Neste domingo iremos concluir a nossa série semanal sobre as mudanças climáticas e como estas mudanças já fazem parte do nosso dia a dia. Nesta edição iremos tratar basicamente das mais variadas formas para chegar ao nosso objetivo atual, que é de reduzir os nossos impactos nos ambientes naturais para que assim seja possível reduzir, também, os efeitos destes impactos no clima.
4 – Mudanças Ambientais Globais e o nosso amanhã
Já faz alguns anos que ouvi uma história relacionada com a nossa percepção das mudanças no clima que vemos atualmente. Nesta história relacionava a reação de um sapo ao ser submetido a duas situações diferentes. Na primeira, uma panela cheia d’água seria aquecida e quando a água estivesse bem quente, o sapo era jogado na panela. A reação do sapo, a mais lógica possível, foi de escapar o mais rápido possível desta situação ruim, ou seja, de perigo. Na segunda, o sapo seria colocado junto com a água na panela e lentamente a água seria aquecida, até a temperatura da primeira situação. O resultado mais esperado seria a mesma reação observada na primeira situação, mas isso não aconteceu. O sapo continuou na panela, pois a temperatura estava aumentando aos poucos e esse aumento não era tão grande para incomodá-lo. No entanto, a temperatura ficou muito alta até o ponto que ele não conseguiu mais sair da panela. Após esta breve história, a conclusão que podemos tirar é que nós, devido às nossas atitudes, somos o sapo no que se diz respeito às mudanças no clima que vivemos atualmente. Algumas vezes a nossa falta de sensibilidade e compreensão, também algumas vezes a falta de instrução, faz com que não notamos que as mudanças estejam ocorrendo e impedem que atitudes sejam tomadas para que estas mudanças não se agravem no futuro.
Desta forma, é necessário ter em mãos diversas medidas para a redução dos nossos impactos sobre as mudanças climáticas atuais. Uma parte destas medidas já foram descritas em edições anteriores, em que dissertava sobre as questões da crise hídrica atual. Nós como cidadãos conscientes temos de entender que atitudes de redução do consumo per capita de água é importante para a manutenção equilibrada das fontes que abastecem a cidade, que nesta crise, que ainda é grave, ainda serão muito requisitadas. Outra é a questão do (des)preparo do governo, seja em quais forem as escalas, federal, estadual ou municipal. Atualmente é necessário ter em mãos um plano de combate ao agravamento das mudanças climáticas, este plano se existisse na região leste de Minas Gerais poderia ser no mínimo robusto, bem planejado e que seja eficiente.
Assim, devido a grande necessidade de nortear os tomadores de decisão foi estabelecia na conferência do Rio-92, em 1992 no Rio de Janeiro – RJ, a Agenda 21. Esta agenda foi elaborada com o objetivo fundamental de estabelecer o conhecido “desenvolvimento sustentável” do nosso planeta, sendo este assinado por mais de 170 países durante esta conferência. Sendo considerado um importante instrumento para nortear a população e seus governantes neste período de mudanças em que vivemos. Sendo assim, a utilização deste documento reflete a nossa necessidade de melhorar a qualidade de vida no futuro, através da adoção de iniciativas sociais, econômicas e ambientais que possam, atualmente, resultar num planejamento para que nós tenhamos um futuro que atenda todas as necessidades. No entanto, nós devemos também buscar formas de proteger os recursos naturais ao mesmo tempo em que fazemos um planejamento das nossas necessidades, pois assim estaríamos garantindo o nosso futuro e tornando menos difícil o futuro das próximas gerações.
No Brasil, as cidades também possuem as suas responsabilidades na elaboração deste planejamento. Desta forma, foi criada, com base na Agenda 21 Nacional, a Agenda 21 Local, esta proposta no ano de 2002, ou seja, 10 anos após a implementação da Agenda 21 na Rio-92. Como já é observado que as mudanças climáticas já fazem parte do nosso dia a dia, é necessário organização da comunidade, através de discussões e treinamentos como também, através da identificação das dificuldades na preservação dos ambientes naturais e quais as soluções para evitar estas dificuldades. Tudo isso é feito com um só objetivo, que é o de garantir um futuro melhor para toda a população. Neste tempo de desafios que vivemos atualmente.
Existe uma necessidade da participação da comunidade para estabelecer de fato esta agenda local. A construção e desenvolvimento desta agenda local não é somente uma responsabilidade do poder público. É resultado da identificação da sociedade com as mudanças que observamos atualmente, ou seja, é um compromisso de cada cidadão consciente que deseja melhorar sua qualidade de vida.
Entretanto, ainda é de nossa total responsabilidade tratar de buscar fontes limpas para viver. Estas fontes limpas seriam basicamente a utilização de produtos no seu dia a dia que poluam menos os nossos recursos naturais. No seu supermercado exija produtos orgânicos, pois esses produtos além de mais saudáveis devido a não utilização de diversos agrotóxicos no cultivo eles poluem menos o meio ambiente. Todos saem ganhando, pois o agricultor que utiliza desta metodologia de cultivo será fortalecido e outros também o seguirão. Evite comprar garrafinhas de água, comece a levar de casa. Você já parou de pensar quanto de garrafinhas de água você produz anualmente? Além disso, já parou para pensar quanto custa o litro desta água que você compra? Muitas vezes é mais caro que o litro da gasolina/álcool que você coloca no seu carro. Em relação ao carro, será que é necessário mesmo ir todos os dias de carro para o trabalho? Se sim, tudo bem. Entretanto, as pessoas que utilizam carro diariamente seria muito interessante o desenvolvimento de redes de caronas entre amigos e colegas de serviço, algo que deveria ser incentivado nas empresas. Desta forma, estaríamos evitando as emissões de gases do efeito estufa, e outros, que tanto poluem o ar nas cidades. No serviço, adote a utilização de uma caneca somente e evite desperdiçar folhas de papel. A respeito do lixo, recicle e destine este material para locais certos para reutilização ou mesmo para descarte.
Desta forma, através de adoção de pequenas medidas, mas com o passar do tempo se tornam significativas, e através da organização da comunidade juntamente com o poder público nós poderemos desenvolver formas de combater as atuais mudanças e, se tudo ocorrer bem, poderemos também garantir um futuro melhor com mais qualidade de vida para a população e para as nossas gerações futuras.
Paulo Batista Araújo Filho é formado em Ciências Biológicas e Recursos Naturais pela UFES. Atualmente trabalha no renomado Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), Berkeley – Califórnia/EUA