Caixas d’água destampadas têm sido consideradas o maior vilão no combate à doença. População é chamada a colaborar e ficar em alerta
CARATINGA – O município de Caratinga segue em alerta em relação aos casos de doenças provocadas pelo mosquito Aedes Aegypti. Os números apresentados no Boletim Epidemiológico de Caratinga trazem preocupação à população.
Para esclarecer as medidas que estão sendo tomadas frente ao aumento do número de casos notificados, o superintendente de Saúde, Ernany de Oliveira Duque Junior, e o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue em Caratinga, Romagno Alves Costa se pronunciaram por meio de coletiva de imprensa.
Ernany de Oliveira lembra que como já havia sido divulgado, são 488 casos notificados, sendo que somente cinco foram positivos, pois ainda não há comprovação do restante. Além disso, são 29 notificações de Zika Vírus, ainda sem nenhuma confirmação ainda e duas de Chikungunya. “É importante trazer para a população a importância do trabalho que está sendo feito e de ter que ficar alarmada ainda, porque estamos em um período do aumento do número de casos, o que traz pra Secretaria de Saúde uma grande preocupação. Historicamente, a gente tem notado nos municípios vizinhos que esses casos aumentaram mais em meados de janeiro e fevereiro e aqui em Caratinga esse aumento se deu agora”.
O superintendente de Saúde destaca que já era esperado um aumento do número de casos, devido à circulação do vírus Zika, no entanto, o município saiu de um quadro que até então era considerado controlado. Frente a esta nova realidade, ele garante que o município está preparado para o atendimento adequado à população. “Estamos desenvolvendo uma série de ações que já vinham sendo desenvolvidas anteriormente, mas estamos intensificando para nos próximos dias diminuir o número de casos. Nós estamos preparados para atender a população, temos nossas unidades, o hospital e estamos diretamente junto a Superintendência Regional de Saúde. Temos inclusive um plano de contingência, que já foi encaminhado para o estado, que prevê em caso de surto maior, já há ações que serão feitas para atender a população de forma mais rápida e digna”.
FUMACÊ
Romagno Alves completa explicando que até a sexta semana epidemiológica desse ano, a situação do município era confortável. A partir da sétima semana, que coincide com a semana seguinte ao carnaval, este número saltou de 63 casos para 124, o que despertou para a necessidade de um novo método de trabalho.
Até então, se fazia um controle através de UBV portátil, utilizado, a princípio, para fazer bloqueio de transmissão. “Ou seja, a partir do momento que chega pra gente um primeiro caso de Dengue, vamos até essa pessoa e fazemos uma entrevista para ter certeza se ela contraiu aqui ou veio com isso de fora. Depois
de feito isso, independentemente de ser de fora ou não, a gente faz um bloqueio daquele quarteirão, presumidamente que a pessoa tenha pegado a doença naquelas imediações e nos que confrontam com ele, com o objetivo de impedir que aquele mosquito que tenha vindo a picar e se contaminar com essa pessoa possa disseminar essa doença naquela localidade. A gente entra com o UBV portátil, porque não tem necessidade de um alcance maior. Paralelamente, fazendo o controle e acompanhando os boletins”.
Percebendo que com o pico da sétima semana, o UBV portátil já não estava funcionando, passou a entrar em ação o UBV pesado, popularmente chamado de “fumacê”. Romagno esclarece a utilização deste novo recurso. “A população sempre nos cobra, principalmente quando tem aumento de pernilongos, mas não depende só da nossa vontade. É uma série de fatores epidemiológicos para desencadear isso. Então, primeiramente, a gente comunica o estado, passamos os nossos dados que justifiquem solicitar esse inseticida e depois um comitê decide se vai ou não liberar. Passamos por todas essas etapas e concordaram da nossa necessidade”.
Além das medidas tomadas pelo município, o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue em Caratinga chama atenção para a necessidade de colaboração da população. Ele afirma que o maior vilão do combate à Dengue tem sido as caixas d’água. É importante que a comunidade fique atenta a isso. “Queremos deixar bem claro que UBV pesado está longe de ser uma solução definitiva para o controle da Dengue. Isso é simplesmente uma medida. O ideal seria que não tivesse acontecido a doença, mas infelizmente não foi possível. Pedimos que a população mantenha-se cuidando de suas casas, preste atenção em seu quintal. Qualquer recipiente que possa conter água, que seja destruído antes que vire um criadouro do mosquito. As caixas d’água nesse momento são o nosso maior problema. Peço que as pessoas vejam se sua caixa d’água esteja bem coberta. Se tem condição de passar o mosquito, tem que ser vedada. Estamos tentando até adquirir telas para colocas nas caixas d’água como medida de proteção”.