CARATINGA – No dia 18, a Loja Maçônica Caratinga promoveu mais uma reunião fechada, mas, rara: a chamada Loja de Mesa, ou de Banquete. Todos os ritos das três Obediências reconhecidas no Brasil preveem a reunião, uma vez por ano (por ocasião do solstício de inverno, em 21 de junho ou em data mais aproximada). No entanto, essas reuniões são raras e nem todas as lojas têm interesse em organizá-las – sua preparação exige tempo, local mais amplo e, principalmente, disposição, conforme acentua o maçom Gerson Pires Luz, que tomou a iniciativa. A reunião do dia 18 foi a segunda em quatro anos e de acordo com Gerson, talvez, nunca a Caratinga Livre a tenha promovido em seus mais de cem anos de atuação.
Praticamente, todos os oficiais da Caratinga Livre trabalharam para que os trabalhos se desenvolvessem da melhor forma. O venerável Amauri Lopes e o mestre de banquete e o mestre de cerimônias Atair Xavier tiveram papel destacado desde o primeiro momento.
Cerca de setenta maçons de várias cidades da região atenderam ao convite e participaram da reunião “que cumpriu seus objetivos”, segundo Gerson.
O salão de festas recebeu preparação especial, que incluiu a disposição da mesa de banquete em forma de ferradura, com colocação diferente de dirigentes maçons em trabalho ritualístico. Na cabeceira, que corresponde ao Ocidente em lojas comuns, o venerável ocupa o centro da mesa central, enquanto os vigilantes ficam na outra extremidade, ou Ocidente. Também o orador, o secretário, chanceler e outros oficiais também têm assentos diferenciados. Os outros maçons se assentam ao redor da ferradura, de um lado e do outro.
O ritual prevê cinco saudações, ou salvas, ordenadas pelo venerável mestre e seguidas pelos vigilantes aos maçons que ocupavam suas cadeiras, de um lado e do outro, ao redor da ferradura. Os convivas foram separados entre os que preferiram vinho e os que quiseram apenas suco de uva. No decorrer dos trabalhos foram servidos salgadinhos e um prato principal, sempre acompanhando as cinco saudações. Bebidas e comidas recebem nomes especiais, como Armas ou Canhões para os copos Barricas para as garrafas. Os garfos são Picaretas, enquanto Espada ou Alfanjes designam as facas. Os pratos são as Telhas. O vinho ou licor são Pólvora forte, mas quem preferir água vão tomar a Pólvora fraca.
Além de cumprir um dispositivo ritualístico, a Loja de Banquete serviu de “momento de confraternização” entre os maçons.
Se depender da direção da Caratinga Livre, as Lojas de Mesa vão se repetir anualmente, sempre na mesma ocasião.
A Loja de Mesa e o solstício
Antigo costume maçônico, A Loja de Mesa deve ser instalada pelo menos uma vez por ano, de preferência no Solstício de Inverno, no hemisfério Sul ou no de Verão, no hemisfério Norte.
Os solstícios ocorrem quando o Sol atinge sua posição mais afastada do equador terrestre. No hemisfério Sul, quando o Sol atinge sua posição mais boreal (setentrional, norte). Algumas lojas realizam o evento exatamente no dia 24 de junho, aproveitando o solstício em si e homenageando o padroeiro de muitos ritos maçônicos, São João Batista.