José Tassar faleceu no último sábado
CARATINGA – Faleceu, por volta das 22h de sábado (22), José Tassar, 87 anos. Há 15 dias ele havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Durante sua internação chegou a contrair pneumonia. José Tassar morreu em Muriaé, cidade onde estava internado.
Tassar nasceu na região de Leopoldina. Estudou até o terceiro ano do primário, mas tinha inteligência surpreendente. Aos 11 anos, acompanhou seu pai na construção da Rio-Bahia e aprendeu mecânica, ajudando a consertar veículos. Aos 16 anos, começou sua atividade profissional como aprendiz, vindo a ser mecânico de máquinas pesadas do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), que em tempos de abertura de rodovias tinha grande demanda por este tipo de serviço.
Depois de muitos anos nessa atividade, se interessou por eletrônica, fez alguns cursos por correspondência e começou a prestar serviços de manutenção e montagem de equipamentos de transmissão de rádio para a Rádio Sociedade Caratinga. Desde o início dos anos 1980 até este mês de novembro, José Tassar se manteve ativo, trabalhando para as emissoras do Grupo Sistec e para a Rádio Cidade FM.
Para os amigos, falar de José Tassar é falar de talento. Humberto Luiz Salustiano Costa destaca que Tassar foi uma pessoa de fácil relacionamento, pacífica e concentrada no serviço. “Fosse Tassar teria dito: ‘Se Deus lá no céu tinha algum problema no campo eletrônico, com a chegada de José Tassar estaria tudo resolvido’. Em verdade, perdemos um amigo e um técnico em eletrônica dos mais competentes”.
‘MAGO DA ELETRÔNICA’
Quem se recorda muito de histórias de José Tassar é o irmão Cristóvão Tassar, 75 anos. Com orgulho, conta que ele aprendia tudo sozinho e que foi responsável por grandes feitos na cidade. “Certa vez, que faltou energia em Caratinga devido a um problema nos geradores, ele colocou pra funcionar no Bairro Santa Zita, foi único lugar que teve energia. Já foi escolhido operário do ano. Na área de eletrônica, teve vários inventos. Fez um aparelho para afastar cachorro, que emitia um som audível para o cachorro, para a gente não, e o animal não chegava perto. Fez tipo um para raio, ficava pendurado na parede, para repetição de TV. Eram duas esferas, enrolamentos grandes de tratores e as molas do próprio motor ele soldou na esfera com uma peça de granito, para não pegar fogo. Quando o raio descia, não passava nos aparelhos. Não patenteou nada disso”
Cristóvão lembra que o irmão foi se aperfeiçoando e chegou a fabricar vários aparelhos, em tamanho reduzido, fáceis de serem carregados. “Ensinou muita gente, montou a rádio FM, AM e operadora de TV. Foi denominado o ‘mago da eletrônica’ quando descobriu interferência nas antenas de telefonia na rádio FM. Ele tinha certeza que era a frequência em cima da outra e me pediu um frequencímetro para provar isso. Após vistoria do Dentel (Departamento Nacional de Telecomunicações), viram que ele estava certo. Foi uma das grandes vitórias dele”.
Simples, humilde, Tassar atendia a todos sem distinção. Dos seis filhos, a maioria seguiu a carreira na área de telecomunicações. Cristóvão afirma que Tassar era bastante respeitado e querido por todos. “São muitas histórias, mas essa eu gosto de contar. Certa vez, Tenório Cavalcante, conhecido como o homem da capa preta, passou por aqui, explicou que o carro deu defeito, o limpador ia e não voltava e com a chuva não dava para seguir viagem assim. O Zezé fez uma engrenagem metálica pra nunca mais dar defeito. Ele também fez todo o sistema de eletrificação do Santuário”.
O corpo de José Tassar foi velado na Loja Maçônica Caratinga Livre, na Rua Raul Soares. Depois aconteceu o seu sepultamento no Cemitério São João Batista.