Confusão aconteceu em Dom Cavati e teria sido motivada por uma folha de cheque
DOM CAVATI – Os hematomas no corpo de Rose Mara Aparecida Dias Domingos, 42 anos, mostram a dimensão da agressão: corte no braço e marcas nos olhos e na face. A vítima disse que a ‘sessão de tortura’ teve início no final da noite desta terça-feira (13) e durou cerca de duas horas. Nestes 120 minutos, ela relata que foi agredida violentamente, abusada sexualmente e, por fim, ameaçada de morte. Os autores seriam Efigênia Dias de Morais Barros, 41, e Julimar Custódio de Oliveira, 32; e a confusão teria sido motivada por uma folha que cheque que Rose Mara emprestou para Efigênia.
Conforme informado à Polícia Militar, Rose Mara forneceu uma folha de cheque para Efigênia e depois quis saber o que foi feito com esse cheque, já que a data prevista para apresentação seria 30 de setembro de 2015. Efigênia não gostou dessa atitude e disse que foi desmoralizada. “De acordo com a vítima, após o jogo da seleção brasileira de futebol contra a seleção venezuelana, Efigênia foi até sua casa e ela a convidou para entrar. Efigênia e Julimar entraram na residência, expuseram o problema e teriam dito que foram ‘acabar com a raça de Rose Mara’. Então, a vítima disse que começou uma ‘sessão de tortura’”, relatou cabo Marcos.
Aos policiais, Rose Mara relatou que foi despida e que os acusados chegaram a introduzir os dedos em seu órgão genital.
A PM fez rastreamento e conseguiu prender os suspeitos quando eles chegavam à casa de Efigênia. “Negaram as acusações, porém a Polícia Militar foi informada que eles foram para zona rural de Iapu, tomaram banho e consumiram com as roupas que estavam usando no momento da agressão, pois elas estariam sujas de sangue; esconderam a faca e voltaram para Dom Cavati como se nada tivesse acontecido”, ressaltou cabo Marcos.
Os suspeitos foram ouvidos pelo delegado Evandro Radaelli. Conforme o delegado, Efigênia confirmou a participação e disse que não se arrepende do que fez. No entanto, Julimar negou participação e disse que tentou apartar as duas mulheres. “A acusada disse que tinha vontade de matar a vítima. Porém a atuação foi de muita crueldade e chegaram a passar a faca no corpo da vítima. E ainda ficavam escolhendo o local que iriam enfiar a faca. Além disso, cometeram abuso de cunho sexual, conforme relato da vítima”, especificou o delegado.
Não foi informado o valor do cheque, mas as primeiras apurações apontam que se trata de um valor considerado pequeno. A Polícia Civil verificou que Rose Mara tinha o hábito de emprestar cheques para Efigênia. “Elas têm relacionamento familiar. Os dois filhos da vítima são casados com as filhas da autora”.
De acordo com o delegado Evandro Radaelli, Efigênia e Julimar irão responder por tentativa de homicídio, “pois ela conta que queria matar a vítima”; e estupro. O delegado explicou que não houve crime de tortura. “Para ser autuado por crime de tortura, tem que ocorrer as finalidades previstas na lei, que não estão no caso analisado”.
Após serem ouvidos pelo delegado, Julimar e Efigênia seriam conduzidos ao presídio da cidade de Inhapim.
VÍTIMA
Rose Mara conversou com a imprensa e contou o que lhe aconteceu. Ela disse que foi chamada logo após o final da partida de futebol entre Brasil e Venezuela. Ao atender, viu que se tratava de Efigênia. “Fui atender porque Efigênia é uma pessoa que considero de ‘casa’, pois é sogra dos meus filhos. Desci a escada, abri a porta e ela (Efigênia) perguntou se poderia entrar”.
Conforme a vítima, Efigênia e Julimar entraram e ficaram na sala. Rose Mara relatou que a acusada disse que teria recados dos filhos e chegou a pedir uma xícara de café. Quando Rosimara foi preparar o café, a conversa mudou de tom. “Ela veio pra cima de mim e disse que ficou sabendo que eu fui até o estabelecimento comercial para requerer a folha de cheque. Eu confirmei que fui e disse que o cheque era até o dia 30 e até agora você não me procurou e eu tinha que saber qual a situação desse cheque”, alegou a vítima.
Em seguida, de acordo com a vítima, Efigênia disse ficou desmoralizada com essa atitude. Então, as agressões começaram e Rose Mara levou um tapa na face. “O cara (Julimar) se aproximou e me agrediu também. Eles me imobilizaram e me levaram para o quarto. Ela me bateu muito, me deu socos no rosto. Enquanto ela me batia, o cara tirava a minha roupa”.
Rose Mara disse que Efigênia chegou a comentar que queria deixá-la nua, já ela gosta de postar fotos nas redes sociais. “Em determinado momento, ela (Efigênia) disse assim: Agora eu quero vê-la postar fotos com o rosto todo marcado”, contou a vítima.
Após ser despida, Rose Mara foi jogada na cama e os suspeitos disseram que abusariam dela. A vítima preferiu não falar sobre os abusos sexuais e disse que foi muito agredida e as marcas ficaram na sua boca e no seu rosto. “Eu pedi pelo amor de Deus para que parassem, mas eles diziam que iriam me matar. Eu pedi pelo amor de nossos netos e nem assim Efigênia atendeu”, recordou a vítima.
O marido de Rose Mara trabalha no Rio de Janeiro e ligou para conversar com ela. Como Rose Mara não atendia, ele insistiu com as ligações. Julimar foi desligar o telefone celular e Rose Mara tentou fugir. “Mesmo estando nua tentei fugir, estava com medo de ser morta. Mas eles me pegaram e me agrediram novamente”.
Desta vez, conforme a vítima, os autores usaram uma faca e passaram esse objeto sob o seu corpo, chegando a fazer um corte no braço direito de Rose Mara.
Antes de partir, os autores fizeram ameaças disseram para que Rose Mara não contasse o ocorrido para ninguém. “Falaram para eu inventar que fui agredida porque tenho um jornal e poderia ser algum desafeto o autor desta agressão”, descreveu a vítima.
Só com a saída de Julimar e Efigênia de sua casa, que Rose Mara conseguiu acionar a Polícia Militar. “Peço que a justiça seja feita, pois ela me avisou que cedo ou tarde irá me matar”.