- Por Rafael Gripp, Cientista Político pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)
A liberdade de expressão é o alicerce sobre o qual se constrói a democracia. Em um mundo cada vez mais conectado, onde a comunicação ocorre em tempo real e as redes sociais dão voz aos cidadãos, essa liberdade assume um papel ainda mais crucial. Os recentes acontecimentos envolvendo a censura ideológica, a postura das Big Techs e a reação popular a medidas arbitrárias demonstram que o poder da comunicação eficaz pode ser um agente de transformação política.
A Comunicação Eficaz e a Ciência dos Discursos
Ao longo da história, discursos bem elaborados mudaram o rumo de nações e guerras. Um exemplo emblemático é Winston Churchill, cuja habilidade oratória foi crucial para a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Churchill entendeu que palavras são armas poderosas e que a forma como são ditas pode inspirar, unir e mobilizar uma nação.
No livro Churchill e a Ciência por Trás dos Discursos, de Ricardo Sondermann, publicado pela editora LVM, o autor analisa como Churchill estruturava suas mensagens, sempre com clareza, emoção e foco no impacto. Sondermann destaca:
“Churchill sabia que um discurso não deve apenas informar, mas também inspirar e mobilizar. Ele utilizava elementos emocionais, raciocínio lógico e uma compreensão profunda de seu público para criar falas que transcendiam palavras e se tornavam atos de liderança.”
Essa ciência dos discursos é mais do que histórica; é prática. A mesma lógica pode ser aplicada a situações contemporâneas, como o caso recente do deputado federal Nikolas Ferreira e o debate sobre a tentativa de monitoramento de transações via Pix.
O Caso do Pix: Comunicação Verdadeira contra a Censura Narrativa
Nikolas Ferreira, em um vídeo que ultrapassou 280 milhões de visualizações, demonstrou como a comunicação eficaz pode quebrar bolhas ideológicas e unir cidadãos em torno de uma causa. O vídeo expôs, de forma clara e objetiva, os efeitos de uma normativa da Receita Federal que previa a fiscalização de transações acima de R$ 5 mil por mês, com possíveis implicações no imposto de renda. Embora a taxação não fosse diretamente sobre o Pix, as medidas poderiam levar contribuintes à malha fina, resultando em tributação indireta e multas.
O impacto foi tão estrondoso que o governo federal, pressionado pela opinião pública, recuou. A força desse discurso está em sua verdade inquestionável, algo que as mídias tradicionais tentaram descredibilizar, acusando-o de disseminar fake news. No entanto, quando a mensagem é baseada em fatos e exposta com clareza, não há narrativa censória capaz de silenciá-la.
A ciência por trás do discurso de Nikolas Ferreira reflete o mesmo princípio aplicado por Churchill: clareza, apelo emocional e direcionamento estratégico. Ao comunicar uma mensagem verdadeira, com impacto direto no cotidiano das pessoas, ele conseguiu mobilizar milhões e alcançar um resultado concreto: a revogação de uma medida prejudicial.
Big Techs, Liberdade de Expressão e o Fim da Censura Ideológica
O caso do Pix também evidencia um novo contexto nas redes sociais. Sob a liderança de Mark Zuckerberg, a Meta (controladora de Facebook e Instagram) tem revisado sua política de moderação de conteúdos, abandonando a censura ideológica que predominou nos últimos anos. Em vez de remover publicações, as plataformas agora emitem notas explicativas ou alertas, permitindo que os usuários tenham maior autonomia para formar suas opiniões.
Essa abordagem contrasta com práticas anteriores, que muitas vezes silenciaram vozes contrárias à narrativa dominante, comprometendo o debate público. A mudança de postura das Big Techs, semelhante à do antigo Twitter (hoje X), resgata a pluralidade necessária para que a liberdade de expressão floresça em ambientes digitais.
O Brasileiro como Protagonista da Democracia
A comunicação eficaz e a liberdade de expressão se mostram como ferramentas indispensáveis para a luta contra arbitrariedades. Quando cidadãos se manifestam publicamente, como no caso do Pix, exercem pressão legítima sobre as autoridades e demonstram que o poder, em última análise, reside na coletividade.
Assim como Churchill mobilizou uma nação para enfrentar a tirania nazista, o brasileiro de hoje tem à sua disposição as redes sociais para resistir a desmandos e proteger seus direitos. A história nos ensina que discursos bem feitos, baseados em verdades inabaláveis, podem transformar realidades e vencer narrativas opressoras.
Defender a liberdade de expressão e a comunicação verdadeira é mais do que um direito; é um dever de todo cidadão comprometido com a democracia. E, como bem ensina o legado de Churchill, palavras têm o poder de mudar o curso da história.