CARATINGA – O diagnóstico e gerenciamento de seu distúrbio neurológico é uma parceria entre você e seu neurologista. Grande parte dessa parceria baseia-se em partilhar as suas informações de saúde. Nessa entrevista, a médica Danielle Viana tira dúvidas comuns, quanto a essa especialidade e dá dicas de como aproveitar de forma integral uma consulta médica. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG) em 2012, tem título de especialista em Neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia e Associação Médica Brasileira e concluiu sua especialização médica na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte em 2016.
O que é a neurologia?
A neurologia é uma disciplina médica que se dedica ao diagnóstico de doenças do sistema nervoso central e periférico (nervos), ocupando-se de uma variedade de casos. E o neurologista clínico é o médico que se dedica ao estudo e tratamento das doenças do sistema nervoso
Quais são os principais motivos que levam o paciente a procurar um profissional dessa área?
Os motivos mais frequentes que podem levar a procurar a ajuda de um neurologista são dores de cabeça (cefaleia), tonturas, perda de força, alterações de sensibilidade, formigamentos, alterações na vista, tremores, desmaios, perda de memória, alterações da fala e do comportamento, distúrbios do sono (insônia), entre outros.
Quais as doenças mais comuns tratadas pela Neurologia?
São do campo da neurologia as doenças orgânicas que envolvem o sistema nervoso central e periférico. As doenças que a neurologia e o neurologista mais tratam são as cefaleias (dores de cabeça), distúrbios do sono (como a insônia), doenças cerebrovasculares (conhecidas como “derrames”), os distúrbios do movimento (como a Doença de Parkinson), as epilepsias, as demências (como a Doença de Alzheimer), as doenças desmielinizantes (como a Esclerose Múltipla), as neuropatias e as doenças neuromusculares.
Quais exames um neurologista geralmente solicita?
Vários exames podem ser solicitados pelo neurologista, como a tomografia, ressonância magnética, eletroencefalograma, exames laboratoriais, eletromiografia, entre outros. É sempre importante lembrar que os exames são complementares a avaliação médica e sua solicitação deve ser individualizada de acordo com as queixas do paciente e o exame físico. Eles não devem nunca substituir uma boa avaliação médica.
O que é importante saber, quando uma medicação é receitada pelo neurologista?
Sempre devemos ter a certeza que se compreendeu de forma clara qual medicamento foi prescrito, como você deve usá-lo, quanto tempo você irá fazer uso dessa medicação e possíveis efeitos colaterais dos medicamentos receitados. O ideal é não sair com dúvidas do consultório. O uso correto das medicações, respeitando a dose e os horários, é de fundamental importância para o sucesso do tratamento.
Como a neurologia pode ajudar no dia a dia das pessoas?
As doenças neurológicas podem alterar de forma significativa a rotina de vida das pessoas, pois muitas vezes causam limitações físicas e cognitivas. No caso de doenças tratáveis, como a epilepsia, as enxaquecas ou a esclerose múltipla, entre outras, o diagnóstico precoce e correto permitirá um controle mais adequado e rápido das suas manifestações e uma melhor evolução. No caso de doenças degenerativas, em que não existe tratamento, o diagnóstico precoce é importante para que o paciente e a sua família obtenham o apoio necessário durante a evolução da doença. Um bom controle das patologias neurológicas torna possível um melhora significativa na qualidade de vida dessas pessoas.
Qual o papel da neurologia frente ao aumento da expectativa de vida?
Com o aumento da expectativa de vida tem-se observado uma incidência maior de doenças que afetam a cognição, como a Doença de Alzheimer, derrames e diagnósticos de doença de Parkinson. Algumas patologias neurológicas têm como principal fator de risco o aumento da idade. Cabe ao neurologista diagnosticar essas doenças e orientar um tratamento adequado, ajudando não só o paciente no controle dos sintomas, mas também orientando cuidadores e familiares sobre a evolução dessas patologias e a melhor forma de realizar os cuidados necessários.
É necessário ir ao neurologista sem sintomas?
Em alguns casos sim. Familiares de pessoas com doenças neurológicas hereditárias graves devem, na maioria das vezes, procurar apoio médico precocemente, assim pode-se reduzir a velocidade de evolução das doenças e se orientar de maneira adequada. Outras pessoas que têm antecedentes familiares de doenças neurológicas, como a doença de Alzheimer, devem ir a um especialista, como medida preventiva. Existe, no entanto, para alguns pacientes, uma dificuldade em aceitar a possibilidade de doença o que poderá levar a adiar a procura da ajuda médica. No caso de pessoas que se preocupam de ter um envelhecimento patológico, é aconselhável consultar um neurologista para descartar a existência de alterações ou, para que estas sejam prontamente tratadas, caso se confirme a sua existência.
Como posso tirar o máximo proveito de uma consulta médica?
A consulta médica será sempre mais vantajosa se você estiver preparado para ela. O ideal é se planejar antes da consulta anotando as perguntas que você gostaria de fazer, listando as dúvidas mais importantes em primeiro lugar. É aconselhável, se possível, levar um acompanhante as consultas, além de ajudar a guardar as informações recebidas essa pessoa poderá informar coisas que acontecem durante o sono, ou que não são percebidas pelo paciente, por exemplo. Trazer as receitas médicas anteriores ou levar os medicamentos que faz uso é de extrema importância. Levar outras informações médicas e resultados de testes, tais como os resultados de laboratório, raios-X e ressonância magnética. Dê ao neurologista qualquer informação sobre seus sintomas ou condição. Uma boa consulta depende não só das habilidades clínicas do médico, mas também das informações que o paciente traz a respeito de suas queixas. A história clínica é fator crucial para a definição de um diagnóstico correto.