No começo era Esplanada, depois Minas Esporte Clube, e Clube Atlético Vale Ouro. Em 1968 voltou a ser Esplanada, carinhosamente chamado pelos torcedores de “Verdão da Grota”. Dono de uma torcida fanática e fiel, o alviverde que carrega o nome do bairro no nome, tem uma das histórias mais gloriosas do futebol amador de toda região. Os dois títulos regionais conquistados são os grandes orgulhos de todos os esplanadenses. Porém, a grande marca de sua história, está nos craques que foram formados no Estádio do Carmo, o “caldeirão da Grota”.
Desde os primeiros anos de sua existência, o Esplanada se notabilizou por formar grandes times. Não é exagero afirmar que o clube “nasceu grande”. Porém, o primeiro grande momento de seus 50 anos de história, aconteceu 09 anos após sua criação. No Campeonato de 1977, o alviverde chega à decisão do certame para encarar a Associação Sportiva de Bom Jesus do Galho. Depois de uma derrota em Bom Jesus, o Verdão precisa vencer o jogo da volta no Estádio do Carmo completamente lotado. Numa partida nervosa, acirrada, que teve 18 minutos de acréscimos dados pelo arbitro Djair Marcelino, os donos da casa não conseguiram bater a ASBJ que segurou o empate em 1 a 1 até o final. O Lobo fez a festa no estádio da Grota e frustrou a torcida alviverde. O fato curioso na época, o árbitro do jogo não só morava no bairro Esplanada, como é irmão de Carlinhos Marcelino, um dos maiores craques da história esplanadense. O time vice-campeão: Arcendino, Gimirim, Wilsinho, Geraldinho, Cleber Barriga, Adolfo, Nélio, Carlinho (Mário), Geradinho do Bidico, Chiquinho e Barreira.
1982: A primeira a gente nunca esquece
A década de 80 provavelmente foi a mais charmosa de nosso futebol. Nunca se viu um número tão grande de craques num único certame. Uma competição com um nível técnico inigualável. O Esplanada montou um ótimo time comandado pelo técnico Mineiro. Porém, Caratinga e América mais uma vez eram apontados como favoritos. Conversando recentemente com Carlinhos Marcelino e Getúlio Dias, dois dos heróis daquela conquista, segundo eles, o segredo daquele time estava na dedicação aliada à qualidade técnica. Eu era apenas um menino de 08 anos de idade, mas, lembro perfeitamente dos jogadores quase todos os dias passando em frente à minha casa na rua da Piedade para ir treinar. Na grande final, o Verdão tinha pela frente o “todo poderoso” Caratinga. Uma equipe recheada de craques de todos os cantos além de reunir os mais badalados da cidade. Ninguém tinha dúvidas que o Rubro Negro era o grande favorito ao título de 1982. Entretanto, quando a bola rolou na Grota no primeiro jogo da decisão, os “meninos da Dona Mundica” não tomaram conhecimento do favoritismo caratinguense. Foi um atropelamento de 4 a 1, com direito a dois gols de falta do zagueiro Getúlio, Robson Cirilo e Sula. Atordoado, restava ao Caratinga acreditar que no jogo da volta no estádio Dr. Maninho poderia devolver o placar com sobras e conquistar o título (na época o campeonato tinha saldo de gols). Porém, não foi bem assim, diante de um estádio abarrotado. Não cabia mais ninguém nas arquibancadas do Campo Caratinga, o Verdão saiu na frente. Depois de grande jogada de linha de fundo de Carlinhos Marcelino, o craque camisa 08 tocou para trás encontrando o habilidoso Miltinho que bateu com categoria para vencer o goleiro Artur. O título ficou mais perto. O Caratinga ainda descontou. Mas, não teve forças para virar em cima do timaço do Verdão. Com uma goleada de 4 a 1 e um empate em 1 a 1, o Esplanada conquistou seu primeiro título. Exatamente diante do grande favorito e time que mais vezes venceu o certame.
Campeões: Amarildo, Wilsinho, Betão, Getúlio, Eustáquio, Samuel, Quincas, Mangelinha, João Bosco, Carlinhos, Perrola, Robson, Sula e Miltinho, Castilho, Grimaldo. Técnico, Mineiro.
O Esplanada contava com o imprescindível apoio de Miguel Grossi que era visto como presidente de honra do clube. Na festa do título, a rua da Piedade ficou completamente tomada pela já enorme torcida alviverde.
1994:Paramos na semi
Mesmo tendo sido criado no bairro Esplanada, minha formação na base foi toda no Esporte Clube Caratinga. Porém, em 1993, convidado pelo jovem técnico José Márcio, vesti pela primeira vez a camisa do Verdão no campeonato de juniores. Um timaço campeão invicto. No ano seguinte, a base dessa equipe subiu para se juntar a jogadores experientes e ídolos do clube para a disputa do Campeonato da Cidade. Depois de uma bela campanha, o time foi eliminado na semifinal diante do Sevale de Vargem Alegre (empate na Grota em 1 a 1 e derrota por 2 a 1 na volta). Ainda assim guardo na lembrança o timaço de 94: Rogério, Lindolfo, Angolinha, Lourenço, Cristiano, Fernando Bocão, Ismael, Miltinho, Beto, Lambari, Tom, Juquinha e Merica. Técnico Jorge do Juca Miséria.
2002: Hora do Bi
O futebol regional ficou sem seu principal campeonato por quase uma década. A competição voltou a ser promovida somente em 2002, depois do esforço de três desportistas: Zé Camelô (Bairro das Graças), Fernando Magalhães (Flamengo da Rua da Cadeia), Jovino Lopes (Dom Modesto). Apoiados pelo então presidente da Liga Caratinguense Jorge Mendes Magalhães, estiveram no Grupo Sistec em busca do apoio da imprensa para que o certame voltasse a ser disputado. Imediatamente, Eurico Gade chamou em sua sala, Jota Baranda, Élio do Carmo, Juarez Salles e eu (Rogério Silva). Naquele ano, pelo tempo que a competição ficou sem acontecer, as dificuldades para convencer os poucos times em atividades foram enormes. Entretanto, oito times foram para a disputa. Ao final Esplanada e Bairro das Graças chegaram a grande decisão. O Verdão tinha um elenco recheado: Dover, Alan, Marquinhos, Fernando Bocão, Teteu, Graziano, William, Madjô, Damiano, Marquinhos Gasolina, Amarildo, Nica, Renato Paraguaia, Netinho, Toninho Caratinga, Daniel, Adilsinho, Professor Júnior. Robson Cirilo comandava a equipe. No primeiro encontro no Estádio do Carmo o placar não saiu do zero. Mas, no jogo da volta, esse time bateu o Bairro das Graças por 2 a 1 e conquistou o bicampeonato. Uma equipe que mesclava experiência com juventude, e contava com a força vinda da torcida sempre apaixonada.
Símbolo do Verdão
Ao longo de seus 50 anos, foram muitos os craques que vestiram a gloriosa camisa alviverde. Jogadores que mesmo tendo brilhado em outros times, fazem questão de deixar claro como é diferente jogar pelo time da Grota. Fora das quatro linhas, alguns personagens também deixaram seus nomes marcados na história. Sem dúvida “Dona Mundica” é a torcedora símbolo desse meio século. Apaixonada pelo Esplanada, não perdia uma única partida, estava sempre lá apoiando seus “meninos” e não dando moleza para os adversários e, principalmente, o árbitro.
Em 2018, o Esplanada disputou duas competições, o Regional da Inhapim e o Super Regional de Caratinga. O desejo de conquistar um título num ano tão emblemático era enorme. Mesmo realizando grandes campanhas, os títulos não vieram. Porém, nada que diminua o tamanho e a importância do Esplanada na história do futebol regional. Pelo excelente trabalho desenvolvido pela diretoria, sem dúvida a volta das conquistas é uma questão de tempo e alguns detalhes. Parabéns a todos que fazem a grandeza desse clube, do mais humilde torcedor, passando pelos apoiadores, quem cuida do campo, lava os uniformes e prepara a resenha. Parabéns a todos os diretores. Parabéns Verdão da Grota!
Rogério Silva