Michelle Batalha Rodrigues
Estamos deparando recentemente e porque não recorrentemente aos debates de temas ambientais, sobretudo, o temor da falta d’água, falta de chuva, aumento das queimadas e da poluição.
Será que estamos mesmo no planeta terra? Será que estamos próximo do fim do mundo? Será que nos esquecemos de cuidar do nosso planeta? Ou pior, desperdiçamos mesmo.
Não é justo a falta de água, falta investimentos, pago meus impostos, tenho os meus direitos. Será que não mereço respeito? Mas quando plantei uma árvore e/ou deixei de jogar lixo na rua ou nas estradas. Quando e quanto contribui para com a preservação da natureza?
Essas são apenas umas das perguntas que devemos nos fazer antes de questionarmos as “faltas” de algo e para alguns de tudo.
É muito simples tentarmos justificarmos a falta d’água pela escassez de chuvas, esquecemos que se falta chuva é porque o clima está passando por mudanças drásticas, sobretudo, em virtude do crescimento populacional desordenado. Hoje se desmata para ganhar dinheiro, e depois gastamos dinheiro para comprar um litro d’água (para os que podem comprar).
Parece controverso que o planeta terra, que é constituído por dois terços de água, não possa abastecer sua população que já ultrapassou os 7 bilhões de indivíduos. Teoricamente, ela não deveria faltar. O problema que quase toda esta água encontra-se distribuída sob a forma de gelo ou água salgada, o que impede seu consumo imediato pelo homem. E para piorar, sua distribuição pela superfície do planeta é desigual.
Para evitar a crise hídrica, serão necessários grandes investimentos em produção, tratamento, fornecimento de águas e tratamento de esgotos. Também teremos de evitar principalmente o desperdício, interromper os processos poluidores e criar novas maneiras de captação, controle e distribuição.
A vida, como nós a conhecemos, não existe sem água. Todos os organismos contêm água, que aparece como o constituinte químico mais abundante na célula, participando diretamente dos principais processos vitais. É só lembrar que na fotossíntese, processo básico da vida, o gás carbônico e a água são usados para a síntese de glicose, o principal alimento energético da célula.
O crescimento desordenado das cidades gera dois graves problemas: poluição e consumo. A poluição é determinada pelo lançamento e acúmulo, nas águas, de esgotos domésticos e despejos industriais. Uma vez poluída, a água não pode ser consumida, afetando a saúde humana, bem como as outras formas de vida. É evidente que a poluição hídrica é intensificada com o aumento da pobreza. Sabemos que em regiões pobres, normalmente situadas na periferia das grandes cidades, os esgotos sanitários e o lixo doméstico, sem qualquer tratamento, são diretamente lançados em águas. Estudos feitos mostram que, desde o começo do século, o consumo d’água aumenta numa proporção de duas vezes o crescimento populacional.
A previsão é de que, nos próximos 50 anos, o consumo de água deverá superar a quantidade disponível para o uso.
O grande problema, além dos já apontados, é que nos lugares onde há grande disponibilidade de água, há uma “cultura de desperdício” onde se prega, erroneamente, que a água é um bem que nunca faltará.
Felizmente, essa cultura vem sendo combatida e, aos poucos, a população do mundo todo têm se conscientizado da importância de economizar e encontrar meios de reutilizar a água de maneira mais racional.
Mas há ainda como prevenir a crise da água, pois existem inúmeras medidas que, se forem tomadas, reduzirão em muito o consumo de água; entre as principais podemos citar:
- economizar água evitando o desperdício;
- saneamento básico, ou seja, tratamento dos esgotos domésticos;
- tratamento dos poluentes líquidos industriais para que possam ser reutilizados;
- projetos de irrigação evitando o consumo exagerado;
- proteção dos mananciais das regiões de nascentes dos rios.
Ressalta-se que é no diálogo com a legislação ambiental que mais se destacam os desafios de quem pretende salvaguardar os preciosos recursos hídricos brasileiros.
Enfim, a falta de água é tão evidente que ela passou a ser considerada o ouro do século XXI. Então vale o ditado, quem tem uma mina tem um tesouro, e neste caso o ouro da vez é “água”.
Michelle Batalha Rodrigues, advogada e professora universitária dos cursos de Administração, Educação Física e Segurança do Trânsito da UNEC – Centro Universitário de Caratinga, especialista em Criminologia pela Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas.