Autor:
Rondinelle da Silva Ferreira
Idealização:
Anna Laura Martins Ferreira
&
Luiza Emanuelly Martins Ferreira
Colaboração:
Neidiane Carla Correa Martins
Ele vivia escondido.
Na floresta;
À beira dos rios;
Nos becos frios e escuros da cidade.
Seu sussurro nos causava calafrios;
Ninguém podia vê-lo, apenas se podia ouvi-lo.
Ele estava sempre à espreita, esperando apenas um vacilo.
Crianças obedientes, nem ligavam, nem o temiam.
Bidu queria as crianças malvadas e bagunceiras;
Que desobedeciam as suas famílias e faziam pirraça por qualquer besteira.
Até que um dia ele resolveu aparecer, em sua mais horrível forma.
Felipinho só pensava em celular, tablete e computador.
Não queria mais soltar pipa, jogar futebol, andar de bicicleta e nem ir à casa da vovó e do vovô.
Carolzinha nem queria mais sair do quarto depois que ganhou o tablet de presente e da televisão ela não gostava de sair da frente.
Não comia verduras, deixou as bonecas no canto e às vezes nem escovava os dentes nem mesmo tomava banho.
Era tudo que Bidu precisava para ficar contente e levar as crianças embora deixando tristes seus pais, avós, tios, primos e coleguinhas.
A noite podia ouvi-lo se aproximar. Os seus passos fazia um barulho enorme que estremecia as paredes.
Seu mau cheiro, era horrível, de longe podia senti-lo durante a noite. Bidu fedia muito. Ele não gostava de tomar banho.
Suas mãos eram muito grandes. Em cada uma delas ele podia segurar uma criança.
Seus olhos pareciam duas lanternas ligadas, que iam iluminando o caminho por onde ele passava. Dava para ver o brilho deles quando se aproximava das janelas.
E o bafo?
Esse era terrível. Tinha cheiro de ovo podre e esgoto parado em curva de rio. Bidu não escovava os seus dentes enormes e podres de vampiro.
Felipinho e Carolzinha eram muitos desobedientes. Não faziam o dever na hora certa, queriam ficar na internet o dia inteiro, depois dormiam e tinham pesadelos.
O Bicho Bidu chegou!
Dessa vez ele não fez barulhos. Pegou as crianças e deu apenas um sussurro:
Auuuuuuuuuu… Eu sou o Bicho Bidu.
Enquanto Bidu corria a caminho de sua casa com as crianças nas mãos, sua barrigada roncava de fome.
Carolzinha e Felipinho pensavam que era apenas mais um sonho ruim, mas dessa vez não era, o Bidu realmente estava ali.
Bidu não era de mentirinha, ele ia fazer uma sopa com as criancinhas.
Ele não era de animação, nem mesmo da internet, tablet, celular ou televisão.
Seus olhos brilhantes iluminavam o caminho, na mata fechada em meio aos espinhos.
Bidu não parava de correr, ele tinha que estar em casa antes do dia amanhecer. Ele era muito feio e grande para aparecer durante o dia. Só saia a noite para pegar criança que desobedecia.
Onde Bidu morava, era cercado por muitas coisas que não faziam sentido.
Tinha balanço, bicicleta, lona de circo e vários outros brinquedos esquecidos.
Porém Bidu não sabia lidar com nada daquilo.
Quando chegou ao meio da floresta, Bidu colocou Felipinho e Carolzinha no chão.
Pegou uma concha e foi mexer a sopa que estava esquentando no fogão.
Carolzinha e Felipinho nada conseguiram entender. O que Bidu realmente com eles iria fazer.
Enquanto cuidava da sopa, Bidu apontou para os brinquedos esquecidos. Pegou um carrinho, uma boneca e entregou para a menina e o menino.
A noite estava quase se findando, a sopa já estava quase quente. Bidu sentou perto das crianças e começou a chorar.
Agora Carolzinha e Filipinho começaram a entender. Que Bidu não teve uma boa infância e foi obrigado a crescer.
Tudo que Bidu queria era aprender a brincar, com todos aqueles brinquedos esquecidos, mas ele não podia falar.
Felipinho e Carolzinha eram muito inteligentes e começaram a ensinar. Brincaram no balanço, soltaram pipa, jogaram bola e rodaram pião.
Eles notaram que enquanto Bidu brincava mudanças começaram a acontecer.
Os dentes de vampiro que estavam podres diminuíram e brancos voltaram a ser.
O bafo que era horrível, agora não tinha mais.
Os olhos, as mãos e cheiro, agora estavam normais.
Bidu era apenas uma criança, que não aprendeu a brincar. Era desobediente e não queria estudar.
Antes de amanhecer ele contou sua história para que eles pudessem aprender. Que crianças devem brincar, estudar e obedecer.
Antes de raiar o dia Bidu ensinou para Carolzinha e Felipinho o caminho de volta para casa de suas famílias. E deu um conselho interessante: “Sempre obedeçam a seus pais!”.
Tudo isso aconteceu antes do sol aparecer. Quando chegaram a suas casas Felipinho e Carolzinha contaram tudo para seus pais.
E tiraram uma lição de tudo isso, não desobedecer nunca mais. Pois eles não queriam ser obrigados a crescer. E com seus brinquedos esquecidos eles voltaram a conviver.
Eles ainda podiam usar a televisão, o tablet, o celular e o computador. Mas sempre depois de estudar, brincar e ir visitar a vovó e o vovô.
Então o Bicho Bidu os deixou em paz, porque eles aprenderam a não desobedecer aos seus pais.
O Bicho Bidu ainda está no beco, na beira do rio e na floresta. Esperando para buscar crianças desobedientes e sapecas.
Obedeça sempre o adulto que cuida de você, para uma lição com o Bidu não precisar apreender.
Fim