Notícia repercutiu nacionalmente, após o próprio cantor lamentar o ocorrido em suas redes sociais. Homem morava com o filho na Avenida Dário Grossi
CARATINGA- Severino Batista repercutiu nacionalmente desde a quarta-feira (18) nos principais noticiários. O homem de 73 anos, que faleceu em Caratinga, ficou conhecido pela amizade com o cantor Zeca Pagodinho. Em suas redes sociais, o sambista lamentou a morte de Cobra Coral, como era conhecido: “Fiquei sabendo que meu amigo Severino, o Cobra Coral do Posto 5, partiu para ‘o outro lado’. Que Deus lhe receba com alegria e calma! Vai com Deus, meu amigo, companheiro de tantas noitadas! Valeu!”.
O que poucas pessoas sabiam em Caratinga, era que o amigo de Zeca Pagodinho estava morando na cidade há alguns meses, com o filho único, Anauê Severino Batista, 37 anos. Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO, ele contou sobre a história de amizade entre o pai e o artista, como foram os dias de convivência com Severino e a repercussão do falecimento dele.
Conforme Anauê, Zeca e Cobra Coral se conheceram no quiosque frequentado pelo sambista, em frente ao seu apartamento na Barra, Zona Oeste do Rio. “Meu pai trabalhava na praia, na Barra, como ambulante, tinha barraca no posto 5 e ele frequentava muito o quiosque do Lelê, o apartamento do Zeca é em frente. Fizeram amizade, sempre à noite meu estava lá bebendo, farreando , o Zeca achou graça nisso e os dois ficaram muito amigos mesmo, criaram vínculo”.
Inclusive, o quiosque mencionado, lugar que selou essa amizade também emitiu nota lamentando o ocorrido com os seguintes dizeres: ‘Quiosque do Lelê vem por meio desta demonstrar o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento do amigo Cobra Coral. Dai-lhe Senhor o descanso eterno. E que a luz perpétua o ilumine. Descanse em paz’.
Anauê relata que o pai gostava de morar no Rio, vivendo de maneira independente e ativa, vindo a Caratinga somente a passeio. No entanto, devido a problemas de saúde, precisou morar com o filho em definitivo este ano. “Meu pai sempre viveu lá vida toda. Ele teve um AVC no ano passado. No início do ano ele teve uma queda lá, disseram que foi um outro AVC, mas não sei ao certo; piorou. Trouxemos ele para cá”.
Severino Batista sentia falta do Rio e desejava se recuperar logo para retornar à cidade carioca. “Ele sempre querendo melhor pra voltar ao Rio de Janeiro, estar com os amigos dele lá, o Zeca e muito outros; o Lelê dono do quiosque, que ajudava meu pai lá; o ‘Bigode’, tem muitas pessoas que ajudavam meu pai no Rio. Ele ficou com a gente aqui quatro meses e não foi fácil, foi uma barra pra ele, porque era uma pessoa divertida, gostava de estar sempre brincando, bebendo uma cerveja, que ele bebia muito, tomava uma pinguinha. E estava acamado, usando fralda, cadeira de rodas para se locomover. Até para comer direitinho tinha que dar comida na boca dele, ficar pedindo para mastigar, engolir direitinho. Ele foi se entristecendo, ficando aborrecido quando caiu a ficha que ele não ia mais voltar a ter a vida ativa, não sei se foi depressão, ele faleceu ontem (quarta-feira), dormindo”.
REPERCUSSÃO
A notícia da morte do amigo de Zeca Pagodinho repercutiu bastante. Nas redes sociais, muitos foram os comentários de amigos e conhecidos, lamentando a perda. “No Rio, com certeza, na Barra foi o assunto do dia lá entre eles. O dono da padaria que ele ia muito de manhã tomar o café, os quiosques, amigos da praia, pessoal da barraca, até freguês dele mesmo, moradores que conheciam. Ele teve barraca lá por muitos anos, por título de Cobra Coral”.
Anauê afirma que ficou surpreso com tamanha repercussão, tendo sido procurado por diversas pessoas. Ele também mostrou à reportagem uma fotografia antiga dos dois amigos, autografada por Zeca e que Cobra Coral fazia questão de carregar e mostrar com orgulho. “Eu não imaginava que ele fosse tão querido assim, que pessoas iriam comentar tanto, até pela amizade dele com o Zeca, fiquei espantado. Só foi avisar que muita pessoas que inclusive eu nem conheciam começaram a ligar e perguntar se ele havia falecido mesmo, dizendo que ele era muito querido e amigo do pessoal lá, que iria fazer uma falta pra caramba na barra e as noitadas não seriam mais as mesmas. Essa é a das fotografias, tem muitas outras fotos com ele e vídeos no YouTube”.
Zeca e Severino seguiram mantendo contato, ainda depois da mudança do amigo para Caratinga, como frisa Anauê. “O Zeca ligou pra cá umas duas vezes, por telefone já conversou com meu pai, comigo, mandava áudio pelo zap pra ele”.
Em Caratinga, a história é novidade e Anauê afirma que grande parte das pessoas não sabiam que ele é o filho de um dos grandes amigos do sambista de grande sucesso. “Meu pai não tinha muita amizade e vínculo aqui em Caratinga. Desde quando ele separou da minha mãe já muito anos, foi para o Rio e vinha aqui só a passeio mesmo. Os conhecimentos do meu pai eram os vizinhos mais próximos aqui mesmo”, finaliza.