Núcleo realiza ações virtuais da campanha
CARATINGA- Diagnóstico e uma nova realidade diante do desconhecido. O medo é o principal sentimento relatado pelos pacientes que descobrem o câncer. O Outubro Rosa traz a mensagem da importância da prevenção.
Assistidos e Núcleo relatam que o acolhimento e o diagnóstico precoce são fundamentais para encarar a doença.
“NÃO DEIXE OS EXAMES NA GAVETA”
Ana Margarida, moradora do Bairro Aparecida, descobriu que estava com câncer em 2016. “Eu tinha 39 anos, foi muito difícil porque a mamografia é só a partir dos 40, então, tive que correr muito atrás para conseguir fazer, mas, graças a Deus, consegui”.
Ela relata que iniciou o tratamento em Muriaé, fazendo quimioterapia e radioterapia e conheceu o Núcleo através do cunhado. “A partir dessa apresentação passei a fazer parte de vários programas daqui, temos assistência médica da fisioterapia, acupuntura, as oficinas, psicóloga. Você é acolhido em todos os sentidos. Mas, meu tratamento não foi muito tranquilo, teve muitos obstáculos, mas, graças a Deus, consegui vencer quase todos. Ficam as sequelas e vamos tentando superar dia a dia”.
Frisando que está recuperada, Ana deixa sua mensagem de encorajamento. “Não tenha medo. Faço o autoexame em casa, se detectar alguma coisa procure o especialista. Não deixe os exames na gaveta, leve para o médico analisar, não só o problema em si da mama, mas, qualquer tipo de exame. Corra atrás, não espere agravar. Quando descobri que estava com câncer já tinha dois anos que eu estava doente e não sentia sintomas. A partir do segundo ano que comecei a sentir e busquei o porquê de estar ficando tão debilitada, mas, nunca imaginei que era um câncer”.
A respeito da assistência prestada pelo Núcleo, ela se emociona e classifica a instituição como “tudo”. “Aqui você acha amor, compreensão, amizade, de um modo geral. O Núcleo e a minha família conseguiram me levantar. Se não fosse o amor da minha família e o acolhimento que eu tive aqui, que considero todos como amigos, acho que não teria levantado tão depressa como consegui levantar”.
“NO INÍCIO FOI DESESPERADOR”
Moradora do Bairro Santo Antônio, Juscelaine Silva teve seu diagnóstico em novembro de 2020. “Ao acordar, espreguiçando, descobri que eu estava com um caroço, algo estranho. Imediatamente procurei o médico, teve início a investigação, com exames. E, em janeiro, saiu o resultado da minha biópsia, detectando que era maligno. Comecei a fazer outros exames e, em março, comecei a fazer minha primeira quimioterapia, que terminou em setembro. Recentemente, fiz uma cirurgia para retirada do nódulo”.
Ela revela que o início foi desesperador, pois, associava o diagnóstico de câncer à metástase e à morte. “Foi esse meu primeiro impacto, mas, depois, com acolhimento da minha família, amigos, foram me passando força. Pedia a Deus sempre, o estágio 1 eu sabia que não estava, pois, já estava bem grandinho, o 4 eu não aceitava. Eu pedia o Senhor para estar no 2 ou 3 e foi exatamente o que Deus fez, o médico me deu o resultado e falou que estava entre o 2 e o 3. Fiquei mais aliviada, porque eu sabia que o tratamento chegaria onde os médicos queriam, que é a cura”.
Com a queda do cabelo, Juscelaine conheceu o trabalho realizado pelo Núcleo. “Foi uma das coisas que mais me machucou, o cabelo começou a cair, foi muito difícil. Até então eu era leiga nessas coisas, nunca tinha passado por um processo parecido ou convivido com alguém nessa experiência. Procurei, eles tentaram me acolher, viram que meu emocional estava abalado. Me deram tudo que foi possível, a peruca, lenço”.
A paciente afirma que o apoio da instituição tem sido fundamental durante o tratamento. “Foi algo que me ajudou muito também. Fizeram com que eu me sentisse bem. Meu filho, na época que eu descobri ele estava com 12 anos, começou a ficar extremamente agarrado comigo. O Núcleo também abraçou ele, hoje ele faz terapia aqui, abri mão da minha terapia pra ele fazer. Graças a Deus, eu e ele estamos bem. Após a cirurgia, foi como se tirasse um fardo de mim. Só tenho que agradecer a Deus, primeiramente, e todos que estiveram ao meu lado, me dando apoio e ao Núcleo também”.
O NÚCLEO
Ao longo deste mês, o Núcleo está realizando ações virtuais em menção ao Outubro Rosa. A assistente social Amanda Tolledo detalha as atividades. “Esse ano, devido à pandemia, a abordagem é um pouquinho diferente, gostamos de frisar esse período, que movimenta muita para essa causa. As pessoas procuram mesmo se cuidar. São algumas palestras e por meio de nossas mídias sociais. Aqui dentro da instituição também estamos abordando os pacientes sobre o tema, os acompanhantes e ressaltando com eles também”.
Amanda frisa que é necessário falar sobre o câncer. “Muitas pessoas acabam focando muito só no câncer de mama e essa prevenção é como um todo, tanto para homem e para a mulher. Além do foco no câncer do colo de útero. A procura tem que ser para ambos os diagnósticos”.
O preconceito ainda é uma barreira que precisa ser enfrentada, como ela analisa. “Na procura do tratamento acontece para ambos, mas, costumamos falar que as mulheres procuram mais pelos médicos, saber como está mais a saúde. Já o homem fica mais na defensiva. Todos têm que se cuidar de forma igual, nossa saúde que está em risco. Câncer de mama, apesar de ser muito raro em homens, mas, pode acontecer. O primeiro cuidado é o autoexame. Não tem época do ano, o cuidado tem que ser contínuo, temos que estar sempre verificando”.
1.000 famílias são cadastradas no Núcleo, que atende a Caratinga e mais 13 municípios. A psicóloga Luiza Carraro analisa o papel da entidade em diversos momentos, desde a prevenção, ao o diagnóstico, tratamento e também a fase terminal. “O acolhimento é uma das coisas que os pacientes mais sentem aqui na nossa casa, não tratamos aqui da doença em si do câncer, tratamos das pessoas que estão doentes. Tratamos a pessoa e não a doença porque isso é muito particular, cada um vai sentir de alguma forma. Não tem como a gente generalizar um cuidado, por isso as pessoas se sentem acolhidas, pois cada um será acolhido da forma e no momento que necessita”.
O câncer afeta muito o emocional da mulher, se tratando de alguns aspectos da doença, como explica. Por isso, a importância também de um acompanhamento psicológico. “O corpo, a sexualidade também, que é uma coisa pouca falada, mas, também um ponto muito importante que afeta elas no relacionamento. Sabemos que cai o cabelo, que tem um processo de cirurgia, a mastectomia que muitas mulheres vão esconder esse aspecto. Sabemos que o processo psicológico pode estar em algum destes momentos, mas, o que mais sentimos que elas buscam essa ajuda, vai ser no momento do tratamento, com a cirurgia e a quimioterapia”.