Eliana Pires teve a perna esquerda amputada após uma colisão envolvendo a moto que ela estava e um caminhão
IMBÉ DE MINAS- Na edição do dia 2 de junho, o DIÁRIO DE CARATINGA trazia uma reportagem sobre um acidente que havia ocorrido no dia anterior, na AMG-900, trecho que liga Ubaporanga a Imbé de Minas. Duas pessoas ficaram feridas em uma colisão envolvendo uma moto e um caminhão, próximo ao sítio Águas Vivas.
A moto era pilotada por Eli da Silva Lucas e na garupa estava Eliana Aparecida da Silva Pires. Quando os bombeiros militares chegaram ao local, o piloto já tinha socorrido por terceiros e levado ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, em Caratinga. Já Eliana foi resgatada pelos bombeiros e encaminhada para a mesma unidade. Ela teve fratura exposta na perna direita.
Mais tarde, o que Eliana temia acabou se confirmando. Foi necessária a amputação da perna esquerda. De lá para cá, a rotina mudou completamente. Ela não pode mais trabalhar e conta com ajuda das filhas nos afazeres doméstico e outras atividades do dia a dia. A esperança é conseguir uma prótese, para melhorar sua locomoção, como explicou em entrevista ao DIÁRIO DE CARATINGA.
O ACIDENTE
A Reportagem esteve na manhã de ontem em Imbé de Minas. Uma escada é o obstáculo que separa a casa de Eliana à rua, por onde ela estava acostumada a caminhar com frequência. Ela recebeu a reportagem acompanhada da filha Angélica. A cadeira de rodas se tornou uma principal ferramenta de apoio para se locomover.
Para Eliana, relembrar o acidente ainda é muito difícil, mas, necessário para fazer um paralelo do sofrimento daquele dia e olhar para trás com um sentimento de superação. Ela se recorda que naquela quinta-feira estava indo para mais um dia de colheita em uma propriedade rural. A marmita já havia sido preparada cuidadosamente logo cedo, como de costume, para enfrentar o dia cansativo de trabalho.
A ida até a propriedade seria em uma motocicleta pilotada pelo namorado. O caminho parecia tranquilo, mas foi em uma curva que tudo mudou. “Avistamos o caminhão que vinha por cima de nós. Não sei quem estava na contramão. Meu namorado tentou desviar, porque se não tivesse desviado a gente tinha enfiado debaixo do caminhão. Ao desviar, o caminhão passou na minha perna e me jogou no chão”.
O socorro foi demorado. As circunstâncias do acidente chamaram atenção de curiosos e a cena chocou. Incrédula, Eliana buscou coragem e decidiu entender o que tanto impressionava as pessoas que estavam ao redor. Foi quando se deu conta de que uma de suas pernas estava muito ferida. “Fiquei consciente o tempo todo, mas teve gente que estava perto de mim que não aguentou ver o estado que eu estava e desmaiou. Quando olhei já imaginei que minha perna não tinha mais jeito, estava toda moída. Pensei só que Deus me desse força, porque perdi meu marido em um acidente da mesma forma, ele perdeu a perna também e iria morrer da mesma forma que ele. E se eu também fosse embora largava meus filhos sozinho. Então busquei forças para superar tudo”.
Encaminhada para o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, ela conta que permaneceu no local até às 17h, esperando vaga para ser transferida a um hospital de Belo Horizonte ou Ipatinga. “Era muita dor sem ter medicamento para nada. Escutei o enfermeiro falando: ‘Se não conseguir vaga para ela, ela vai ficar até o outro dia’. Pensei que se eu ficasse até o outro dia, iria morrer”.
Foram muitos contatos até conseguir uma vaga no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Neste ponto da entrevista, Eliana fez questão de agradecer a Wilson Bueno, chefe do Tratamento Fora do Domicílio (TFD) da Prefeitura de Imbé de Minas, que não poupou esforços. “Se não fosse ele, eu tinha morrido. Se ficasse no hospital sem ninguém para me ajudar, não estaria aqui hoje. Ele que ficou ligando e procurando vaga. Nem pagando não estava achando”.
Era o momento de encarar mais algumas horas até a chegada a BH, que ela afirma ter ocorrido às 22h30. “Coloquei no pensamento que quando me colocassem naquela ambulância, os anjos que iriam me guiar, porque não sabia se eu aguentaria chegar lá. Estava dando muita falta de ar e perdendo muito sangue. Fiquei uns dois meses internada. Sofri muito”.
Depois, Eliana precisou ser transferida para o hospital Galba Velloso, onde passou por outro procedimento cirúrgico. Neste momento, o desespero se fez presente devido a uma infecção do coto da amputação, mas ela mostrou outra vez a sua fé. “Achava que eu ia morrer, me deu uma dor de cabeça e febre, nada passava aquilo. Sentei na cama e pedi a Deus para me ajudar. Assim minha perna foi ‘vazando’. Os médicos chegaram na hora, constataram que isso é o que estava dando a febre e me levaram para drenagem. O médico falou que se não matasse essa bactéria que estava na minha perna, teria que cortar de novo. Chorei demais, pedindo muito a Deus para isso não acontecer. Depois o médico olhou e disse que não ia precisar. Era Deus no comando me ajudando”.
ESPERANÇA
Eliana precisou lutar para não ter uma depressão. A volta para a casa trouxe uma série de pensamentos e o medo do que lhe esperava nessa adaptação a uma nova realidade. “Já vim de lá tomando remédio. E no início fiquei muito triste, pois eu e meus filhos já vínhamos sofrendo da perda do acidente do meu marido que foi há pouco tempo e nunca pensaria que isso fosse acontecer comigo também. Mas, Deus vai me ajudando a seguir em frente”.
Além dos afazeres domésticos, a grande preocupação foi com o sustento da família, pois, Eliana não podia mais continuar trabalhando e mora com seus três filhos. Com muitas dificuldades, há quatro meses eles têm conseguido se manter financeiramente. “Esforço, tento lavar vasilha. Fazer alguma coisa, mas não é fácil, até adaptar. Agora estou começando a adaptar com a muleta também. Tem hora que tenho vontade de sair e não tem jeito. Olho para a rua, dá uma vontade de andar e não tem jeito. Fico mais dentro de casa. Com a morte do meu marido, uma das minhas filhas recebe pensão, assim estamos nos virando. Se não fosse isso não sei como seria. Pago uma cartela de remédio que é quase R$ 200 e mais os gastos da casa, fica complicado”.
A moradora de Imbé de Minas guarda consigo a esperança de conseguir o valor necessário para adquirir uma prótese que estaria em torno de R$ 50 mil. Para isso, está promovendo uma campanha nas redes sociais e pede a contribuição em qualquer valor, de quem se sensibilizar com sua história; “Se eu conseguir vai ser muito bom. Não posso andar, mas já dá uma qualidade de vida melhor. Pra Deus nada é impossível. Com Deus a gente consegue”.
A conta para depósito é da Caixa Econômica Federal, agência 106, operação 013. Conta 00179988-4 em nome de Eliana Aparecida da Silva Pires. Mais informações podem ser adquiridas pelos telefones (33) 98847-2586 (Eliana) e (33) 98756-5461.