CARATINGA- Moradores do Residencial Esperança IV, construído com recursos do Programa Casa Verde e Amarela, procuraram o DIÁRIO DE CARATINGA para reclamar da falta de transporte escolar. O ônibus que fazia o trajeto com as crianças até a escola está parado no local com atividades suspensas.
Adriana Mendes Pereira, que tem duas filhas estudando em uma escola da Rua Coronel Antônio Saturnino, destaca a dificuldade enfrentada pelas famílias. “Estamos tendo que descer todos os dias. Se a gente não quer que nossos filhos percam aula, temos que ir a pé com as crianças. No meu caso tenho uma pequena de quatro anos, que estuda de manhã no horário integral. Tenho que descer com ela de manhã, na hora do almoço levar a mais velha e a tarde, 16h30, descer para buscar elas. As mães estão tendo que fazer revezamento, uma leva, a outra busca, fazer turminha de crianças, porque não tem um ônibus descente para as crianças irem para a escola”.
Segundo Adriana, os moradores foram surpreendidos com a interrupção do transporte. “Moro aqui tem um mês, quando eu me mudei o transporte estava funcionando. Mas, o próprio motorista alegou que foi parado o ônibus por falta de pagamento e estamos aqui nós todos nesse sofrimento por causa de incompetência da prefeitura, que não está parando. Se tivesse pagando, não teria parado o funcionamento do ônibus”.
Eles já tentaram uma providência junto à Secretaria de Estado de Educação, mas, não obtiveram resposta. “O dia que nós estivemos eles falaram que não estavam cientes da situação, como a gente estava levando as crianças para a escola e elas não estavam recebendo falta, estava como o motorista estava trabalhando normalmente e que eles iam tomar as providências, mas, até agora nada. Continuamos descendo e subindo o morro, duas três vezes por dia. Minha menina caçula que vai de manhã, tenho que acordar ela 5, 5h30, sendo que podia ter um ônibus puxando aqui para a menina levantar 6h e sair daqui às 6h30”.
O Residencial IV abriga 280 famílias. Adriana afirma que o ônibus que levava as crianças não tinha monitor e levava mais crianças que sua capacidade. “Eles estavam sendo transportados num ônibus que tinha que fazer o trajeto aqui e a Portelinha. O ônibus daqui puxava para quatro escolas, a Rua da Cadeia, Sinfrônio Fernandes, Ludgero Alves e Branca de Neve. Estava indo superlotado os ônibus, correndo risco de criança machucar, eles podiam dar uma olhada nisso pra nós, que os filhos da gente não são bicho não. A gente quer pelo menos um pouquinho de dignidade para as crianças da gente. Não tinha monitor, as mães estavam fazendo revezamento para levar as crianças para a escola. E mesmo assim contra a vontade do motorista, porque o ônibus terceirizado, não pode colocar mãe dentro”.
Diante da demora na regularização do transporte, as mães se preocupam e buscam alternativas para garantir o acesso das crianças às escolas. “Quem pode leva, quem não pode, pede a mãe de outro para buscar ou então a criança fica dentro de casa. Foi mandado nos grupos de WhatsApp da escola que amanhã e depois as crianças não podem faltar que tem uma avaliação do governo. Mas, não é toda criança que vai comparecer. Esperamos uma resposta rápida, que se a gente deixar a criança dentro de casa o Conselho Tutelar vem atrás, assistente social e perdemos nosso benefício que tanto precisamos, por causa de incompetência dos outros”.
Condições do ônibus
Miriele Ferreira chama atenção para as condições do ônibus que era utilizado para o transporte escolar. “O ônibus é muito antigo, muito velho mesmo. Não tem capacidade nenhuma de carregar criança, não tem cinto de segurança. Vive quebrado, já quebrou com as crianças e elas tivera que voltar a pé. Se eles tivessem de mandar um ônibus para cá, que seja melhor, pois, naquela situação ele não é preparado para carregar criança. Tinha que ser igual aqueles ônibus amarelinhos, que rodam lá embaixo, pra gente ter mais segurança de colocar os filhos da gente pra ir e voltar”.
Para Miriele, além da questão do retorno do motorista é preciso providenciar um outro veículo para atender a demanda das famílias do Residencial. “Na maioria das vezes esse ônibus não chega aqui na volta, porque quebra no meio do caminho. A Prefeitura já está ciente dessa situação, porque foram eles que contrataram o ônibus pra vir pra cá. Precisamos bastante de um ônibus aqui em cima, não tenho condições de pagar um carro particular para levar e trazer meu filho. A prefeitura tem os ônibus, porque vem do governo, então, se mandassem um novo para nós seria ótimo”.
A reportagem fez contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Caratinga, mas não obteve resposta até o final dessa edição.