, assim, temos deixado muitas coisas para trás e que, somente uma nova etapa de vida poderá alterar o curso da velocidade de todos esses acontecimentos no nosso cotidiano.
Onde está nossa memória? O Livro de Eclesiastes, da Bíblia Sagrada, em seu capítulo 1º, nos afirma que “geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre. Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retornar aos seus circuitos. Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr. Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir. O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós. Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas”.á alHá alguma
Não quero o rótulo de alarmista porque não sou alarmista. Não estou escrevendo a respeito dessa temática porque gostaria apenas de fazer as pessoas pensarem. Estou também buscando e trazendo à memória tantas situações das quais não podemos nos distanciar e nem mesmo deixar de analisá-las
a partir dos acontecimentos que estão à nossa volta diariamente, máxime em termos de novos males que nos assolam a cada dia, bastando olhar para os fatos que estão nos cercando e se não tomarmos posição diante deles, seremos alcançados sem ao menos perceber o que circunda o nosso cotidiano.
Temos lido tantas notícias a respeito de muitos males e bem próximos de nós, como, por exemplo, numa cidade do litoral paulista, onde a “sarna humana” tem se espalhando e ainda não há um medicamento ou tratamento específico para combater esse mal de tamanho poder e constante avanço contra as pessoas, de modo que está se tornando mais uma nova ameaça à população local.
E assim temos visto tantas pessoas falando e fazendo “previsões”, como se delas tivéssemos mesmo que temê-las, quando, de fato, deveríamos estar buscando a presença do Criador e implorando Sua por Sua misericórdia sobre nossas vidas, pois, afinal, Ele está no controle de todas as coisas e esses acontecimentos deveriam estar nos abalando para que pudéssemos voltar nossos pensamentos para a memória de tantos fatos que nos circundam, tomando a consciência de que tudo isso está nos envolvendo de maneira constante e, talvez, lentamente, a despeito das circunstâncias que têm nos rodeado.
A nossa memória encontra-se em termos de manter a jornada que o Criador ainda nos permite continuar. Devemos considerar que tudo quanto tem acontecido à Humanidade já se encontra estabelecido desde antes da Eternidade, pois, nossos dias foram contados e determinados. E, em relação a toda a Humanidade, conforme nos revela o Salmo 139, verso 16, quando nos afirma que “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda”. E essa afirmativa é de tamanha repercussão que deveria nos colocar, a todos, para pensar, de modo a buscar uma aproximação ou uma retomada com a vida cristã em seu verdadeiro sentido e razão.
De fato, vivermos sem uma memória constante e permanente para nos orientar em relação ao passado e, especialmente, no conduzir a um caminho que seja aquele que o próprio Deus, por meio de Seu Filho Jesus nos preparou mediante o Seu sacrifício, morrendo na cruz em nosso lugar para vivermos a Sua Vida diante do trono do Pai Celeste! Lembremo-nos, portanto, de tudo quanto temos visto, que se encontra definido desde a Eternidade e que, por isso mesmo, devemos considerar e ter em mente que “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã”. (Lamentações de Jeremias, capítulo 3, versos 22/23).
Esse deve ser o nosso permanente pensamento, não buscando alarmar quem quer que seja, mas, buscando orientar as pessoas que ainda têm uma expectativa de que, diante do Trono do Pai, será possível uma nova etapa de vida enquanto Ele assim o permitir, se essa for a Sua vontade.
A vida nos foi concedida para ser vivida diante da graça e da misericórdia do Senhor. Graça é favor imerecido e as Suas misericórdias nos acompanham desde a Eternidade, de modo que estamos diante do Deus todo poderoso, criador dos céus e da Terra, do Universo e tudo o mais que pudermos identificar como sendo Obra de Suas Mãos, d’Aquele que chama as estrelas por seus nomes.
Tenhamos em nossa memória essa esperança, na convicção de que foi o próprio Deus, por meio de Jesus Cristo que tudo fez, conforme nos revelam os primeiros versículos do Evangelho de João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela”. E que Deus nos abençoe rica e copiosamente, apesar de nós!
[1] José do Carmo Veiga de Oliveira, Desembargador Aposentado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais; Mestre em Direito Processual pela PUC-MINAS; Doutor em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP; Post-Doctor en Derecho – Universidad de Salamanca – España; Professor de Direito Constitucional e Processual da Pós-Graduação e de Direito e Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie – SP; Membro da Academia Mackenzista de Letras – SP; Membro da Academia Paulista de Direito; Membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.