* Sávia Francklin Mansur
Eu, como cidadã, trabalhadora e pagadora de meus impostos, tenho me esforçado sobremaneira para manter um bom astral e a credulidade em uma nação esfacelada por políticos que demonstram ter por meta, levar o país à bancarrota e à descrença mundial. Isto tem se refletido significativamente em meu trabalho de educadora, no qual, tenho feito um grande trabalho mental comigo mesma para não sucumbir à desilusão que nos assola.
Estamos vivendo momentos inesquecíveis em se tratando do nosso país. Há alguns dias ouvi uma reportagem sobre duas crianças, (idades de 10 e 11 anos), que roubaram um veículo, e entenda-se aqui, que roubo, para os juristas é apropriação de um bem móvel com envolvimento de violência ou grave ameaça. Uma das crianças foi morta por um policial. O fato gerou uma enorme polêmica diante de um contexto, a meu ver, sem a verdadeira essência do ocorrido. Em meio a tantas perguntas, do tipo se a criança estava armada, se o policial estava certo ou errado, percebi que ninguém parou para pensar no triste e verdadeiro quadro delineado aos nossos olhos: uma criança de 11 anos já ingressada no mundo da criminalidade!!!
A sociedade brasileira, ao presenciar a morte desta criança, diante de quaisquer que tenham sido as circunstâncias, atestou uma derrota e se mostrou incapaz de resolver seus problemas sociais. Diga-se, de passagem, derrota esta pertencente a 206 milhões de habitantes. O que mais me assustou foi que ninguém refletiu sobre o fato em si. Estamos presenciando um círculo vicioso, onde o indivíduo que nasce pobre há de morrer em tal circunstância, sem a menor chance de qualquer expectativa ou perspectiva de obter algo em sua trajetória de vida.
Não pretendo aqui, fazer qualquer crítica aos regimes políticos ou governos, mesmo porque, se eles estão no poder, fomos nós que os colocamos lá, mas tentar levar a cada um que ler este texto, principalmente educadores, a repensar e rever os valores que têm sido distorcidos. Estamos em circunstâncias que, aos poucos, temos impelido às vitimas uma responsabilidade que não lhes pertence, como se fosse uma justificativa aos erros, principalmente de omissão, cometidos por nós.
Repensem educadores, o quão responsáveis somos por gerações e gerações e como podemos plantar sementes! Não desanimemos! Mesmo que o solo seja árido, não podemos desistir! Em nossos jovens está a esperança de um país de dimensões continentais! Sei que o momento é de desilusão, de decepção e descrença, mas de grandes lutas hão de vir grandes vitórias! Nosso país está sendo passado a limpo e nós educadores não podemos deixar que nossos jovens desacreditem, deixem de querer e clamar por mudanças. Precisamos fomentar o desejo de fazer e acontecer nessas gerações que estão chegando. Em nossas mãos de educadores está a base de grandes construções, ou de grandes desabamentos. Mesmo que a desvalorização de nossa profissão nos imponha sobrecarga de trabalho e múltiplos empregos, não podemos e não devemos relevar nossos ensinamentos. Sei que muitos devem estar desanimados e descrentes, mas peço a todos para refletirem sobre NÓS, educadores. Lembrem-se da história das estrelas na praia que conta assim: “era uma vez, uma praia cheia de estrelas do mar; uma pessoa que por ali passava resolveu devolver uma a uma ao mar. Outra pessoa, vendo a cena, resolveu perguntar ao indivíduo o que ele estava fazendo. Ele respondeu que estava devolvendo as estrelas ao mar para que não morressem. O outro argumentou dizendo que ele não conseguiria, pois eram milhares e milhares de estrelas. O indivíduo que jogava uma estrela de cada vez ao mar olhou bem dentro de seus olhos e disse: “para esta estrela eu fiz a diferença”.
NÓS, podemos fazer alguma diferença!
*Gostaria de agradecer a uma grande educadora, que em todos os dias de minha vida de professora, (carreira esta que surgiu há 10 anos), me inspira e me faz repensar todos os meus ensinamentos. A ela que me faz refletir sempre e me leva à busca eterna e incansável de tentar ser uma pessoa melhor. A você, amiga e PROFESSORA Lamara, meu muito obrigada!
* Sávia Francklin Mansur – Nutricionista
Graduada pela UFV- Viçosa, MG; Pós Graduada em Saúde Pública pela UFV. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade pelo UNEC, Caratinga, MG. Professora do Centro Universitário de Caratinga – UNEC, Caratinga, MG do Curso de Nutrição. Coordenadora do Setor de Nutrição da SMS de Manhuaçu.
Responsável Técnica pela Unidade de Alimentação e Nutrição – SND – da SMS de Manhuaçu
Mais informações sobre o autor(a): http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4209839P0.