CARATINGA – O dia em que Caratinga ficou incomunicável. Incrédula, tomada pela tristeza da perda de um de seus maiores profissionais. Assim que os caratinguenses definiram a notícia do falecimento do jornalista Sérgio Vinícius dos Santos Ferreira, comunicada oficialmente pela família na manhã de ontem.
Sérgio Ferreira ou “Serginho”, como era carinhosamente chamado por amigos, faleceu na madrugada de segunda-feira (3), em decorrência de embolia pulmonar.
Serginho tinha uma história marcada pela fé, pela música e pela comunicação. Fazia parte do Ministério de Louvor e Adoração da Igreja Nova Vida. Tinha a música como uma de suas grandes paixões. Outra delas era o jornalismo, onde teve oportunidade de contribuir em suas atuações na Rádio Caratinga, TV Sistec e Super Canal.
Sempre com um sorriso estampado no rosto, não há quem se lembre de Serginho sem uma palavra de agradecimento. Para muitos que já trabalharam com ele, generosidade define o jornalista, que muito sabia e mais ainda queria ensinar.
O velório estava previsto para iniciar às 18h de ontem. O horário do sepultamento ainda não havia sido comunicado pela família.
O ACIDENTE
O acidente em que o jornalista Sérgio Ferreira foi vítima aconteceu no último dia 25, num sábado à noite, no km 480 da BR-116, em Dom Cavati. Serginho conduzia seu veículo Gol sentido a Caratinga, quando Adão Nunes Alves, 53 anos, entrou na contramão com o carro Del Rey, placa GLF-9182/Caratinga, e atingiu o jornalista.
Sérgio foi trazido por populares para Caratinga e o outro motorista, que ficou gravemente ferido foi levado para o Hospital Márcio Cunha em Ipatinga.
Ontem, a reportagem procurou a assessoria de comunicação do Hospital Márcio Cunha por telefone para saber o estado de saúde de Adão, mas foi informada que eles não passam informações de pacientes.
No dia do acidente, testemunhas disseram que o motorista que entrou na contramão estava embriagado, informação que não foi confirmada pela Polícia Rodoviária Federal, pois o teste de etilômetro não foi realizado, já que Adão foi socorrido em estado grave.
Serginho fraturou três costelas e o quadril, sendo necessária sua transferência para Belo Horizonte, onde passou por uma cirurgia na última sexta-feira (31/10), no Hospital Madre Teresa. Na madrugada de ontem o jornalista teve embolia pulmonar e faleceu.
Sérgio deixou a esposa Andreiza, como quem era casado há 18 anos, e os dois filhos Pedro Henrique e Miguel Lucca. Serginho deixa também a mãe Rosinha Ferreira e uma irmã. O jornalista havia perdido o pai há dois anos. Ontem, o dia da morte de Sérgio, também foi aniversário de sua mãe.
Amigos definem Sérgio Ferreira
Serginho, meu amigo, desculpe eu ter te dado o bolo no hospital. Eu fiquei só dois dias em BH, coincidiu né? Então eu queria ir te ver, mas você estava entrando ainda, cuidando das burocracias, e quando liberou pra receber visitas eu já estava vindo embora. Mas eu sabia que ia te ver aqui em Caratinga, então não esquentei a cabeça. Queria ter ido te ver porque eu sei como é bom receber a visita de um amigo quando menos se espera, e você com certeza não esperava que eu aparecesse no hospital em BH não é mesmo? Igual eu não esperava aquele dia em que você chegou na minha casa pra levar ou buscar não sei o quê, e eu não te deixei ir embora enquanto não te mostrei minha coleção de discos inteira, pois adorava conversar sobre música com você, e aí descobri o quanto você gostava de soul music… especialmente Tim Maia… e você ficou babando nos meus discos de vinil dos anos 60/70 do gordo mais talentoso do soul brasileiro… antes de voltar pra Caratinga assisti o filme que estreava, “Tim Maia”, filmaço, uma das melhores cinebiografias que já vi, e pensei, “tenho de falar pro Serginho vir ao cinema antes de ir embora”… cara, quem imagina? Muito triste saber que você se foi antes da hora, meu amigo (antes da hora pra nós, pois quem sabe é Deus, não é?). Fica a lembrança da nossa amizade, do ombro amigo que você me cedeu na hora que eu mais precisei (e eu sei o quanto um ombro amigo é difícil de se dar pois, junto com o ombro, temos de dar o ouvido pra alugar…) Ah Serginho, não vou chorar aqui cara, pois só lembro da sua risada! Estou aqui ouvindo um disco velho e arranhado onde o volumoso Tim Maia canta “não sei por que você se foi… quantas saudades vou sentir!”
Camilo Lucas
As pessoas que encontramos nesta caminhada terrena deixam suas marcas. Hoje vivendo sob o impacto desta triste notícia quero dizer das marcas que o Serginho deixou para mim: Seu cartão de visita era seu sorriso. Em alguns momentos estivemos em lados opostos em nossas escolhas, mas o que prevaleceu foi sempre o respeito.
A alegria de nos encontrarmos era sempre maior do que aquelas diferenças de momento, sim, o que nesta vida não passa de um momento apenas, embora muitas vezes vivemos e nos apegamos como se não tivesse fim.
Sua capacidade e talento deu a ele o privilégio de fazer tudo com muita qualidade. Sabemos que os talentosos nem sempre têm o reconhecimento que merecem, levando-os a enfrentarem dificuldades, mas nem estas intempéries tirava deste pequeno grande homem, a alegria e a esperança que tudo haveria de se resolver.
Meu Irmão, por aqui a luta acabou, vai lá encontrar com o Sr. Sebastião e outros mais que nos precederam na partida deste mundo que não é nosso, como nos disse Jesus. Esse mesmo Jesus que de braços abertos morreu para nossa salvação, está na porta do céu para te receber e fazer que este teu sorriso seja eterno.
À sua família e a nós, seus amigos, unamos em oração para suportar ver o irmão partir e preencher sua ausência com a presença do Ressuscitado. Que mais este evento sem hora marcada, nos ensine a viver na certeza de que como disse Santa Tereza de Jesus: “Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda. A paciência tudo alcança; Quem a Deus tem, nada lhe falta; Só Deus basta”.
Aluísio Palhares
O Sérgio era uma figura ímpar. Múltiplos talentos em um ser humano diferenciado. Orgulho-me de ter, ao mesmo tempo, convivido e usufruído de sua experiência profissional e de seu talento em diversos eventos, bem com tê-lo no rol de minhas amizades pessoais. Uma perda inestimável. Fica o legado de sua enorme contribuição para o desenvolvimento da comunicação em Caratinga e região. Estamos incomunicáveis…
Geraldo Carvalho
Nos dois anos que estudamos juntos no CNEC competíamos na sabatina do professor Ivo, de História. Ficávamos por último, talvez, porque fossemos os mais ‘caxias’ e a batalha serviria de desempate. Acho que é essa a primeira lembrança que tínhamos um do outro. Naquela época, nem poderíamos imaginar quanto ainda nos encontraríamos na estrada da vida.
Anos depois, estávamos nós no Grupo Sistec, no mesmo time de locutores da 94 FM. Trabalhamos juntos, ainda, na TV Sistec, e mesmo depois quando troquei a imprensa pela assessoria da Prefeitura de Caratinga dividimos o palco em desfiles cívicos e formamos dupla em duas campanhas eleitorais.
Mesmo à distância, sempre tive notícia do seu trabalho (e acho que ele do meu também). Nutríamos um respeito e admiração mútuos e quando havia oportunidade falávamos sobre os rumos da comunicação em Caratinga e … de música, é claro, sua grande paixão.
Com você, Serginho, fica meu DVD de blues. Comigo está seu pen drive com a coletânea do Bossa Cuca Nova. Tinha certeza que iríamos trocar mais referências musicais dia desses. Tinha certeza que iríamos nos ‘esbarrar’ em trabalhos futuros, seguindo com nossa história… Mas a vida nos surpreendeu.
Graziela Ângelo
Quando alguém se dispuser a escrever a história da comunicação em Caratinga vai ter que reservar bem mais de um capítulo pra resumir a trajetória do SÉRGIO FERREIRA. Melhor seria que fosse dedicado um livro exclusivo. E que livro extraordinário seria!!! Apresento aqui uma modesta colaboração, resumindo dois episódios de cunho pessoal na minha relação com ele.
Eu dirigia o Grupo SISTEC quando tive meu primeiro contato com o Serginho. Foi irônico. Ele me ligou de Inhapim dizendo que gostaria de trabalhar conosco. Estava na Rádio Clube e disse ter conseguido meu telefone com o Márcio Farias. Disse a ele que viesse pra conversar e provavelmente ele entraria no lugar do Márcio, que estava pra ser demitido por passar meu telefone pessoal sem minha autorização. Chamei o Farias na minha sala e despejei uma bronca. Nos raros intervalos ele argumentava: “…mas o garoto é muito bom…”. Rimos disso hoje pela manhã quando falamos por telefone ainda chocados com a notícia.
O resto da história todos já sabem. Quando o Serginho chegou, me chamou logo a atenção sua baixa estatura. Foi o único momento de toda a nossa convivência em que percebi que ele era baixinho. Seu talento e sua presença de espírito o agigantavam tanto que não dava mais pra notar o detalhe da estatura. Nascia ali uma das mais ricas histórias da comunicação em Caratinga. E meu orgulho de ter participado deste início.
Numa determinada manhã, no estúdio da Rádio Caratinga, recebi um dos maiores elogios de toda a minha trajetória na comunicação. Depois de me conceder uma entrevista no programa PRA SEU GOVERNO, o saudoso amigo e mestre professor Celso Simões Caldeira me chamou num canto e, num dos seus frequentes arroubos de gentileza e generosidade disse que se orgulhava de mim como ex-aluno, porque no seu julgamento eu era dono do melhor texto, além de ser o melhor entrevistador da imprensa interiorana, “quiçá do Brasil…”, arrematou no seu peculiar exagero de bondade. Me lembro que respondi de pronto com profunda sinceridade: “…isso, professor, é porque o senhor não deve ter lido com atenção um texto produzido pelo Kleber do Val e nem assistiu uma entrevista conduzida pelo SÉRGIO FERREIRA. Perto deles fico constrangido em escrever ou entrevistar alguém”. Demos risadas e algum tempo depois, na porta do UNEC, o velho mestre passou por mim e disparou: “…tinha razão. Assisti o Serginho hoje…”.
Pertinência, discernimento, raciocínio rápido, reflexo cognitivo, domínio da linguagem, domínio do tema. Algumas das características que faziam dele um dos comunicadores mais completos com quem convivi. Além da voz e dicção (de que fui desprovido) e que ele esbanjava num programa de músicas da 94 FM, apresentando um telejornal, nos comerciais gravados com esmero ou comandando o palco, além de cantar como um querubim.
Só mesmo o carinho que ele inspirava nas pessoas justifica o apelido de SERGINHO pra alguém que vai ser sempre lembrado pela capacidade que tinha de se AGIGANTAR quando era preciso.
Me junto com saudade aos que lamentam sua perda e reverenciam sua memória e seu legado para o nosso meio.
José Carlos Cerqueira
Neste momento faltam palavras para expressar o imenso sentimento de pesar. Serginho foi mais que um companheiro de trabalho, foi um amigo que nos conquistou com o seu talento, com a sua generosidade em compartilhar o seu conhecimento. Todos nós aprendemos muito com ele.
A voz se calou. O canto adormeceu. A sua história estará sempre viva em nossa lembrança. O nosso amigo partiu deixando o sentimento da saudade e deixou escrita a sua brilhante história na comunicação da cidade e região. Uma perda irreparável. Que seu exemplo e talento perpetuem nas novas gerações.
Neste momento tão difícil, externo a profunda tristeza de toda uma equipe e direção. Fomos privilegiados em conhecer o seu talento, em ter a oportunidade de dividir palcos, estúdios, links ao vivo e bastidores com um ser humano ímpar, de fé inabalável e de talento nato. Agradecemos pelos ensinamentos e pelo legado.
Que Deus conforte o coração de toda a família e amigos.
Raquel Borsari
Conheci o Sérgio Ferreira quando éramos ainda crianças, na Rua dos Operários no Bairro Esplanada. Como teve uma educação rígida, não tinha a mesma liberdade que eu para brincar na rua. Porém, seus avós sempre me deixavam brincar no seu quintal. Crescemos assim. Por um bom tempo estivemos afastados até nos reencontrarmos no Grupo Sistec onde trabalhamos juntos desde 1996. Eu perdi um amigo. A cidade um dos mais completos e respeitados comunicadores de nossa história. Transitava com enorme facilidade e talento por diversas mídias e com a mesma competência. Fez sucesso em todas. Uma perda que levaremos tempo para absorver. Que Deus dê a família conforto nesse momento.
Rogério Silva
Ele começou aqui como locutor da 94 FM ainda muito novinho, a Graziela ainda trabalhava aqui, era coordenadora. Depois ele foi coordenador do 94, trabalhou na TV Sistec e escrevia as matérias para o jornal Caratinga. Também ajudou muito em umas duas edições da revista Caratinga. Apresentou um programa de entrevistas, depois teve aquele programa na Rádio Caratinga, com o Manoel Boca e o Léo Rodrigues.
O Serginho era uma pessoa de Deus. Eu sempre falava com ele: Serginho, você é uma pessoa iluminada, você é do bem. Como ser humano, muito maravilhoso, como profissional, amigo, colega. Uma pessoa que incentivava os companheiros de trabalho. Eu era muito ligada a ele. Conversei com ele quinta-feira (30/10). Ele ama as pessoas. Chamava todo mundo de querida. Ele falou: “Minha querida, eu amo a senhora demais. Que bom que a senhora ligou”. Esse ‘querida’ vai ficar no meu coração eternamente. Ele falava com tanto carinho. Uma pessoa religiosa, com uma voz maravilhosa, se dedicando ao Ministério da Música na Igreja de Nova Vida. Nós éramos muito amigos.
Neyde Rihan
Conheço o Serginho há uns 20 anos. Antes da gente se conhecer, ele namorava a Andreiza, que era a minha secretária. Então convivemos durante um bom tempo, até o casamento dele. Tivemos quatro campanhas políticas, nas quatro ele participou comigo. Era um companheiro do dia a dia. Falar quem era o Serginho fica difícil. Aquela pessoa que todo lugar que chegava agradava todo mundo. Encontrava com as pessoas com aquele sorriso e a brincadeira dele, a maneira dele ser. Eu já convivi até com o pai dele, que foi secretário da Prefeitura, trabalhou comigo, um homem íntegro de todo jeito. Eu só vi o Serginho triste uma vez, no dia do funeral do pai dele. O resto era sempre aquela alegria, transmitindo aquela sensação de prazer, de vida. O Serginho não vivia só nesse mundo nosso, parecia que ele tinha outro mundo reservado para ele. Nos cultos da igreja, sempre se via o Serginho animando, em qualquer lugar que se chegava, até reuniões políticas, ele queria sempre fazer oração, envolver o lado espiritual na vida da gente. A região perdeu um locutor, cantor, escritor. Enfim, acho que nós perdemos um artista. Eu perdi muito mais. Perdi um amigo e posso considerar um irmão, como convivi com ele muitos e o conheci. Vamos sentir muito a sua falta, não só a Andreiza, mas seu filho mais novo, o meu amigo Pedro, o filho dele mais velho, que andava com ele pra todo lado. Vai deixar um espaço muito grande na cidade, que sempre foi considerada uma cidade de artistas e ele é um desses artistas que vai nos deixar muitas saudades.
Ernani Campos Porto
O Serginho era aquela pessoa amada por todo mundo, não tinha ninguém que não gostasse dele. Toda a vida ele trabalhou na igreja cantando, o negócio dele era cantar. São quase 18 anos que ele frequenta. Tive o privilégio de realizar o casamento dele, apresentar os filhos dele aqui no altar. Toda a vida, trabalhou cantando, dirigindo coral de crianças no natal. Deus o chamou pra cantar e creio que agora está cantando no céu. Assim que ele acidentou tive no hospital no mesmo dia, conversei com ele. Inclusive na tarde de domingo conversei com ele no telefone, estava animado, feliz, fazendo planos para o futuro. Me passou uma mensagem agradecendo a minha preocupação e dizendo que o desejo do coração dele era estar no centro da vontade de Deus. Por volta das 23h, a Andreiza me ligou, que ele tinha sido transferido para a UTI e estava passando muito mal. Por volta de 1h, ela ligou dando a trágica notícia de que ele foi morar com Deus. O Serginho realmente está cantando no céu agora. Ele não morreu, foi morar com Deus.
Esta triste notícia nos surpreendeu. Lamentamos muito a perda de um amigo e de um profissional da comunicação muito talentoso de nossa cidade. Toda a comunidade conhece o trabalho do jornalista, radialista e apresentador Sérgio Ferreira e reconhece o seu valor profissional. Enviamos um forte abraço à esposa e aos filhos do Serginho e pedimos a Deus que dê conforto a todos os seus familiares.