Ícaro deixa o Rock e abraça o Funk, mas continua expressando seus sonhos, ideias, questionamentos e sentimentos através da música
CARATINGA – Conhecido no circuito musical de Caratinga pela banda Audácia, Ícaro Cat agora deixou o Rock e abraçou o Funk. Não se trata de uma mudança aleatória. A vida fez com que o artista tomasse essa atitude. Foram caminhos que se reencontraram. Afinal, Ícaro Cat sempre procurou retratar o meio onde vive. “O que mudou foi o estilo, mas as letras e filosofias não mudaram, continuo expressando meus sonhos, ideias, questionamentos e sentimentos através das músicas”, proclama Ícaro Cat.
E essa nova faceta do artista pode ser conferida com single e videoclipe ‘Jogando’, que já está disponível em todas a plataformas digitais. O vídeo já está no YouTube. A produção é de Doug Hits, da Doug Filmes de Belo Horizonte. “É uma canção do estilo Funk/Rap/Trap, que fala da paixão brasileira pelo futebol, citando Neymar, Pelé e o R3 e R4, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Romário, além de colocar em evidência o protagonismo das mulheres no esporte e na vida profissional e pessoal”, assim descreve Ícaro Cat seu novo trabalho.
E sobre a mudança de estilo, Ícaro Cat, que tem formação em Psicologia, falou mais nesta entrevista. “Queremos ter também mais qualidade de vida, nossas favelas merecem ter mais cor, mais esperança, mais respeito”, avisa o artista.
Conhecemos seu trabalho com o Rock and Roll. Por que a mudança de estilo?
Então, sobre a mudança de estilo ocorreu naturalmente de acordo com o modo que fui atualizando minhas playlists, do Spotify, YouTube. Percebi que o Rock se tornou clássico e assim como todos os clássicos, vi que por mais que criasse músicas novas nesse estilo, elas ficariam restritas a um pequeno grupo, imagina que cada geração tem seu produto, criar um novo Fusca hoje em dia sem as inovações tecnológicas que os veículos atuais possuem será que venderia (risos)? Talvez colecionadores…Não o grande público, que preferiria ouvir os clássicos mesmo.
Sobre essa mudança, qual a reação do público que te acompanha desde a banda Audácia?
Bem, mesmo sendo primeiramente estranho ao público me ver cantando um Funk e Rap, se tornou aceitável e continuo recebendo os mesmos elogios e acompanhamento, já que o que mudou foi o estilo, mas as letras e filosofias não mudaram, continuo expressando meus sonhos, ideias, questionamentos e sentimentos através das músicas. Sobre a banda Audácia, ela se dissolveu por si mesma, cada um seguindo o que julgava ser seu foco, pra mim era continuar compondo, gravando e já estou na décima quinta música.
Como ocorreu seu primeiro contato com o Rap, o Funk e o Trap?
Desde criança tenho contato com o Funk e Rap, Racionais, Gabriel O Pensador, Claudinho e Buchecha, Furacão 2000 e muitos outros do Brasil, além de 50 Cents, Eminem, Steve B, que são da gringa. Mas o contato com o Trap aconteceu quando conheci Filipe Ret, que me foi apresentado por uma garota ao qual estávamos nos envolvendo em um lance (risos) e a partir daí fui conhecendo e admirando todos os artistas que tinham músicas em parceria com ele, como Djonga, L7nnon,Cabelinho, Poze do Rodo, Maneirinho, o Funk de SP Mc Kevin, Mc Guimê, fui a um show do MC Ryan SP e gostei muito, até que fui a um festival em Belo Horizonte no estádio Mineirão com o melhor do Funk, Rap e Trap onde pude conhecer o movimento de BH, com um belo show do DJ WS da Igrejinha, Matuê, também e outros artistas, isso foi decisivo para minha paixão pelos estilos.
Funk se tornou a voz dos jovens periféricos?
Sim, o Funk se tornou símbolo de toda uma geração de jovens que vivem nas favelas ou vilas, assim como o pagode e o samba já foram ou ainda são, porém o funk possibilita que o artista tenha mais liberdade para empreender suas músicas e fazer parcerias com outros MC’s e DJ’s, isso pode ser percebido no projeto Poesia Acústica que é sucesso total para todos os rappers ou MC’s que participam deixando cada um sua contribuição vocal e poética na música, é bonito ver o entrosamento do movimento e isso é algo que me inspira muito. Pessoalmente coincidiu com meu retorno a periferia, na minha adolescência quando me tornei roqueiro morava em uma casa com quintal, árvores frutíferas, na vida adulta morei por um longo período no Centro, em uma República, um abraço ao amigo Velécio, que sempre acreditou em mim, já a algum tempo passei a morar na periferia com a família e pude ao longo do tempo sentir na pele o que o Funk e Rap representam para a nossa luta por melhores condições sociais e quebra de preconceitos.
Ainda sobre a questão do Funk, qual o papel desse estilo na socialização do jovem?
O Funk possibilita que o jovem se expresse cantando, com suas roupas de marca, camisas de times de futebol do Brasil e do mundo, basquete, o cabelo também é algo marcante, estar sempre alinhado, tatuagens, somos vaidosos, buscamos ter o que nos seria negado pela condição social, como motos, carros, momentos de lazer acima da média do mínimo (risos), somos jogadores natos tentando empreender e se não for na música, que seja em outras áreas. Eu mesmo sou graduado em Psicologia e acabei de concluir minha pós-graduação em Psicologia do Esporte, a cada dia nós funkeiros queremos ter também mais qualidade de vida, nossas favelas merecem ter mais cor, mais esperança, mais respeito…
Em relação a ‘Jogando’, você une na letra o futebol ao protagonismo feminino. Como se deu essa junção?
Então, o futebol que por ventura sempre foi um esporte masculino soberano, onde as meninas que jogam futebol sofrem preconceito, vem se transformando, no meu caso na música coloco as mulheres como protagonistas através de sua beleza, da dança e também na letra através de sua capacidade de empreender, como jogadoras e isso não significa exatamente futebol, mas na mesma ideia não se conformar com a sociedade ainda machista e desigual. Os jogadores que cito na música e que acompanho nas redes sociais, como Neymar, nosso Rei Pelé, Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo e Romário sempre me inspiraram com seus relacionamentos com modelos e mulheres empoderadas. Além disso as cantoras e MC’s do Funk estão em alta, exemplos são Anitta uma exímia cantora, dançarina e multilíngue e Ludmilla que representam as mulheres empoeiradas da periferia, mas da favela também saem doutoras, engenheiras, cabeleireiras, profissionais de sucesso em todas as áreas, mulheres que dirigem, pilotam, vivem, viajam, se divertem… Enfim, estou sempre aberto a parcerias com as mulheres do tipo onde todos saem ganhando e como diz a música ‘um dia talvez deixe de ser solteiro’ (risos).
No caso de ‘Jogando’, como foi a produção da música e também do videoclipe?
Foi realizada em Belo Horizonte com a Doug Hits e Doug Filmes, que é uma produtora conceituada que comecei a acompanhar o trabalho há algum tempo, vendo ótimos frutos e resultados com artistas de renome, como MC Gabzin e outros. Foi uma experiência muito boa fui no bate e volta no dia da folga, trabalho na maior rede atacadista de Minas Gerais Martminas, pela manhã focamos em gravar a música o DJ KiK Prod é fenomenal. Nos entrosamos rápido eu já tinha escrito a letra a algum tempo em um hotel, mas a última estrofe foi feita após eu sentir o clima do futebol de BH onde o R3 e R4 deram show de bola. Visitei a sede da Máfia Azul, depois de almoçar comida de restaurante, a tarde fomos para a gravação do videoclipe, conheci as modelos que protagonizariam o vídeo comigo e fomos ao local de gravação. Antes passamos por posto de gasolina, supermercado, a gravação foi muito natural, contracenei com atrizes e dançarinas talentosas, além da equipe de gravação que tem profissionais competente. Fiquei muito satisfeito. Antes de voltar para Caratinga, fui ao Shopping, andei de Metrô, senti a capital no suor, vim tranquilo de Buser.
Você sempre está em mutação musical. Já pensa em algo novo ou essa fase deve perdurar por certo tempo?
Bem parece que agora me encontrei, mas estou sempre aberto a novas experiências, o foco agora é encontrar parcerias para que o projeto alcance o sucesso que almejo. Estou aberto a negociações para fazer publicidade da sua marca empresa, ou produto, cantar no seu evento, dar uma palestra motivacional, é só entrar em contato, você compositor de qualquer estilo, também pode me contatar se quiser gravar uma música juntos…
Agradeço ao Diário de Caratinga pela oportunidade e peço a você leitor que confira meu vídeo clipe e se gostar, comente, compartilhe, cante junto, segue o link https://youtu.be/tY_2VktNnLI?si=Pr8UlO8PR8Hfn_ZH
Ícaro Cat junto das modelos que participaram do videoclipe de ‘Jogando’