Militar reformado mata advogado no centro de Ipatinga
Crime pode ter sido motivado por disputa de guarda de um neto e bens
IPATINGA – Um homicídio foi registrado na manhã desta quarta-feira (15) no centro de Ipatinga. Um policial militar reformado matou o advogado Anderson Clayton Nunes Ferreira, 38 anos. A vítima era ex-genro do autor. A verdadeira motivação para o assassinato do advogado pode estar relacionada a uma disputa pela guarda de uma criança de nove anos, filho do advogado com a mulher, de quem havia se separado havia pouco mais de dois anos.
A reportagem do Diário do Aço apurou que realmente Anderson tinha se separado da esposa, filha de um policial militar da reserva (aposentado). Desde então, a separação tinha virado um litígio.
Ex-marido e ex-mulher não se entendiam a respeito da divisão de bens e sobre a guarda do filho. Depois da separação, a ex-esposa e o filho foram morar com o avô, na cidade de Joinville, Santa Catarina.
Na pendenga jurídica, o ex-sogro, Joel Pereira dos Reis, de 66 anos, já tinha ameaçado de morte o advogado Anderson Clayton Nunes Ferreira.
Conforme consta no processo, o advogado pleiteou que, após a decisão do juiz titular da causa na Vara de Família em Ipatinga, medida protetiva com limite mínimo de distância e proibição do contato do pai da ex-mulher, tendo em vista que o homem era ex-policial, tinha licença de porte e posse de arma de fogo e já tinha ameaçado Anderson no curso do processo de separação. Joel trabalhou, antes de se aposentar, como policial militar em Belo Oriente.
Na época, o avô afirmou ao advogado que, se não ficasse com a criança pela Justiça, iria conseguir outras formas de conseguir isso. Na manhã desta quarta-feira, o litígio teve esse desfecho trágico, conforme noticiado mais cedo.
Versão contestada
Outra informação surgida depois que o policial da reserva foi preso, confessou o crime e alegou que matou o advogado porque o ex-genro batia na filha, é que inexiste qualquer registro de ocorrência policial que relate a violência doméstica. “Se ocorreu, nunca foi feito qualquer registro policial desses fatos”, ressalta uma pessoa que acompanha o caso na Justiça.
Entretanto, a reportagem apurou que no dia 27 de janeiro de 2020, às 21h30, Joel Pereira acionou a Polícia Militar a comparecer à sua então residência, em Belo Oriente, onde relatou que a filha o procurou pedindo suporte para sair da casa em que vivia com o marido, alegando que era agredida por ele e tinha telefone celular e suas mídias sociais monitoradas pelo marido.
Com o apoio da família, a mulher ingressou com o pedido de separação judicial, foi na residência do casal, no bairro Parque Caravelas e, enquanto o marido estava fora, removeu seus pertences e foi embora. Ao descobrir esse fato, do qual alega que não foi informado, Anderson Clayton procurou a residência do então sogro, em Belo Oriente, querendo ver a mulher e o filho. O sogro não deixou. Por causa disso, houve um desentendimento entre eles e foi nesse momento que o advogado descobriu que a família se mudaria para Joinville, Santa Catarina. O desentendimento acabou em ocorrência policial. Na época, as partes foram orientadas a procurar os meios legais para a solução do conflito familiar.
Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil acompanha a apuração do homicídio
Em nota, a Subseção da OAB em Ipatinga lamenta “profundamente a morte do advogado Anderson Clayton Nunes Ferreira, OAB/MG 180.428”.
“Informamos que a vice-presidente e delegada de prerrogativas da subseção, Andrea Lamarca de Oliveira, acompanha o início das investigações para apurar se a motivação do crime está ligada ao exercício profissional do advogado.
A 72ª Subseção da OAB/MG encaminha as condolências institucionais e se solidariza com a família e os amigos enlutados”, conclui a nota.
Fonte: Diário do Aço