* Eleonora Carvalho Assis Gamarano
Atualmente como ouço as pessoas falarem de como é difícil educar. O que é melhor dar uma palmada ou impor um castigo? A geração atual de pais não sabe como agir, se devem punir ou se devem deixar as crianças exercitarem suas próprias emoções, limites e potencialidades.
Dizer não é um desafio que está além das forças de muitos pais, principalmente porque a rotina de trabalho desses pais exige que estes passem tanto tempo longe dos filhos que isso gera insegurança. No passado os pais acreditavam que os filhos lhe deviam obediência cega, justificada pela crença que impondo uma linha de pensamento rígida estavam fazendo o bem da criança. Os jovens pais da geração que está agora educando não acreditam mais nisso, aprenderam que pelo velho modelo, os adultos corriam risco de serem injustos com a criança.
Acontece que por isso muitos pais se tornaram modernos em excesso e não sabem dizer não, prejudicando os filhos, ora sendo muito permissivos, ora presenteando exageradamente para compensar as suas ausências. A liberdade excessiva gera nos filhos a crença de que tudo é permitido. Pais que não impõem limites nos momentos apropriados estão roubando de seus filhos a capacidade de entrar em contato com algumas emoções que lhe serão cobradas mais tarde pela sociedade, como a frustração, a disputa, a raiva, que fazem parte do aprendizado tanto quanto o amor, a ternura e o carinho. Todos somos frustrados em algumas situações sociais, se as crianças não tiverem a oportunidade de aprender isso no seio da família, com seus pais, a exercitarem suas emoções, as dificuldades de se relacionar socialmente se tornam maiores.
É responsabilidade dos pais encontrar o momento e a forma adequada de dizer não. Bater ou impor castigos físicos é, evidentemente um comportamento absurdo e inaceitável aos dias de hoje. Temos que entender que é errado permitir que uma criança faça escândalo no meio da rua por desejar algo que não pode ser adquirido naquele momento, da mesma forma os adolescentes precisam ter horário para chegar em casa e saber respeitar os familiares. Quem diz sim o tempo todo pode criar para os jovens e adolescentes uma situação fantasiosa e perigosa distante da vida real, colocando-os em dificuldade para enfrentar um mundo que cobra eficiência, respeito e disciplina.
Na sociedade atual é importante que os pais estimulem os filhos a fazer coisas novas, mas antes é necessário ter certeza de que o filho é capaz de respeitar limites, é preciso ser claro e em algumas situações até intransigentes quanto às regras e condutas a ser seguidas.
Como tudo na vida impor limites é também uma questão de bom senso. Castigos não tem utilidade nenhum se no vínculo entre pais e filhos não houver diálogo, compreensão, amor e carinho. Quando se diz não, é necessário claramente explicar o porquê. Se isso não for feito, o não pode ser entendido como arbitrariedade ou vingança e isso não terá nenhuma utilidade para aprendizagem.
Muitas vezes um comportamento agressivo, um choro ou uma bagunça exagerada é apenas um pedido de socorro, pois a criança não sabe lidar com alguns sentimentos, nessas situações em que é necessário o limite se os pais sedem as crianças ficam sem parâmetro para a vida.
Para muitas crianças e adolescentes, liberdade é sinônimo de abandono, sentem-se como se os pais não se preocupassem com elas, nem para ajudá-los nos problemas, nem para corrigi-las nos erros. Não basta apenas definir os limites é preciso observar como estes administram sua própria autonomia.
Necessariamente pais e filhos precisam ter um relacionamento de respeito mútuo, que será desenvolvido através da coerência entre os conselhos dos pais e seus comportamentos, não podem ensinar uma coisa e fazer outra muito diferente. É preciso também haver afinidade entre as orientações dadas pelo pai e pela mãe. A única certeza é que a negligência é um erro, ninguém se educa sozinho, mas tão errado quanto negligenciar os filhos é achar que eles devem seguir exatamente as fórmulas idealizadas pelos pais.
Não existe receita infalível para educação, essa é uma experiência que vem sendo aperfeiçoada desde o início da sociedade civilizada. Como pais, buscamos fazer o melhor e não fazemos com intenção de errar, a única fórmula segura é fazer tudo com muita dedicação, amor, carinho e sem dúvida com limites.
* Eleonora Carvalho Assis Gamarano é psicóloga atua como psicóloga clínica, como psicóloga perita examinadora do trânsito, e como professora de psicologia do Centro Universitário de Caratinga- UNEC. Graduada em Psicologia pela Universidade FUMEC, especialista em Psicopedagogia preventiva pela PUC MG, Pós-graduada em Administração em Recursos Humanos pela UNEC-MG. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade pela UNEC-MG.