Despedida e homenagens de amigos e familiares
CARATINGA- Faleceu na manhã de ontem, aos 56 anos de idade, o presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Caratinga (Compac), Lysias Leitão. Há alguns meses, Lysias enfrentava um câncer na região da próstata.
Lysias Leitão foi professor dos cursos técnicos de Processamento de Dados na Faculdade de Ciências Contábeis em Caratinga, na década 90, além de ter sido um dos diretores da Rede de Ensino Doctum. Ele era o nono de 12 irmãos e deixa os três filhos Camila, Tássio e Felipe, além de netos.
O velório aconteceu na 1ª Igreja Presbiteriana, situada à Rua João Pinheiro, centro. O sepultamento está previsto para às 10h desta terça-feira (17), no Cemitério São João Batista.
“O legado dele é a alegria, esperança, amizade, um profundo amor pelos filhos, netos, sobrinhos. Eu sempre falava com os meus filhos que Lysias era o tio número 1, eles também elegeram que era o mais carinhoso e afetuoso, além de um cidadão que participava, queria mudar as coisas, gostava de política, porque gostava de mudar as coisas, de participar da vida da sociedade. E antes de tudo um grande legado de capacidade de amar, fazer amizades e a alegria”.
Cláudio Leitão
“Sou até suspeito para falar, porque eu tinha uma ligação muito grande e íntima com o Lysias. Ele me acompanhou na minha mocidade, ainda era menino, quando eu militava na política. Nós fomos companheiros há pouco tempo na campanha do Fabinho a prefeito de Caratinga, o Lysias era um dos coordenadores da campanha. A gente tem esse elo de ligação muito forte, tenho lembranças muito boas do Lysias lá no Dom Lara, a família dele também sempre foi política, a senhora dele, os filhos. Agora recentemente na campanha do Marco Antônio ele também foi um baluarte na campanha, um grande companheiro, estávamos sempre militando juntos. Há poucos dias encontrei com o Lysias no supermercado, ficamos juntos, ele num carrinho e eu no outro fazendo umas compras, lembramos desses tempos de política, dessas amizades que construímos tão bem, que naquela época era tão sério, bonito, verdadeiro, amoroso. E a gente fica triste de perder o Lysias tão novo, 56 anos, com uma vida toda pela frente. Ele era a pessoa que fazia o elo de ligação, era muito hábil, juntava as pessoas, não deixava ninguém com a cara feia ou brigado. Deixa grandes e boas recordações”.
José Moysés
“É meu irmão mais novo, aprendemos a lidar com ele quando criança, alegre, muito comunicativo. Foi crescendo e continuou esse homem comunicativo, amoroso, sem inimigos, que ajuda todo mundo, vai às passeatas, traz a sua mensagem. Muito generoso, se ele via uma pessoa com necessidade sofria junto, não é porque agora não está no nosso meio, mas é uma pessoa que falaria isso se estivesse aqui do meu lado. Uma criatura muito boa, especial, um irmão carinhoso, participativo, se tinha algum aniversário estava sempre lá, com a alegria dele. Só quero dizer que o legado dele soma com o legado de nosso pai, que viveu nessa cidade, passou necessidades e perseguições nessa cidade, mas venceu. Ele passou além disso, foi junto com o Cláudio, foram companheiros nesse legado que o papai nos deixou que é a escola e deixa uma família linda, que vai estar aí continuando a tarefa dele. Quero dizer para o nosso povo da cidade que um guerreiro tombou, mas a guerra não acabou. Vamos continuar essa guerra de trazer justiça, beleza para a nossa cidade. Ele era um homem que gostava de coisa bela, todas as casas dele eram lindas, amava a natureza”.
Wilma Leitão
“Estou há 47 anos na família. Por duas vezes o Lysias morou na nossa casa em São Paulo e em Brasília. Fui pastor esse tempo todo e o Lysias foi um amigo, essa é a palavra. Tenho nele um irmão, tenho aqui na família muitos irmãos, mas ele além de irmão era amigo. O Lysias, para mim, como uma pessoa que veio de fora para entrar na família, ele sempre me acolheu. É uma família grande e ele foi uma pessoa que sempre estava aberto. Sobre as qualidades dele, em primeiro lugar era muito trabalhador, empreendedor. Que homem, que rapaz empreendedor! E ao mesmo tempo, como já foi falado pela minha esposa Wilma, ele realmente buscava o belo a partir da natureza, essa conquista da Cachoeira Bom Será, uma conquista muito grande e que coroou a vida dele. Ele queria isso não para ele, mas para o povo. Conseguiu fazer alguns eventos lá, num ambiente muito agradável, saudável, uma beleza que Deus tem para nós. É uma perda muito grande, nem sei como nós vamos andar daqui pra frente sem o Lysias. A gente acompanhou, eu o vi respirando hoje de manhã ainda, alguns minutos antes dele entregar o seu espírito para Deus que o formou. E nós cremos que ele está descansando, foi muita luta, muito sofrimento, uma doença muito cruel, traiçoeira, mas que ele foi valoroso, corajoso, realmente vou sentir muita falta do meu irmão. Cremos em Deus, em primeiro lugar, para nos consolar, tem a família que se ama muito, que tem me acolhido, eu uma pessoa bem diferente da maioria, mas fui recebido e sei que alguém da família será levantado para preencher ou tentar fazer algumas das coisas que ele fazia na cidade. Queria dar um recado para o povo católico, que em nenhum momento quando ele estava agindo em favor das melhorias na praça, ele estava fazendo algo contra a igreja católica. Pelo contrário, espero que o povo da Catedral venha um dia a entender isso, que a cidade é muito mais do que só uma paróquia. Todos nós somos cidadãos, temos uma parte, não podemos de forma nenhuma falar que esse lugar é meu. Isso é uma parte muito importante da cidade e que pertence a todo o povo, foi essa a única razão por que ele se envolveu nisso. Com um bom espírito, respeitando a cada um, esse é o Lysias que nós conhecemos”.
Rudi Kruger
“O que nós três podemos falar do nosso pai, é que ele foi nosso ídolo. Nos ensinou aquilo que ele tinha de melhor, o que sabia fazer de melhor, que era amar. Ele era amor, era amor incondicional com qualquer pessoa. Ele amava os amigos, não soubemos de nenhum inimigo, não teve durante toda a sua trajetória. Ele foi para gente um dos maiores exemplos”.
Felipe, Camila e Tássio Leitão
“Pra mim é muito difícil, porque ele era um tio muito amoroso, especial, torcia muito por mim, sempre estava do meu lado. O Lysias era aquele tio coruja, que em todos momentos tinha uma palavra de carinho. Me viu nascer, fui o primeiro sobrinho dele. Foi um tio maravilhoso, que sempre estava com os braços abertos, carinhoso, a gente dividiu também o trabalho na instituição e ele sempre me respeitou muito. Ele é 10 anos mais velho do que eu, um tio que vi toda a trajetória de vida dele, casar, ter filhos, netos, vi as batalhas dele, os desafios. E nesse momento ensinou muito, porque enfrentar uma doença dessa não é fácil e ele enfrentou com a cabeça erguida. Acho que a gente não estava preparado primeiro por conta disso, porque ele fazia a gente acreditar que ia vencer mais uma vez. É um dia de muita dor pra gente da família, era uma pessoa muito especial, um tio que agregava, era o cozinheiro da família, o poeta. Ficamos entretecidos, mas agradecemos também o carinho de todas
as pessoas, temos recebidos o abraço e o carinho das pessoas”.
Pedro Leitão
LYSIAS: HOMEM DAS FORMAS NOS DEIXOU
Ildecir A.Lessa
Advogado
Lysias Leitão, sintetizou sua vida nas formas de decorações que fazia, além do domínio pleno da culinária. Sua visão de mundo, sua vida, ele deixava claro. Sempre sentia orgulho e, uma convicção clara de que dedicou ao máximo nas suas realizações, procurando ser solidário aos amigos, à família, mantendo coerência político-ideológica, em um mundo conturbado por contradições diversas. De bem com a vida, dizia ele: “a vida é mais importante para se viver”. Lysias costumava dizer que, sempre teve apreço pela decoração rústica. De uma casa velha, ele reinventava outra, com curvas retas, tornando um ambiente transformador. Procurava inspirar nas dádivas da natureza, capazes de dar beleza e leveza aos leitos das águas, como descobriu na Cachoeira Bom Será. Morreu nessa segunda feira, cercado da família, lutando bravamente contra séria enfermidade, até os últimos momentos de lucidez, horas antes de falecer. A simplicidade foi a marca de sua vida. Gostava mesmo era de estar rodeado pela família, amigos, com seu especial jeito de receber a todos. Sempre desafiava a imaginação, com suas formas de decoração, transformando de imediato o ambiente, com uma visão de espaço decorativo que impressionava a todos. Caratinguense, Lysias obrou na luta pela educação. Foi educador e professor. Foi militante político, nas fileiras do chamado MR 8, onde era chamado pela turma participante, pelo codinome de “Yuri”. Escreveu poemas publicados, inspiradores. Dedicou-se também, ao design de móveis rústicos e decorativos. Lysias sempre justificou suas posições e, se orgulhou de se manter fiel às suas convicções. Estava ultimamente envolvido, na defesa do patrimônio cultural de Caratinga, à frente do Compac, manifestando na imprensa suas impressões. Teve na sua vida, apreço pela leitura da Bíblia, herança de seus pais. Foi revigorado na fé, nos seus últimos dias. Lysias sempre teve ao seu lado, uma esposa dedicada, Vaninha, que o assistiu até os derradeiros momentos. Filhos maravilhosos, Camila, Felipe, Tássio e netos, enfim, uma família completa, e mais os irmãos e irmãs da tradicional família Leitão. Quando perguntado sobre algum assunto, sempre tinha uma resposta: “Vamos fazer dessa forma que vai dar certo”. Esse foi o homem das formas que nos deixou.
NOTA DE PESAR
O COMPAC- Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Caratinga e o Departamento Municipal de Patrimônio Cultural manifestam o sentimento de saudades e gratidão ao presidente Lysias Azevedo Leitão, pela sua amizade aos conselheiros, dedicação e seriedade que conduziu a presidência desde Conselho. Sabíamos da sua vontade de viver e de seus projetos para a conservação da História e Memória de Caratinga, por meio do Patrimônio Cultural. Sua passagem por esta presidência será inesquecível, pois, trouxe mudanças consideráveis em cumprimento à legislação e às atribuições do Conselho.
Fica nossa homenagem com poema de sua autoria, onde ganhou o I Prêmio do Concurso de Poesia “Cidade das Palmeiras” – 2010.
BAÚ
Nos baús esquecidos
encontramos passados.
Nos baús passados
encontramos história.
Nos passados e presentes
encontramos baús
esquecidos.
Passados de nossa história.
Nos passados vividos
encontramos história.
História vivemos,
esquecidas em nosso tesouro.
Guardados em nossos baús
tesouro, história e sonhos.
Sonhos vividos, passados.
Histórias vividas em nossos baús.
Lysias Azevedo Leitão (in memoriam)