*Eugênio Maria Gomes
No mês de fevereiro, de 2017, enquanto terminava o prefácio do Livro “Janelas da Vida”, de autoria do Sr. Josephino Gonçalves, recebi a informação do falecimento de sua esposa, D. Zely Horsth Gonçalves. Cinco anos depois, também em fevereiro, recebo a triste notícia da passagem do dileto autor.
Quando li o rascunho da obra, com vistas a prefaciá-la, pude bem conhecer um pouco desse homem admirável. Um homem orgulhoso de sua ascendência e que sempre demonstrou coragem e determinação para lidar com as dificuldades, as encarando de frente, sempre amparado por uma profunda confiança no Criador. Sim, Sr. Josephino foi um homem de muita fé, muito temente a Deus e sempre pronto a acatar os seus desígnios.
Depois do lançamento de sua obra, eu tive a honra de entrevistá-lo no programa “Começo de Conversa”, transmitido pelas TVs Sistec, Super Canal e Unec TV. Foram 30 minutos de um bate-papo muito agradável, em que a inteligência do entrevistado era o tempo todo coroada por sua simplicidade e por sua gentileza. Filho de José Felício Gonçalves e dona Joaquina Cândido Gonçalves, foi o terceiro dos cinco filhos do casal, entre eles o saudoso Joaquim Felício. Ele era neto do Capitão Felisberto, personagem que enseja a narrativa de “Janelas da Vida”, história iniciada por volta de 1862 com a chegada do capitão ao Córrego dos Macacos, localizado entre os distritos de Dom Lara e Dom Modesto, no município de Caratinga.
Sr. Josephino sempre foi um homem muito criativo e empreendedor. Trabalhou desde criança e emancipou-se aos 16 anos para cuidar de seu próprio negócio, sendo um dos pioneiros do comércio de Caratinga, criando duas empresas de referência na região: a Casa Tamoio e a extinta Felgo Materiais de Construção. Somente uma pessoa dotada desse espírito de criar, de empreender, de adquirir e compartilhar conhecimento, poderia aprender a língua alemã, sozinho, pela internet, desenvolvendo grupos de conversação daquele idioma, com o apoio da tecnologia.
Membro da Assembleia da Fundação Educacional de Caratinga, em 2020 ele assumiu a presidência do Conselho diretor da instituição. Função que ele exerceu com muito zelo, muita competência, com firmeza e justiça. Como membro da assembleia da Funec eu posso afirmar que a sua gestão ficará marcada, para sempre, pela transparência e pela prévia discussão e debate das decisões a serem tomadas por ele. A pandemia do Covid-19 não foi suficiente para desestimulá-lo de sua proposta de gestão compartilhada: foram inúmeras as reuniões online e regulares as prestações de conta. Um exemplo a seguir, com certeza.
Sim, ele fará falta a todos nós. Mas, permanecerá o seu exemplo, o seu legado. Ele foi alguém que concretizou a ideia de que todos nós nascemos para voar. E voar bem alto, o mais alto que o nosso desejo e a nossa força de vontade determinarem, fazendo coisas como viver com alegria a nossa fé, ampliar os nossos horizontes, aprender com o trabalho, produzir, amar e conviver com os demais. O Sr. Josephino, em sua simplicidade, através do seu modo de ser, nos deixa a lição de que voar é a nossa missão! Sem medo da altitude, usando todos os recursos de que dispomos para vencer o medo, com fé e esperança, sabendo que, a cada dia, teremos a oportunidade de recomeçar, de voar novamente, mesmo tendo que superar muitos obstáculos.
Assim como o Capitão Felisberto – que após mais de um século e meio de existência entre nós, continua presente na memória -, o sr. Josephino estará sempre conosco através de suas ideias, do seu exemplo, do seu modo simples e, ao mesmo tempo, grandioso de viver. Seus filhos Maria Amélia, Ângela, Martha, José Luiz e Sérgio; seus netos e bisnetos, saberão abrir as muitas janelas da vida que estão por vir.
Os momentos finais de sua presença neste mundo foram de grande aproximação com a sua fé de profunda intimidade com o Criador. Aleluia! Os momentos de despedida de seu corpo demonstraram todo o amor e carinho que seus familiares tinham por ele e o quanto era querido por todos.
Após uma longa, feliz, produtiva e generosa existência, marcada pela capacidade de superação de obstáculos e pela habilidade de sempre alçar novos voo, talvez seu maior legado seja realmente, a lição de que, para aqueles que estão determinados a voar, não ter asas é apenas um detalhe…
…Pois voar não é apenas para quem tem asas, mas sim para quem tem coragem, firmeza e imaginação!
Voe em paz, Sr. Josephino. Descanse em paz! Até breve!
*Eugênio Maria Gomes é professor, escritor e membro da assembleia da Funec.