CARATINGA- O Ministério da Saúde notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme prevê o Regulamento Sanitário Internacional, na última sexta-feira (6), sobre 12 casos e óbitos suspeitos de febre amarela, em seis municípios de Minas Gerais. Também está sendo investigada a possibilidade de que estes casos possam estar associados a outras doenças que apresentam febre hemorrágica, como dengue, leptospirose, hepatite viral, entre outras.
A pasta foi notificada pelo estado de Minas Gerais na última quinta-feira (7). A investigação está sendo conduzida, em conjunto, pelo Ministério da Saúde, estado de Minas Gerais e municípios envolvidos. O Ministério disponibilizou técnicos para acompanhar e auxiliar o estado e municípios nesta investigação.
O laboratório de referência estadual (Fundação Ezequiel Dias) está realizando testes para diagnóstico de febres hemorrágicas para identificar a doença. Todos os municípios (Ladainha, Malacacheta, Frei Gaspar, Caratinga, Piedade de Caratinga e Imbé de Minas) fazem parte da área de recomendação para vacinação, assim como todo o estado de Minas Gerais.
O Regulamento Sanitário Internacional prevê que eventos de importância para saúde pública sejam comunicados à OMS, como agora, no aglomerado de casos suspeitos e óbitos suspeitos de febre amarela no estado de Minas Gerais.
MAIS UMA MORTE SUSPEITA
Faleceu na manhã de ontem, no Pronto Atendimento Microrregional (PAM) de Caratinga, mais uma pessoa com suspeita de febre amarela silvestre: João Alexandre de Oliveira, 51 anos.
De acordo com o irmão de João, Gilson César de Oliveira, os sintomas se intensificaram na manhã do último (8). “Perdeu o movimento das pernas, falta de ar, confusão mental. Levei para o Casu (Centro de Assistência à Saúde), que já entregou ele na mão de Deus. Foi rápido demais, não deu nem tempo de socorrer”. Segundo Gilson, João morava em uma área de mata, local propício para a Febre Amarela Silvestre. Ele era casado e deixa a esposa, uma filha de 14 anos e um filho de 24 anos.
No laudo, as causas da morte apontam: insuficiência respiratória aguda, insuficiência renal aguda, insuficiência hepática grave e febre hemorrágica.
16 CASOS PROVÁVEIS DE FEBRE AMARELA SILVESTRE
Na manhã de ontem, a Superintendência de Saúde de Coronel Fabriciano convocou os representantes dos PSFs, Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, Casa de Saúde, PAM e Centro de Assistência à Saúde (CASU) para uma reunião com objetivo de explicar protocolos de atendimento em caso de suspeita de febre amarela silvestre. Participaram ainda o superintendente regional de Saúde, Wagner Barbalho; a coordenadora do Departamento de Epidemiologia e Estatística, Renata Campos Moreira Marino e Flávia Cruzeiro, médica e representante da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais.
Em coletiva à imprensa, o secretário de Saúde, Giovanni Corrêa explicou que, até a tarde de ontem, eram 51 casos notificados na microrregião por suspeita de febre amarela silvestre, dos quais 19 ocorreram no município de Caratinga; além de sete óbitos, sendo três em Imbé de Minas, dois em Ubaporanga e dois em Piedade de Caratinga.
32 amostras já foram encaminhadas para Belo Horizonte e analisadas, sendo que 16 deram diagnóstico positivo para febre amarela silvestre. Os outros 16 casos foram descartados. “São considerados prováveis, pois o Ministério da Saúde só considera 100% após os testes de contraprova confirmatórios”, explica Dr. Giovanni.
Ainda de acordo com informações da Secretaria de Saúde, os pacientes estão distribuídos no PAM, Casa de Saúde e hospital. Alguns, em casos mais leves, já receberam alta e estão em casa.
Municípios em alerta
Durante coletiva de imprensa ocorrida na tarde de ontem, na Cidade Administrativa, Rodrigo Said, da Subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde, confirmou que dentre os municípios em alerta estão Caratinga, Entre Folhas, Imbé de Minas, Inhapim, Piedade de Caratinga, Ubaporanga e São Domingos das Dores.
A DOENÇA
No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus, e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata.
Esta doença acomete com maior frequência o sexo masculino e a faixa etária acima dos 15 anos, em função da maior exposição profissional, relacionada à penetração em zonas silvestres da área endêmica de FAS. Outro grupo de risco são pessoas não vacinadas que residem próximas aos ambientes silvestres, onde circula o vírus, além de turistas e migrantes que adentram estes ambientes sem estar devidamente imunizados. A maior frequência da doença ocorre nos meses de dezembro a maio, período com maior índice pluviométrico, quando a densidade vetorial é elevada, coincidindo com a época de maior atividade agrícola.
Distribuição de casos e óbitos suspeitos e prováveis de febre amarela, na área sob investigação, Minas Gerais, 2017
- Paciente com critério de caso suspeito segundo Guia de Vigilância em Saúde e com exame laboratorial preliminar reagente, aguardando conclusão da investigação e contraprova laboratorial
- Registro de morte ou aparecimento de animais (primatas não humanos) doentes
Além dos municípios com casos prováveis, outros municípios da região estão em alerta, considerando o registro de casos suspeitos ou proximidade com a área de ocorrência dos casos. Dentre esses municípios destacam-se Malacacheta e São Sebastião do Anta, totalizando 15 municípios como área prioritária.