* Yáskara Lessa Lisbôa Ballard
Diante da falta de consenso em definir o autismo e na difícil compreensão de alguns termos técnicos encontrados, o conceito usado pela Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPSA, 2009) será usado como suporte nesse artigo. Tal conceito sugere que o autismo é uma síndrome acompanhada por uma tríade: comprometimento social (socialização), linguagem e comunicação (verbal e não verbal).
O autismo apresenta-se com um quadro clínico muito diferenciado em cada indivíduo, e por isso representa um desafio constante para os pesquisadores e profissionais que envolvem tanto a autista quanto a sua família.
Várias são as propostas de intervenção, além de medicamentos, temos terapia comportamental, abordagem psicopedagógica, metodologia da ABA (Applied Behavior Analysis, – análise do comportamento aplicada), equoterapia (terapia com cavalos), sinoterapia (terapia com cães), musicoterapia, reorganização neurológica, ITA (Imunoterapia Ativada), programa TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped Children, traduzindo: Tratamento e Educação de Autistas e Crianças com limitações (Handicapped) relacionadas à Comunicação), programa SON RISE, sendo os dois últimos os mais usados no Brasil. Entretanto, outra forma de tratamento, e que não é muito referenciada por órgãos e associações formais sobre o tema, é a intervenção psicomotora associada à integração sensorial.
Nessa terapia, não há preocupação com dificuldades psicomotoras que a criança possa apresentar, uma vez que, as habilidades corporais são produto das experimentações corporais, em situações espontâneas. Assim, as limitações corporais podem ser resultado da falta de vivência de situações cotidianas e não de comprometimentos funcionais. Portanto estimular a criança corporalmente é uma das premissas dessa abordagem.
Dentro da integração sensorial, diversos objetos são usados, cada um com sua característica, forma, textura, tamanho, densidade, peso, e tudo associado às situações individuais e com objetivos bem determinados.
Objetos comumente usados são, a água em contextos diferenciados (beber, lavar/molhar mãos e rostos, afundar objetos, borrifadas em temperaturas variadas); bambolês ou arcos (obstáculo, delimitação de espaços, roda, poço); blocos lógicos (montagens, associadas à contextos, histórias, organização de tamanho, cor, forma e alinhamento); bolas Bobath (permite contato entro o corpo da criança que se modela ao formato da bola, estabelece uma relação tônica); bolas de borracha (jogos estruturados); caixas de papelão (aconchego, esconderijo, projeções); colchonetes (saltos, quedas, rolamentos, espaço de descanso); músicas; papel; caixa mágica, jogo de memória, quebra-cabeças, balanços, pranchas de equilíbrio, rolos de diferentes diâmetros, cadeiras giratórias, entre muitos outros equipamentos.
É importante ter uma terapia que envolva o autista com seu contexto de vida, de acordo com suas particularidades, para que assim ele possa interagir a determinadas situações, ambientes, proporcionando o desenvolvimento real dessa criança e de suas ações e isso pode ser trabalhado durante a terapia de forma bastante lúdica.
Profissionais como, por exemplo, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos e fonoaudiólogos que trabalham com a integração sensorial devem ter cursos de especialização ou capacitação na área.
Enfim, é importante salientar que, para se trabalhar uma criança autista é indicado promover uma integração sensorial e, neste ponto, a psicomotricidade, sem dúvidas, é o primeiro passo para que isso ocorra sendo possível por meio dela a aquisição de conceitos importantes para o curso da vida da criança e de sua família.
* Yáskara Lessa Lisbôa Ballard é formada em Fisioterapia pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (2005), acadêmica de Medicina pelo Centro Universitário de Caratinga-UNEC; professora titular das disciplinas Neurofuncional, Movimento e Desenvolvimento Humano e Psicomotricidade, Hidroterapia e Cinesioterapia no curso de Fisioterapia no Centro Universitário de Caratinga – UNEC. Mestrado em Farmacologia e Química Medicinal pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013), Especialista em Biomecânica pela UFRJ (2010) e certificada pela ABRADIMENE no Conceito Bobath (2009).
Mais informações sobre autor (a): http://lattes.cnpq.br/8255997700629959