Antônio Bragança está auxiliando nas investigações realizadas na região de Simonésia e Ipanema
DA REDAÇÃO- A notícia de que a suspeita de febre amarela silvestre chegou à Reserva Particular do Patrimônio Natural Feliciano Miguel Abdala (RPPN – FMA) deixou muitas pessoas preocupadas. O crânio de um muriqui foi localizado na reserva.
O DIÁRIO DE CARATINGA conversou com gestor ambiental Antônio Bragança, que está auxiliando nas investigações, com experiência de atuação na RPPN – FMA. Ele dá mais detalhes sobre as pesquisas que estão sendo realizadas na região de Ipanema e Simonésia.
De acordo com Antônio, nos últimos dois dias, durante visitas a vários fragmentos de mata atlântica na região, o que se viu foi “alarmante”. Ele ainda explica que os indícios são de que, provavelmente, o vírus já esteja circulando na região há algum tempo. “Vários animais mortos (barbados), sendo que eles são os primeiros primatas a morrer. Tudo indica que estas mortes já estão acontecendo há mais de 30 dias, pelo estado em que foram encontrados os cadáveres”.
Com relação à RPPN Feliciano Miguel Abdala a situação é ainda mais preocupante, por abrigar um grande número de primatas. “Já foram verificadas a morte de muitos barbados. Ontem (terça-feira), em visita à RPPN, juntamente com a equipe da Fundação Ezequiel Dias, encontramos um muriqui morto, pode ser um fato isolado, pois não há relatos na literatura de mortes por febre amarela. Precisamos de mais estudos”.
Bragança explica que as mortes de barbados ocorrem naturalmente, mas em número bem menor do que foi registrado. “Tudo indica que é realmente uma enzootia causada por febre amarela. Mas, certeza mesmo, só depois de análises laboratoriais”.
A equipe do Instituto Ezequiel Dias esteve em Ipanema na terça-feira, para coleta de material dos animais mortos e captura de mosquitos. Foram coletadas duas espécies de mosquitos transmissores da febre amarela na RPPN (Haemagogus e Sabethes). Ontem era aguardada a chegada de uma equipe especializada em febre amarela.
O gestor ambiental ainda faz um alerta sobre uma preocupação dos ambientalistas, em relação aos primatas da região. “Minha preocupação é que os moradores da zona rural exterminem os barbados que se salvaram, lembrando que os mesmos são nossos aliados. Morrem primeiro, para alertar o homem da chegada da doença. Estamos usando os veículos de comunicação para conscientizar os produtores que a melhor solução é estar com a vacina em dia e que os macacos também são vitimas da doença”.