Dispara a venda de caixas d’água. Por outro lado, produtos comercializados no Ceasa podem sofrer alterações nos preços para os próximos meses
CARATINGA – Com o intenso período de estiagem enfrentado pelo município é possível perceber algumas mudanças no mercado. Além da falta d’água impactar diretamente nos produtos, também se estende a algumas mudanças de hábito da população.
Com o anúncio da alteração no abastecimento de água de Caratinga, a cena mais vista pelas ruas era de inúmeras caixas d’água sendo entregues nas residências. Além disso, garrafões de água mineral também pareciam se multiplicar. A maioria dos caratinguenses quis ter uma “reserva” para suprir a demanda no dia de racionamento. Embora tenha chovido nesta quinta-feira (22), conforme os institutos de
meteorologia, as previsões para o mês de novembro não são otimistas e o forte calor registrado nos últimos dias deverá se repetir.
O DIÁRIO DE CARATINGA conversou o proprietário de um estabelecimento, Valdir Vieira, que confirmou a grande procura. Ele, que vendia de 10 a 15 caixas d’água por mês, está vendendo a mesma quantidade por dia. “Ontem mesmo vendi mais de 20 caixas d’água. Apesar da procura intensa, não teve aumento de valor. Acredito que vai continuar essa tendência. Já vou ter que fazer outro pedido, minha carga de segunda-feira já está no fim”.
Thales Henrique, que trabalha em uma loja de material de construção, afirma que o crescimento das vendas também é perceptível, principalmente das caixas d’água de mil litros. “Aumentou bastante. Desse tempo de seca, cresceu uns 50%. Estamos vendendo umas 40 caixas/mês. Frente a essa grande demanda, estamos preparados e com o estoque reforçado”.
PRODUTOS DO CEASA
A Reportagem também esteve no Ceasa e conversou com o gerente, Alexandre Vagner. Segundo ele, apesar da seca, os produtores conseguiram manter a colheita ao longo deste mês e, consequentemente, a oferta de produtos na Ceasa. “Alguns produtos tiveram reajuste por conta da produção da época, que é normal aumentar os preços mesmo. Alguns preços que poderiam estar mais caros, até mesmo pelo fato do comércio varejista não estar vendendo muito bem, mas não refletiu na tabela de preços aqui.”.
Mas, devido ao período de escassez, a fiscalização foi mais intensiva nas propriedades rurais. A medida visa garantir o abastecimento humano prioritário em período de seca, sendo necessário suspender as irrigações. Isso pode levar a mudanças consideráveis nos próximos meses. “Com certeza, pode vir ainda a refletir até o final do ano, pois muitos produtores que deveriam ter plantado esse mês e mês passado para colher em dezembro, não plantaram com medo de não ter água para irrigar e alguns produtos que estavam em período de crescimento, se irrigou menos. A expectativa é que em final de novembro, início de dezembro, os preços estejam mais elevados aqui na Ceasa”, alerta.
Com o quadro enfrentado no município, desfavorável para a produção de tomate, era esperado que o carro chefe de produção do interposto de Caratinga disparasse no preço. De acordo com o banco de dados do Ceasa, o mês de maio foi o que registrou maior oferta do produto. A menor se deu no mês de agosto.
Contrariando a tendência, o produto seguiu dentro da normalidade, como avalia Alexandre. Por exemplo, foram registados 88.220 kg do produto em setembro, valor maior que o de agosto, que foi de 84.634 kg. “A expectativa era que essa semana, semana que vem, tivesse uma alta excessiva. Não teve, até retraiu o preço e mais entrada de mercadoria aqui. Os produtores estão conseguindo manter a oferta, não faltou mercadoria, variedades, quem veio comprou”.
Como as consequências são esperadas em longo prazo, é melhor o consumidor preparar o bolso. Como já adiantado por Alexandre, alguns produtos terão os preços alterados. “A expectativa é que alguns produtos como tomate, principalmente inhame, aumentem muito de preço. Tem muita gente com muda parada na estufa esperando chuva para poder irrigar e plantar”.