Mercado sem rumo
Tivemos mais uma semana com o mercado de café sem rumo, apresentando fortes e rápidas oscilações diárias nas principais bolsas de futuro. Os interesses de curto prazo de fundos e especuladores comandam os pregões, tanto na ICE Futures US em Nova Iorque, como na ICE Europe em Londres. Os contratos de café sobem e descem com rapidez espantosa, reagindo quase que instantaneamente a boatos, números, estimativas de safra e “narrativas” que surgem nas redes ao longo dos dias, alterando o rumo do mercado em questão de segundos.
Brasil abastecendo o mundo?
Operadores de mercado parecem acreditar que a nova safra brasileira de café, que começa agora a ser colhida, resolverá sozinha os problemas de abastecimento do mercado mundial de café. “Como temos reafirmado a cada semana, até agora, nos fundamentos, as notícias e números que chegam ao mercado continuam apontando um quadro de aperto entre produção e consumo mundial, com os estoques – tanto nos países produtores como nos consumidores – pequenos e em queda, e consumo global em alta. Todos os principais países produtores de café, têm enfrentado problemas nos últimos anos com as incertezas climáticas, que levam a quebras importantes na produção de seus parques cafeeiros”, diz análise feita pelo Escritório Carvalhaes.
‘Sobe e desce’ continua
Depois de uma semana de muito “sobe e desce” nas cotações em Nova Iorque. Sexta-feira (12), os contratos de café na ICE americana oscilaram menos e fecharam com pequenas quedas, praticamente estáveis. Os para julho próximo bateram em US$ 1,8640 na máxima do dia e fecharam o pregão com perdas de 15 pontos, a US$ 1,8285 por libra peso. Quinta-feira (11) caíram 295 pontos. No balanço da última semana, esses contratos recuaram 520 pontos.
CECAFÉ
Na última quarta-feira (10), o CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no mês de abril foram embarcadas pelo Brasil 2.722.180 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 10 % (312.302 sacas) menos que no mesmo mês de 2022 e 12,3 % (381.095 sacas) menos que no último mês de março. Foram 2.271.932 sacas de café arábica (onde a queda foi maior, de 15,4 % em relação à março de 2022) e 123.356 sacas de café conilon, totalizando 2.395.288 sacas de café verde, que somadas a 324.265 sacas de solúvel e 2.627 sacas de torrado, totalizaram 2.722.180 sacas exportadas em abril último.
Vietnã
As exportações de café do Vietnã, maior produtor e exportador global de café robusta, totalizaram em abril 163.607 toneladas, uma queda de 22,2% em relação ao mês anterior, mostraram dados da alfândega do governo na última terça-feira (Reuters).
Colômbia
A FNC – Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, divulgou no dia 5 de maio que a produção de café da Colômbia, de janeiro a abril deste ano, caiu 6% ante igual período de 2022, para 3,26 milhões de sacas de 60 kg. No mês de abril, a queda foi de 25% ante o mesmo período do ano passado, para 566 mil sacas. Nos últimos 12 meses – maio de 2022 a abril de 2023 –, a produção colombiana de café registra queda de 9%, para quase 10,9 mi de sacas. Até o final de abril, no ano cafeeiro colombiano – outubro de 2022 a abril de 2023 – a queda de produção é de 11 %. Esses números indicam que a Colômbia poderá ter de importar 5 milhões de sacas para cumprir seus compromissos em 2023.
Colheita
A colheita de café no Brasil começa a tomar ritmo. Os trabalhos já estão em andamento em parte das lavouras do Sul de Minas. A região deve colher cerca de 13 milhões de sacas de café em 2023. De acordo com o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Lucas Bartelega, de 15 a 20% dos cafeicultores já iniciaram a colheita dos grãos (EPTV – sul de Minas).
Dólar
O dólar fechou sexta-feira (12) em queda de 0,28 %, a R$ 4,9230. Na sexta-feira (10), apresentou queda de 0,96 % frente ao real, fechando a semana a R$ 4,9440. Na sexta-feira anterior, dia 5, encerrou a semana a R$ 4,9870.
Preços
Em reais por saca, os contratos para julho próximo na ICE americana fecharam sexta-feira (12) a R$ 1 190,75. Quinta-feira (11) fecharam a R$ 1 195,11. Encerraram a sexta-feira anterior (5) a R$ 1 229,83. No mercado físico brasileiro, os compradores diminuíram o valor das ofertas ao longo da semana acompanhando a queda em Nova Iorque e do dólar frente ao real. Os produtores se mostram retraídos, mantendo o mercado com poucos negócios realizados, praticamente paralisado.
Embarques
Até dia 12, os embarques de maio estavam em 494.822 sacas de café arábica, 14.624 sacas de café conilon, mais 63.991 sacas de café solúvel, totalizando 573.437 sacas embarcadas, contra 341.938 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 12 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 845.173 sacas, contra 464.732 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Bol$a de valore$
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 5, sexta-feira, até o fechamento de sexta, dia 12, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 520 pontos ou US$ 6,88 (R$ 33,86) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 5 a R$ 1229,83 por saca, e sexta-feira (12) a R$ 1190,75. Nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 15 pontos.