CARATINGA – Morreu nesta segunda-feira (2), de causas naturais, Moacir da Silva, 81 anos. Mais conhecido como ‘Tio Moá’, ele marcou época no futebol regional e é considerado o maior jogador da história do Esporte Clube Caratinga. O sepultamento de seu corpo aconteceu no início da tarde de ontem, no cemitério São João Batista, em Caratinga.
O colunista do DIÁRIO, Rogério Silva, fez comovente depoimento onde destaca a trajetória de Tio Moá.
Morreu o maior de todos
Recebi a pouco a triste notícia do falecimento de Moacir Silva. Os mais jovens certamente terão dificuldade em associar esse nome ao nosso futebol. Mas, para quem teve o prazer de vê-lo em campo, e alguns sortudos que puderam jogar ao seu lado. ‘Tio Moá’ como é carinhosamente chamado pelos amigos, em 1996, a coluna Memória Esportiva do extinto Jornal Caratinga escrita pelo saudoso Nelson Souza, ouviu mais de 100 jogadores, dirigentes e torcedores que viveram o futebol caratinguense de 1937 a 1987. Tio Moá recebeu 95 votos como o maior craque do nosso futebol em todos os tempos.
Moacir Silva nasceu em Rocha Miranda no Rio de Janeiro em 10 de dezembro de 1938. Iniciou sua carreira no juvenil do América (RJ), passou pelo Botafogo onde tinha como colega de treino um “tal” Didi, inventor da folha seca e um dos maiores craques do futebol mundial. Depois de passar por diversos clubes profissionais, Moacir desembarcou em Caratinga no ano de 1960 para vestir a camisa do Dragão. Na estreia um jogo amistoso, perdeu para o União Rodoviário por 3 a 1. O Caratinga foi escalado assim: Zé Alcino, João Batista, Edmundo, Acyr, Zé Ramos, Pergentino, Moacir e Fidélis, Zé Francisco, Reis e Ciro Lugão. O Rubro Negro pediu revanche e venceu por 8 a 1.
Numa conversa das várias que tive o prazer de ter com Tio Moá, me contou das diversas oportunidades que desperdiçou na vida. Em 1961 o São Paulo quis contratá-lo e Moacir não foi. No ano seguinte o Vasco mandou buscá-lo em Caratinga e novamente preferiu ficar. Depois de disputar vários campeonatos mineiros por diversas equipes como Democrata GV, URT de Patos de Minas, Moacir finalmente aceitou uma proposta do Cruzeiro. Ficou lá por seis meses. Porém, num sábado concentrado para um jogo pelo Campeonato Mineiro, pulou o muro e foi para o bar. Depois de encher a cara não teve força para pular o muro de volta. Mesmo assim foi perdoado e foi para o jogo no dia seguinte. O Cruzeiro perdia por 3 a 1 para o Renascença, Moacir entrou no jogo no segundo tempo, errou um pênalti e foi vaiado pela torcida. Porém, na sequência fez um belo gol e deu passe para o outro. O final do jogo foi 3 a 3. Porém, Tio Moá resolveu voltar a Caratinga e novamente vestir a camisa do Dragão. Ele mesmo me disse que não conseguiu ficar longe de Caratinga e da vida boemia que levava na cidade.
Eu não tive o prazer de vê-lo jogar. Mas, tive a honra de entrevistá-lo e lhe prestar homenagem em meu programa quando ainda estava bem lúcido e me contou histórias deliciosas.
Moacir viveu seus últimos dias no Asilo Pastor Geraldo Sales em Caratinga. O futebol Regional está de luto, morreu o maior de todos.
Rogério Silva