Família e assistente de acusação buscam condenação e prisão imediata. Crime aconteceu em 2009
CARATINGA- Desde março de 2009, a família do taxista Jônatas Ferreira de Assis clama por Justiça. Jônatas, que trabalhava no ponto de táxi da avenida Benedito Valadares, em Caratinga foi contratado para uma corrida do centro até o alto no cemitério, no Bairro Esperança. Ele foi morto com um tiro na nuca.
O taxista Jônatas era viúvo, pai de três filhos e sua família residia no povoado de Palmeiras, zona rural de Bom Jesus do Galho. Segundo apurações realizadas na época, o taxista havia contraído uma dívida para custear as despesas de uma viagem para os Estados Unidos, onde passou um tempo trabalhando. Segundo familiares, apesar da vítima ter alegado ter quitado toda a dívida, o mandante, que foi quem o levou para o exterior, insistia que ainda restava uma quantia da dívida, que era o “juros sobre juros”.
Os dois envolvidos no caso seguem em liberdade: Felipe Lopes Ferreira, identificado como o executor, foi condenado em 2013 a 15 anos de prisão e segue foragido. José Bento Ferreira, acusado de ser o mandante, vai a júri novamente nesta terça-feira (17). Em 2021, José Bento foi absolvido, mas, o assistente de acusação Dário Júnior e o Ministério Público recorreram e tiveram êxito na anulação do julgamento.
Na manhã desta segunda-feira (16), o advogado Dário Júnior e a sobrinha da vítima, Rosimar Calais, concederam entrevista à imprensa.
Conforme Dário Júnior, trata-se de um homicídio feito de forma covarde, duplamente qualificado por motivo torpe e por recurso que impossibilitou a defesa da vítima. “Primeiro, motivo torpe porque se tratava de uma extorsão de uma dívida já paga. A pessoa queria receber uma dívida que já havia sido paga pela vítima e pela sua família e pretendia isso de uma forma ameaçadora, tanto que acabou concretizando o homicídio. A outra qualificadora que a gente chama de objetiva, é o recurso que impossibilitou a defesa do ofendido. Foi um crime de pistolagem. Ele trabalhava de taxista, foi atender a um passageiro e em determinado momento da corrida levou um tiro na nuca, sem qualquer chance de defesa, o que aponta para esse acusado José Bento, que foi o autor das ameaças. E tempos antes ele havia tentado de fato já contra a vida do Jônatas Ferreira de Assis, conhecido como Jonatinha, na estrada de Bom Jesus do Galho, no momento em que José Bento efetuou disparo de arma de fogo em direção ao Jônatas, que só escapou porque pegou seu carro e correu em direção à Polícia Militar de Bom Jesus do Galho para noticiar o fato. Então isso já foi uma tentativa de homicídio que, infelizmente, à época, foi notificada como um disparo de arma de fogo. José Bento depois chegou a ser processado por isso”.
Conforme Dário, dias depois, a Polícia Militar de Bom Jesus do Galho já alerta com o fato de José Bento estar circulando na região, pois, era do estado do Espírito Santo, interceptou o acusado e apreendeu com ele uma arma de fogo. “Ele ficou alguns dias preso em virtude desse porte ilegal de armas. Então, todas as evidências amealhadas pela investigação apontam para a autoria do José Bento Ferreira como o mandante, a pessoa que encomendou a morte”.
O advogado também chama atenção para o outro réu, que já foi condenado por sentença transitada em julgado, ou seja, que não há mais possibilidade de recorrer. “Alguém que também participou da logística desse homicídio. E resta o julgamento justo do José Bento, digo justo, porque em 2021 ele foi submetido a júri e foi absolvido injustamente, tanto que o Ministério Público encaminhou o recurso juntamente com a assistência de acusação e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, os desembargadores entenderam que aquela decisão foi manifestamente contrária à prova dos autos O que significa que foi uma absolvição sem amparo nas provas. O que significa que as provas constantes no processo apontam para a responsabilidade penal do José Bento Ferreira, isso que nós vamos buscar no júri”.
Dário Júnior enfatiza que há 15 anos a família espera uma resposta ao crime. “O júri é composto por cidadãos de Caratinga, pessoas escolhidas no seio da sociedade, são sete pessoas que vão julgar. Se por maioria eles decidirem pela condenação, vão estar dando essa resposta tão esperada. Mas, ainda assim, como ele responde ao processo solto, há uma tendência de ser, ainda que condenado, concedido a ele o direito de apelar em liberdade. Ainda não temos essa certeza de que isso vai acontecer, porque há recentemente uma decisão do Supremo Tribunal Federal, tomada pelo plenário, que entendeu que em caso de julgamento pelo Tribunal do Júri, a prisão tem que ser imediata. Se houver uma condenação, vamos pedir imediatamente que seja decretada a prisão, com base nesse novo posicionamento do Supremo Tribunal Federal.
Rosimar Calais afirma que a família ainda busca conforto e Justiça para o crime, já que executor e mandante não foram presos. “O Felipe foi a júri no ano de 2013, condenado a 16 anos de prisão, recorreu ao Tribunal e caiu essa pena para 14 anos. Mas desde então o Felipe também está foragido, ele não cumpriu a pena e o que a família também aguarda nesse caso é pela prisão dele, para que possa cumprir a pena, assim como José Bento, que ele realmente seja condenado neste júri. Temos uma situação muito específica nesse caso, na época dos fatos, quando meu tio Jônatas foi assassinado pelo Felipe e a mando do José Bento, ele tinha três filhos adolescentes, que já eram órfãos de mãe, porque a esposa do meu tio, a Marlene, havia falecido de câncer um ano atrás. Foi uma situação muito difícil para os filhos e também para nós, a família. Uma situação muito difícil, que a família realmente aguarda por Justiça”.