Vítima da covid-19, cantor caratinguense foi sepultado neste domingo (4), no Rio de Janeiro
CARATINGA- Foi sepultado no domingo (4), o corpo do cantor Agnaldo Timóteo, vítima da covid-19, aos 84 anos. A cerimônia ocorreu somente na presença de amigos e familiares no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, zona oeste carioca. Agnaldo estava hospitalizado desde o dia 17 de março.
A notícia do falecimento foi confirmada em nota publicada pela família do artista no sábado (3). “É com imenso pesar que comunicamos o falecimento do nosso querido e amado Agnaldo Timóteo. Agnaldo Timóteo não resistiu às complicações decorrentes da covid-19 e faleceu hoje às 10h45. Temos a convicção que Timóteo deu o seu melhor para vencer essa batalha e a venceu. Agnaldo Timóteo viverá eternamente em nossos corações”, disse.
Uma voz intensa, cheia de emoção e que alcançou o Brasil. O caratinguense foi ainda jovem para o Rio em busca de oportunidades, onde foi ajudado pela cantora Angela Maria, gravando o seu primeiro disco em 1961, aos 25 anos de idade.
Aos poucos, Agnaldo foi mostrando seu potencial, até estourar nas paradas em 1967, com o disco ‘Obrigado Querida’, com a canção “Meu Grito”, de Roberto Carlos, que lhe rendeu o primeiro lugar nas principais rádios do país. Ainda fazem parte do disco, dois grandes sucessos da sua carreira: “Mamãe Estou Tão Feliz” (Mamma) e “Os Verdes Campos da Minha Terra”.
Agnaldo Timóteo gravou 64 discos em sua carreira. Em janeiro de 2021, comandou uma apresentação beneficente pela internet aos pés do Cristo Redentor, uma de suas últimas aparições públicas. Era torcedor fanático do Botafogo, clube que divulgou nota lamentando sua morte.
Política
Timóteo também teve presença marcante na política. Em 1982, foi eleito deputado federal pelo PDT no Rio de Janeiro, com mais de 500 mil votos. Depois, ingressou no extinto PDS, cumprindo o restante de seu mandato. Ele se candidatou ao governo do Rio, em 1990, sendo derrotado. Em 1993 transferiu-se para o extinto PPR. Voltou à Câmara Federal em 1995. Em 1997, concorreu a uma cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelo extinto PPB, alcançando a maior votação do partido.
Tentou a reeleição no pleito municipal de 2000, mas não obteve êxito. Transferiu-se para São Paulo e retomou a carreira política ao candidatar-se a vereador em 2004, pelo PP. Foi reeleito em 2008 para novo mandato como vereador paulistano, cargo do qual licenciou-se em 2010 para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Porém, obteve apenas uma suplência. Foi candidato à reeleição em 2012, mas não obteve votação suficiente. Deixou a atividade política para voltar a se dedicar à música.
REPERCUSSÃO
A morte do cantor repercutiu em todo o País. Artistas, amigos e admiradores lamentaram o falecimento de Agnaldo. Confira alguns depoimentos:
Calou-se a voz do nosso cantor maior, do “astro do sucesso”, Agnaldo Timóteo, o já saudoso caratinguense do qual todos nós muito nos orgulhamos. Um duro golpe para todos nós, seus conterrâneos, e para o Brasil, que perdemos uma das mais bonitas vozes das tantas até hoje conhecidas. O nosso cantor maior foi-se somar ao grande coral celestial, depois de haver cumprido com determinação, coragem e fé a sua missão terrena.
Perdemos o caratinguense que soube amar intensamente sua terra natal. Que Deus o tenha em sua glória, enquanto haveremos sempre de louvá-lo e aplaudi-lo, verdadeiramente à altura de seu merecimento, que sabidamente é de tamanho incomensurável.
Humberto Luiz Salustiano Costa
Amigo incondicional do nosso cantor maior, o nosso eterno astro do sucesso
Caratinga perde Agnaldo Timóteo
Morreu ontem (sábado, 3) nosso querido ídolo, Agnaldo Timóteo. Filho amado de todos de nossa terra, foi acometido da Covid-19 e não resistiu. Fragilizado pelo AVC do qual estava ainda se recuperando e pela idade de 84 anos, seu organismo não conseguiu reagir bem.
O Brasil inteiro lamentou a perda irreparável. Depoimentos como os de Ronnie Von, Moacir Franco, Artur Xexéo e outros mais, encheram a televisão de palavras elogiosas. Também Caratinga recebeu a notícia de sua morte com lágrimas de uma inacreditável tragédia. Comuniquei seu passamento a muitos amigos, e Monsenhor Raul disse que celebraria missa por ele.
Agnaldo amava Caratinga e nossa gente com a força de seu generoso coração. Em suas apresentações, nunca se esquecia de nomear sua terra e amigos daqui.
Eu choro e me emociono muito por ter sido um de meus melhores amigos. Nossa aproximação aconteceu quando eu lhe fiz uma homenagem pelos 21 anos de carreira. Coloquei no palco toda sua vida contada com arte. Houve danças, teatro, música. E ele gostou muito de minha voz e queira que eu gravasse um disco. Fui sempre protelando. Mas nossa amizade foi crescendo, e eu nunca mais fiz festa sem ele. Na comemoração dos 100 anos da catedral, ajudei ao Monsenhor Raul nas festividades, e trouxe o Agnaldo que deu show. Ele nunca faltou às minhas festas de lançamento de meus livros. Sempre presente com carinho e atenção. Na homenagem que fiz para o Padre Boreli, ele veio e deixou a plateia de 912 pessoas encantada. Quando homenageei o Ziraldo com um desfile das escolas nas ruas, Agnaldo fez a abertura cantando “os verdes campos de minha terra”. Ziraldo chorou. Diante de tanto sucesso dele, pensei em homenageá-lo, outra vez, mas com gestos de eternidade. Humberto Luiz Salustiano Costa, também um grande amigo dele e meu, gostou da ideia, que ele também já havia ventilado, e juntos reunimos um grupo de pessoas e trabalhamos. Fizemos uma estátua do Agnaldo que hoje está na praça Getúlio Vargas. Ele se sentiu muito feliz e disse sobre a homenagem: “Esse é um sonho que eu nunca ousei sonhar”.
Nossa amizade só foi crescendo e eu tive o prazer de recebê-lo muitas vezes em minha casa. Telefonava-me quase todas as semanas e muitas vezes tomou o café da manhã e almoçou comigo. No dia de ano de 2019 ele passou conosco e recordou sua trajetória. Disse da dificuldade de ter sido reconhecido por causa dos preconceitos. Contou-me do sucesso no Brasil e no exterior. Contou sobre sua vida política e pormenores de sua rotina.
Quando sofreu o AVC falei com seu sobrinho todos os dias, e rezei muito por sua recuperação. Saiu bem da doença e já estava cantando sem sequelas. Gravou uma música de louvor a Deus e, antes de se internar para o tratamento da Covid-19, cantou uma canção, composta por ele, pedindo a Deus acabar com essa terrível pandemia.
Ele foi um gigante como artista, cujo talento é reconhecido por todos. Sempre amou Caratinga elevando-a aos píncaros das estrelas. Foi um filho abençoado cuidando de Dona Catarina com o maior amor do mundo, chamando-a sempre quando se apresentava, seja cantando, seja discursando em púlpito político. O “alô, mamãe” já era quase uma oração. Foi um irmão dedicadíssimo, sempre protegendo sua família. Caridoso, ajudava os cantores que ficavam pobres depois da aposentadoria. Pagava caixões àqueles que morriam da indigência. Dedicava carinho e presença aos sobrinhos. Teve um filho adotivo, alvo de seu desvelo, e uma filha, a Kate, que mereceu seus mimos.
Foi uma pessoa intensa, forte e verdadeira. Ninguém precisava tentar adivinhar o Agnaldo, pois ele era autêntico e dizia o que pensava, sem rodeios.
Enfim, partiu nosso maior ídolo. Agora, só o ouviremos nas gravações. Nunca mais teremos aquela presença simpática e sempre elegante com ternos requintados ou roupas coloridas, mas sempre pronto, barbeado e cabelo cortado pelo mesmo cabeleireiro de Sílvio Santos.
Por tudo quanto semeou de bem, ele merece um lugarzinho no céu. Jesus disse: “A casa de meu Pai tem muitas moradas”. Confiada na palavra de Cristo, sei que nosso Agnaldo está num cantinho ao lado de Jesus desfrutando da alegria eterna. Junto com Jesus ressuscitado, pois hoje é domingo de Páscoa, nosso querido cantor também ressuscita com Ele, numa Páscoa eterna.
Em minhas orações, agradeço a Deus por ter tido um amigo tão leal e carinhoso. E ao Agnaldo, eu peço olhar por todos nós nesse tempo tão difícil em que vivemos. Iremos agora viver de suas lembranças e de uma imorredoura saudade.
Marilene Godinho
“Sinto muito pelo o que aconteceu a Agnaldo Timóteo.
Nos conhecemos há muito tempo, desde antes da Jovem Guarda. Tive o prazer de ter algumas músicas minhas e de Erasmo gravadas por ele.
Um grande cantor, um cara muito querido que eu respeito muito.
Meus sentimentos aos seus familiares.
Que o nosso Deus de bondade o proteja e o abençoe.
Amém.”
“Com muita dor, o Botafogo lamenta a morte de Agnaldo Timóteo, cantor e compositor brasileiro, botafoguense apaixonado. O Clube deseja conforto aos amigos e familiares neste momento difícil”.