Projeto já mapeou mais de 400 possíveis focos do Aedes aegypti em áreas críticas da cidade
CARATINGA- A Prefeitura Municipal de Caratinga, por meio da Superintendência de Vigilância em Saúde e do Departamento de Epidemiologia, apresentou os primeiros resultados do Techdengue, projeto inovador de monitoramento aéreo com drones para o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. A iniciativa já está em operação nas áreas com maior incidência de focos do mosquito no município e tem demonstrado avanços importantes na identificação e tratamento dos criadouros.
Durante coletiva de imprensa, o diretor do Departamento de Epidemiologia e Estatística, Brenner Carvalho, detalhou a atuação da nova tecnologia, os bairros atendidos e os impactos da ação. Segundo ele, mais de 40 mil imóveis foram visitados e tratados durante o primeiro ciclo de atividades. “Durante o LIRAa – Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti – foi constatado em Caratinga o índice de 2,6%, o que é considerado baixo, mas ainda requer vigilância constante”, afirmou.
Drones para mapear focos e agilizar estratégias
O Techdengue tem sido utilizado especialmente em bairros do estrato 2 do levantamento, que inclui Santa Cruz, Anápolis, Doutor Eduardo e a região da Portelinha. Nesses locais, o monitoramento aéreo identificou mais de 400 pontos de interesse, que representam potenciais focos do mosquito, como caixas d’água descobertas, piscinas, pneus e lixo acumulado. “Mesmo os pontos secos são preocupantes, pois com a chegada da chuva, tornam-se criadouros do vetor”, explicou Brenner.
A área inicialmente mapeada cobre 206 hectares, mas a expectativa, conforme pactuado com a Prefeitura, é atingir 1.025 hectares em toda a área urbana de Caratinga. Ainda neste mês, um novo sobrevoo será realizado para ampliar o diagnóstico e atuação.
Após o recebimento dos relatórios gerados pelos drones, as equipes montam rapidamente estratégias de enfrentamento. “Temos sete dias para agir sobre os focos detectados. Seja tratando com larvicida biológico, removendo os criadouros ou mantendo o imóvel sob monitoramento”, explicou o diretor. Em casos onde não é possível uma solução imediata, como caixas sem tampas, os locais são tratados e acompanhados até a implantação de medidas permanentes, como telas protetoras.
Entre os principais criadouros detectados, 30% eram resíduos que poderiam ser removidos pelos próprios moradores, como lixo e recipientes expostos com água parada. “A colaboração da população é essencial. Reforçamos a importância dos ‘10 minutos por semana’ para verificar o quintal e eliminar focos”, destacou Brenner.
Outro ponto de preocupação levantado durante a coletiva foi o risco de circulação da dengue tipo 3, sorotipo ausente em Minas Gerais há mais de 17 anos. A possível reintrodução pode representar um risco elevado devido à baixa imunidade da população.
Brenner Carvalho fez questão de destacar o papel dos agentes de endemias, que têm desempenhado um trabalho de excelência. “Os baixos índices de infestação refletem a atuação eficiente dos nossos agentes. Os agentes são técnicos preparados, que além de combater o mosquito, orientam a população sobre a prevenção. Esses níveis baixos representam esse trabalho bem feito, esse trabalho assertivo por eles. Uma vez que 75% ou 80% dos focos do Aedes aegypti estão nas residências.”, afirmou.
A população é também orientada a procurar as unidades de saúde ao primeiro sinal de sintomas de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “A notificação imediata nos permite agir rapidamente, com bloqueios mecânicos e até com o uso do fumacê, quando necessário”, completou.