Médica que trabalhou na Aeronáutica tentou socorrer vítimas de queda de avião

Ana Paula Bernardes estava em sua propriedade, vizinha ao local da queda
 
DA REDAÇÃO- A cirurgiã- geral Ana Paula Bernardes, que tem experiência com cirurgia de trauma e já foi militar da Força Aérea, viu o momento em que ocorreu a queda da aeronave que transportava Marília Mendonça e outras quatro pessoas em Caratinga.
Foi diretamente de sua propriedade, que fica bem próxima ao local, que ela foi uma das primeiras pessoas a avistar a aeronave ainda no ar. Ela e o marido, que também é médico, tentaram socorrer as vítimas, no entanto, todos os passageiros já estavam em óbito.
Ana Paula conversou com a reportagem e relatou que no momento do acidente, estava com o filho caçula na piscina, quando avistou a aeronave. “Vi um avião voando muito baixo, um barulho estranho. De repente deu um giro em torno do seu próprio eixo. Pensei na hora: Gente, que piloto maluco fazendo uma manobra assim.. tão baixo.. Logo em seguida, deu mais um giro, mas dessa vez, um dos motores do avião caiu e voou longe. Na hora tive a certeza de que o avião estava em pane. O barulho aumentou e em questão de segundos o avião caiu na vertical. Muito rápido. Um barulho estrondoso, parecia até que tinha explodido”.
A médica entrou em desespero e imediatamente procurou descobrir o que tinha acontecido. “Sai correndo da piscina, já comunicando o que acabava de presenciar. Subi desesperada pois meu marido estava no curral que fica ao lado da cacheoira e tive receio de que pudesse ter caído onde ele estava. Peguei meus filhos no colo, os dois são pequenos, estavam muito assustados, e quando subi, percebi que o avião tinha caído na cachoeira. Meu marido foi o primeiro que chegou ao local da queda. Ele estava cerca de 30 metros de onde o avião caiu e rapidamente subiu para o local”.
A triste coincidência da expectativa da chegada da cantora e de sua equipe à cidade, tendo em vista o show que ocorreria mais tarde e as mesmas características da aeronave que havia caído com a postagem feita por Marília antes de embarcar começaram a levantar suspeitas de que se tratava da mesma equipe. Isso acabou se confirmando logo para Ana Paula e o esposo. “Assim que o avião caiu, meu marido recebeu contato do aeroporto de Ubaporanga, questionando se seria um King Air e qual a numeração da aeronave. Imediatamente ele teve a confirmação de que seria o avião da Marília Mendonça. Foi tudo muito rápido. Poucos minutos depois, um funcionário nosso conseguiu escalar pela cachoeira e chegar até o avião. Coisa que não deveria ter feito, muito perigoso se acidentar junto. Ele gritou meu marido, que estava do outro lado do rio, dizendo que o copiloto parecia estar vivo.
Em seguida, Ana Paula conseguiu fazer contato com o marido, que logo pediu ajuda, na tentativa de prestarem algum atendimento médico às possíveis vítimas. “ Meu marido então desceu e me pediu ajuda. Subi pelo pelo pasto, descalça, de biquini, do jeito que estava. Porém, pelo lado que subimos, era necessário atravessar a cachoeira para chegar até o local do acidente. Inviável, muito arriscado e imprudente.”
O casal decidiu retornar para a fazenda e subir de carro pelo outro lado do rio. Nesse intervalo, muitas pessoas já começaram a chegar ao local à medida que as informações se espalhavam pelas redes sociais, da queda de uma aeronave “Vesti uma roupa correndo e quando estávamos saindo da fazenda, nos deparamos com o caminhão de resgate dos bombeiros. Informamos que estava mais fácil acessar o local do acidente pela casa do vizinho que faz divisa com nosso terreno, e subimos juntos até lá”.
O acesso estava difícil, e, infelizmente, as autoridades constataram, algumas horas depois, que ninguém havia sobrevivido. Ainda assim, o casal permaneceu no local prestando total assistência. “Chegamos no local com os bombeiros, e juntamente conosco, várias viaturas polícias e o SAMU. Estava um cheiro muito forte de combustível, havia risco de explosão e risco do avião deslocar. Como regra em qualquer resgate, antes de aproximar-se de uma vítima para prestar-lhe socorro, o socorrista deve cuidar primeiro de sua própria segurança, bem como de todos aqueles que estão com ele. O acesso estava difícil, terreno íngreme, escorregadio. Os bombeiros tiveram dificuldade para acessar o interior na aeronave. Não podia usar nada que provocasse faísca para abrir a porta do avião. Alem disso, precisaram amarrar o avião para assegurar que ele não descesse cachoeira abaixo. Ficamos esperando, com o intuito de ajudar no atendimento às vítimas, caso fosse necessário. Quando o médico socorrista do SAMU entrou no avião, e constatou que todos haviam morrido, nem consegui acreditar. Que tristeza. Ficamos até o final do resgate e ajudamos a içar os corpos com o cabo de aço que temos em nosso jipe.”
Ana Paula finaliza reafirmando que ela e o esposo foram impulsionados pelo desejo de ajudar e lamentam o triste desfecho. “Subimos na esperança de que encontrar pessoas vivas. Tentamos de fato ajudar, mas, infelizmente, todos já estavam em óbito.”
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